domingo, 19 de agosto de 2012

De Viana do Castelo para Fafe, com amor e tradição






Como tem sido hábito, ao longo dos últimos anos, nas minhas necessárias férias de verão, Vila do Conde e o seu imenso Atlântico repleto de azul e outros tons frescos têm a sina de emergir do sítio encantado onde habitam e mostrarem-se aos meus olhos e à minha alma de uma forma acolhedora e espraiada. Muitos são os momentos agradáveis e, por vezes, inesperados que este período de descanso me proporciona. Muitos são os amigos que reencontro. Muita é a maresia que se me oferece todas as manhãs. Muitas são as gaivotas que me levam no seu voar. Muito é o vento desassossegado que nem sempre me aborrece e muitos são os espaços que aproveito para visitar. E é no meio de toda esta intensidade e dias cheios de cor e mar que as festas da Sr.ª da Agonia de Viana do Castelo me convidam com muito amor.

Na companhia da minha esposa Liana, do meu cunhado Lourenço, dos meus compadres Nanda e Pedro e dos amigos Antonieta e Zé Manuel, peguei na curiosidade e na vontade de presenciar o que é belo e genuíno, e fui assistir ao majestoso desfile etnográfico do dia 18 de Agosto, acontecimento enquadrado nas festividades, e que este ano tinha como tema a doçaria.

As ruas da Princesa do Lima estavam condignamente engalanadas. As pessoas estavam completamente integradas no verdadeiro espírito de Viana, evidência que se constatava nas suas roupas tradicionais. As camisas bordadas e os lenços típicos eram aos milhares. Os sorrisos carregados de orgulho e beleza eram incontáveis. A Igreja de Santa Luzia, bem lá no alto do monte, fazia-se notar por todo o lado, facto que decorava o casario e as praças com um tom de respeito e fé.

Como era de prever, o evento cultural foi um esplendor, onde a História de toda uma região se entrelaçava com o tipicismo, as memórias, a doçaria, a recriação, a música, os trajes, os bailaricos, os usos e as tradições ao longo dos tempos. Sem sombra de dúvida que o que os meus olhos presenciaram foi duma dimensão cultural que nos torna pequenos perante a vontade e a alma do povo de Viana.

Para além das muitas associações culturais e recreativas da cidade e de todas as freguesias do concelho participantes nesta mostra etnográfica, e que o fizeram com zelo e saber, tive o imenso prazer de ver desfilar o Grupo de Bombos de St. Estêvão de Regadas. Fiquei muito feliz com o facto, pois os nossos fafenses apresentaram-se com estrondo e muita beleza, ou não fossem eles de uma das aldeias mais ricas em tradição do concelho de Fafe.

Como eu gostava que um dia Fafe conseguisse organizar uma mostra idêntica à de Viana! Gente, desejo e tradições não faltam nas terras de Fafe, como já se pode vislumbrar nas recentes Jornadas Literárias de Fafe, e mais concretamente na mostra que decorreu no Fafe dos Brasileiros. Mas penso que ainda conseguimos fazer muito mais e, quem sabe, igualar Viana do Castelo.  Por mim, tudo farei para que isso aconteça. Por isso, espero que muitos outros fafenses se juntem a este meu sonho e façamos da nossa terra também um exemplo de cultura e tradição.

Foi, sem sombra de dúvida, uma tarde de sábado especial. De facto, Viana do Castelo é rica e única na sua forma de encarar as memórias e os usos. Mas, se Viana é amor, Fafe é também um amor de cidade.

                                                                       Carlos Afonso