terça-feira, 30 de abril de 2013

PARA ONDE CAMINHAM AS JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE?




Depois de mais uma edição das Jornadas Literárias de Fafe, que resultaram num estrondoso sucesso, muitas são as palavras que se podem dizer e muitos são os argumentos que se podem acrescentar. No entanto, e apesar de tudo o que aconteceu, é preciso refletir no que não correu bem, tomar atenção a pormenores importantes e vislumbrar o muito que é preciso concretizar para que, aos poucos, se edifique em Fafe uma fundamentada e lúcida construção cultural.

Quando estamos num projeto sensato e compreendido por um concelho inteiro, e que mexe com a alma e a existência de milhares de pessoas, não é fácil olhar todos os lados que o definem. Milhares e milhares de pessoas a lutar e a acreditar por uma iniciativa que lhes diz muito é, sem sombra de dúvida, uma mais-valia, mas também pode ser um problema sério. No meu caso concreto, e com certeza acontece o mesmo com muitos outros amigos que trabalharam comigo para o sucesso destas 4ªs Jornadas literárias, as canseiras foram muitas e as lágrimas também não se fizeram rogadas! Os meses de preparação, as milhares de horas e noites em claro para projetar, percorrer espaços, falar com pessoas, ouvir, resolver mal entendidos, convencer descrentes e explicar e voltar a explicar não são possíveis de contabilizar. O que valeu é que muito amadorismo, vontade e amor a Fafe fizeram com que gente de bem não olhasse a meios para conseguir concretizar as Jornadas. Como Coordenador ficarei eternamente grato a todos os que abraçaram tão importante projeto: Município, Freguesias, Instituições, Escolas, Associações e pessoas em particular.

O projeto das Jornadas Literárias, e para aqueles que não imaginam a sua grandeza, reescreve-se em centenas de iniciativas variadas e assentes em diversas formas culturais, e que nunca pararão de crescer, porque as gentes de Fafe assim o determinam. Desta forma, e tendo em conta a dimensão a que se chegou, as Jornadas não podem ser coordenadas e trabalhadas em horas fora de expediente. Se das 7 às 20 horas se é professor, das 21 horas às 3 horas da madrugada não há tempo suficiente para se ir mais longe. E, mais a mais, há outros afazeres que também moram na nossa existência e que não se podem omitir dos nossos dias. Assim sendo, outros horizontes têm de ser escritos.

Eu sei que quando se corre por gosto também cansa, mas algo tem de ser feito para que o rio continue a crescer e se transforme num oceano de cultura. Nunca podemos esquecer as palavras que uma linda mulher dos seus 70 anos me disse, domingo à tarde, e que agora partilho com os leitores:

- «Sr. Professor, pró ano é que vai ser. A minha prima já cá tem umas ideias que nem lhe conto…»

Como eu fiquei contente quando ouvi aquelas palavras carregadas de certezas!

Como eu fiquei triste por não saber se poderei ajudar a concretizar as ideias da prima daquela linda mulher dos seus 70 anos!…

 Os meus sonhos são muitos. O meu querer é imenso. A minha vontade de continuar a trabalhar por Fafe não tem limites. Mas… o meu tempo é pouco, os meus afazeres são incontáveis, as minhas noites de insónia não podem continuar a ser o que têm sido e as minhas forças estão no seu limite.

Como bom crente que sou, acredito nos bons desígnios de Deus e na boa vontade daqueles homens que têm poderes para mudar as coisas.

Quanto ao resto, os fios que são necessários para continuar a tecer a toalha de linho cultural com que as terras de Fafe se podem cobrir, recolham-nos na franqueza do povo, na esperança das nossas crianças, na garra das nossas associações e no querer que brota das nossas nascentes.

            (Um sincero obrigado a todos os que me ajudaram a construir as 4ªs Jornadas Literárias de Fafe. O meu peito jamais vos esquecerá…)


Carlos Afonso



quinta-feira, 25 de abril de 2013

O FUTURO DE FAFE TAMBÉM PASSA POR «FAFE DOS BRASILEIROS»



 

 
           Vários são os motivos que me levam a agradecer a Deus a razão do meu continuar no mundo dos vivos. Um desses motivos foi o de me ter permitido continuar a usufruir da minha existência em pleno, depois de, há alguns anos atrás, ter sido vítima por um inconveniente AVC. Na verdade, a minha vida mudou para melhor e passei a olhar, com mais clareza, outros horizontes.

            Às vezes, são as pedras que se nos deparam pela frente que nos levam a escolher outros caminhos. E ainda bem que assim é!

            Foi a partir desta oportunidade que me foi dada que as Jornadas Literárias de Fafe brotaram, construção cultural nascida em 2009, e que, dois anos mais tarde, conduzirá a uma outra grande aposta digna de registo e efeito.

            Se a ideia das Jornadas me foi oferecida numa sala de aula, na Escola Secundária, a ideia de fomentar a iniciativa «Fafe dos Brasileiros» veio à luz do dia, quando numa bela tarde, descendo a escadaria da Casa da Cultura, com o livro de Miguel Monteiro, com um título bem do tamanho de dois continentes e um oceano, debaixo do braço, me foi segredado ao ouvido para continuar o que tinha sido começado. Dali, fui tomar um café à Brasileira, onde, com ajuda de um papel em branco e uma caneta quase gasta, escrevinhei a intenção de colocar no programa das Jornadas Literárias uma nova visão. E foi desta forma que o passado começou a movimentar-se num presente com futuro. Uma minha participação na Rota da Desfolhada, em Várzea Cova, ajudou a definir o que faltava.

            Nos finais do Séc. XIX e princípios do Séc. XX, muitos fafenses fomentaram a demanda entre dois povos, Portugal e o Brasil, numa torna viagem com muitos sucessos. No Séc. XX, 1991, Miguel Monteiro, um homem visionário e com muito querer, colocou em livro histórias e rumos, dando-lhe o único título possível: «Fafe dos Brasileiros». Já no Séc. XXI, e porque tinha de ser assim, tive a sorte de poder dar início a uma outra perspetiva que poderá ir muito longe e imortalizar quem de direito e por necessidade. Comecei, assim, a partir de alicerces bem assentes em factos da história e na lucidez e mestria de Miguel Monteiro, a definir uma outra vertente de Fafe dos Brasileiros.

            Com a ajuda das escolas, freguesias e associações de todo o Concelho e Município, mais um grupo de amigos, tão enlevados pela cultura como eu, a onde branca assomou na praia e foi de ilha em continente e poderá, se os fafenses assim o quiserem, ir até ao fim do mundo. Foi o acreditar numa visão necessária por parte de todo um conjunto de pessoas com alma e crença que conduziu a que novas peças se interligassem ao projeto cultural que se estava a fomentar em Fafe, e que nunca mais tem parado de crescer.

E foi assim que «Fafe dos Brasileiros» se apegou às Jornadas Literárias.

            No ano de 2012, as Jornadas Literárias brilharam no campo cultural de Fafe, atingindo um patamar muito alto. E bem dentro de toda a sua abrangência e transversalidade, «Fafe dos Brasileiros» mostrou os seus princípios, e que foram muito bem entendidos e ovacionados.

O Rei Dom Carlos voltou a Fafe e com ele trouxe uma imensidade de Brasileiros Torna-Viagem. O sucesso do evento ultrapassou todas as expetativas e o que era uma simples confidência, segredada aos meus ouvidos na escadaria da Casa da Cultura, tornou-se numa clareza com forma e feitio.

            Neste ano de 2013, as Jornadas já se iniciaram, em grande, no dia 19 de abril, com muita gente, engenho, pompa e circunstância. O sucesso de todas as iniciativas que se têm vindo a desenvolver ao longo dos dias tem granjeado os aplausos de todo um povo que não se cansa de ver que tem valido a pena trabalhar em prol da cultura fafense. Na verdade, não há palavras para definir o afinco e a disponibilidade de todos os que têm dado o melhor de si para o êxito evidente das Jornadas Literárias de Fafe.

            A partir do dia 26 abril, sexta-feira, a partir das 18h, e ao longo do fim de semana (27 e 28) muitas vão ser os eventos que engrandecerão «Fafe dos Brasileiros»: recriações históricas, mostras etnográficas, Baile de Época, Jogos tradicionais, feiras de época, folclore, festa, muita música, grandes espetáculos, boa gastronomia, alegria, desfiles e muito…muito mais.

            Perante tamanha convicção e desejo de ir muito longe, «Fafe dos Brasileiros» será um excelente meio de promover a cultura. Será um ótimo recurso de difundir as terras de Fafe. Trará muita gente e riqueza a Fafe.
              Podemos então dizer que a cultura surgirá, e de acordo com os desejos de todo um povo, entrelaçada com o turismo e a economia. 
          Para concluir, podemos dizer, com a maior certeza que nos mora na existência, que: «O FUTURO DE FAFE TAMBÉM PASSA POR «FAFE DOS BRASILEIROS».

                                                                                                                      Carlos Afonso

sexta-feira, 5 de abril de 2013

AS VERDADEIRAS CORES DAS JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE


 

 

            Desde há uns anos para cá que em Fafe está a ser construído um projeto cultural, sempre em crescendo, com objetivos claros e dignos, cuja seiva que o vai alimentando advém do suor, sonhos, alma, tempo e coração de muitos fafenses.

            Ainda me lembro a hora e o local como tudo começou. Estávamos em outubro de 2009, numa aula de Literatura Portuguesa, altura em que questionei os meus alunos acerca do que iriamos fazer no Projeto Individual de Leitura, componente obrigatória da disciplina. Numa resposta visionária, uma aluna adiantou-me que podíamos estudar os escritores de Fafe e “(…) fazer algo como umas Jornadas Literárias, professor(…)”. Bendita a hora em que a minha aluna disse o que lhe nascera no entendimento, pois, e a partir daí, a nascente do rio começou a jorrar e nunca mais deixou de correr. Assim, e logo em março de 2010, a Escola Secundária de Fafe, o ventre materno das Jornadas, interligou-se com a Câmara Municipal e, em parceria, começaram a erguer tão importante construção: as Jornadas Literárias de Fafe.

            Se no início o rosto do evento, ainda a dar os primeiros passos, era apenas literário e muito ligado aos escritores fafenses, com os anos, outras metas se foram abrindo e outras vertentes culturais vieram à luz do dia. E tudo foi acontecendo e crescendo, porque mais agentes se associaram ao projeto, concretamente, Escolas, Município, Freguesias, Associações e Instituições. Isto é, todo o Concelho de Fafe, imbuído de um só peito e amor a Fafe, ergueram a sua vontade e têm trabalhado em prol das Jornadas Literárias.

            Quando olhamos para a bandeira que define as Jornadas Literárias podemos ler e sentir mensagens lindas, sugerindo toda uma unidade que nasce na diversidade das gentes que habitam as terras de Fafe. As suas reais cores, em forma de telhas, idênticas às que cobrem o casario de traça brasileira que enfeita as nossas ruas, mostram que a verdadeira cultura abarca o fio que ata a existência de todos os fafenses. Não debotem as cores com a perversidade dos pecados dos homens. As Jornadas Literárias abraçam e misturam todas as cores políticas, clubísticas, associativas, administrativas, bairristas, etc… derivando daí uma substância incolor e pura: AMOR A FAFE…

            Como Coordenador das Jornadas Literárias de Fafe, sinto correr nas suas veias um pouco do meu sangue que, conjuntamente com o sangue de toda uma multidão, dá vida a tão promissor e necessária construção cultural. As Jornadas são de todos nós e pronto… Por favor, não utilizem as Jornadas para fins para os quais não foram criadas. Não as utilizem como arma de arremesso, pois ao fazê-lo estão a destruir a sua essência e rosto. Não matem esta flor perfumada, que tanto acreditar e esperança tem oferecido aos fafenses de boa vontade…

            Eu sei, e seria muito ingénuo ou demasiado atrevido e até louco varrido se pensasse o contrário, que a cultura fafense se esgota nas Jornadas Literárias. Nem pensar. As Jornadas são apenas uma visão diferente que bebeu no muito que tem sido feito e continuará a ser feito por estas paragens. As Jornadas são como aquela avezinha que gosta de bebericar aqui e ali e depois construir o seu ninho com o que de bom existe em seu redor. As Jornadas são como uma árvore florida, que só consegue o seu encanto, porque o terreno em que cresceu é bom e nutrido e as estações do ano lhe foram e são favoráveis.  

            As Jornadas não são minhas nem são tuas, elas são de quem as agarrar e amar… As Jornadas são o que nós quisermos que elas sejam…

            As Jornadas não são o princípio de nada, mas são o tudo que nós quisermos ansiar! Elas cheiram a povo, paisagem, tradição, literatura, broa, sonhos, estrelas, caminhos, arte, trabalho, música, memória e muito mais…

            Neste ano de 2013, as 4ªs Jornadas Literárias de Fafe serão do tamanho do universo que desenha o nosso querer. Unamo-nos em seu torno e trabalhemos pela sua causa. Da minha parte, só lamento não ter mais tempo e forças para lhe dedicar…

            Para terminar, e antes que esgote todas as páginas que seria necessário escrever para gravar o que sinto, peço-vos um grito a uma só voz e coração «DE FAFE, COM FAFE, PARA TODOS…»

 

Carlos Afonso