domingo, 26 de fevereiro de 2012

O nosso povo tem alma, coração e cultura…




Os dias 25 e 26 de fevereiro de 2012 ficarão para a história cultural de Fafe como os dias de abertura, na vertente de FAFE DOS BRASILEIROS, das 3.ªs Jornadas Literárias de Fafe. Os dias em que centenas de pessoas se juntaram em redor das suas memórias, tradições, paisagens, gastronomia, alma, viagens, histórias e músicas e ergueram mais alto as verdadeiras cores da cultura que pintam as terras de Fafe. O povo de Aboim e de Estorãos tiveram o encargo de fazerem a abertura destas Jornadas Literárias, e fizeram-no de uma forma brilhante e grandiosa.
ABOIM - No dia 25, o salão da Junta de Aboim tornou-se pequeno para acolher todos os que quiseram assistir a uma festa tão genuína e pura. O sr. Novais, o presidente de Aboim, está de parabéns pelo evento que organizou, onde foi possível escutar as palavras sábias de Jesus Martinho que versou o tema do passado histórico e cultural de Aboim, assim como o Dr. Jorge Miranda que centrou a suas palavras em Daniel Gonçalves, o homem que construiu o Moinho de Vento.
Neste acontecimento cultural, e para além do povo da aldeia, estiveram presentes o Sr. Presidente da Câmara de Fafe, Dr. José Ribeiro, e o Sr. Vereador da Cultura, Dr. Pompeu Martins, vários presidentes de Junta e muitos outros responsáveis culturais e políticos do concelho. Num momento mais formal, O Sr. Novais agradeceu a todos os presentes e mostrou o seu total apoio às Jornadas Literárias de Fafe. Da boca do Sr. Presidente da Câmara também foi possível escutar palavras de regozijo em relação ao que está a acontecer em Fafe. Para ele, as Jornadas Literárias são o momento cultural maior de Fafe e de todo o concelho e mostrou o seu total apoio a esta iniciativa.
Para finalizar, foram servidos um Verde de Honra e umas cavacas. O Sr. Rodrigues e os seus companheiros das concertinas encerraram a festa com os seus cantares ao desafio.
ESTORÃOS – Se em Aboim, a cultura saiu à rua, em Estorãos a cultura espalhou-se aos quatro ventos. Numa grande iniciativa, toda ela planificada por uma grande mulher, a Fátima Caldeira, o salão paroquial foi pequeníssimo para tanta gente. Uma sentida exposição centrada no Dr. Neca das Leis, a personagem histórica escolhida para o evento, enfeitava um recanto do espaço, enquanto no palco, decorado a preceito, tudo era aliciente. Neste evento, e para além de muita gente da terra, alguns presidentes de Junta, vários convidados, estiveram presentes os organizadores das Jornadas Literárias, Etelvina Castro, Carlos Afonso, Paulo Teixeira e Fátima Caldeira, assim como o Sr. Vereador da Cultura, Dr. Pompeu Martins. Tanto a Sr.ª Presidente da Junta como o Sr. Vereador foram unânimes em elogiarem as Jornadas Literárias e em mostrarem o seu apoio a esta grande iniciativa que já é um sucesso, e só ainda está no seu início.
O grupo de cantares de Estorãos, seguindo uma bela história baseada na vida rural de outros tempos, onde foi possível ver vestida a rigor a sr.ª Presidente da Junta de Estorãos, Paula Cristina, cantou e encantou. Depois, a recriação do ciclo da lã foi vivida de uma forma sentida por todos. E porque não podia deixar de ser, o Sr. Neca das Leis também esteve presente, numa recriação perfeita, assim como dois dos seus filhos e uma neta, ainda vivos, que se quiseram associar à festa.
Para terminar, apenas umas breves considerações.
Estas 3.ªs Jornadas Literárias, que apenas estão no seu início, já são e continuarão a ser um sucesso, porque há todo um concelho a trabalhar para isso. A união e a partilha de saberes são o segredo do sucesso destas jornadas. Aqui não está só um homem, um só partido, uma só vontade. Há uma multidão de almas a puxar no mesmo sentido: são as escolas, onde tudo começou; é a autarquia, as juntas de freguesia, as associações, as paróquias, as instituições, o comércio, e muita… muita mais gente.
Nós não estamos aqui para melindrar ninguém e muito menos para ofender seja quem for. Nós apenas queremos defender uma ideia, relembrar memórias, reavivar FAFE DOS BRASILEIROS, eternizar culturas, salvar vivências, alimentar esperanças e continuar a pintar de verde o nosso Minho. Por isso, precisamos da ajuda de todos. Pois todos juntos seremos do tamanho do nosso querer. Eu sei que nem tudo vai ser perfeito e que algumas coisas não estarão no seu real lugar. Se isso acontecer, o que é que havemos de fazer? Desculpem…
Espero que os nossos órgãos de comunicação se esqueçam um pouco do que é banal, e de outras coisas que não acrescentam nada à felicidade dos homens, e voltem um pouco a sua atenção para o que está a acontecer em Fafe. É preciso que o país saiba que o povo de Fafe tem um grande sonho e um destino por cumprir.
E porque uma imagem vale mais que mil palavras, aqui ficam algumas fotos de Sara Martinho, as de Aboim, e outras minhas.
Carlos Afonso


































































terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Fafe, uma terra de cultura




O povo diz e com razão que o que é bom é sempre bem-vindo e deve ser fomentado, principalmente quando os propósitos que o movem vão de encontro ao interesse das pessoas e ao sentir verdadeiro das raízes que alimentam os futuros.
Se o que acabei de dizer é correto, é também importante que se diga que tudo se torna mais fácil quando em torno de uma ideia se agrupa um conjunto de vontades e sentires a rumar no mesmo sentido. Só assim se compreende a real força de um feixe de vimes que nenhum vento mais forte consegue quebrar.
Em 2010 tiveram lugar as 1ªs Jornadas Literárias, nascidas no âmbito das comemorações do dia mundial da poesia a 21 de março e que terminou numa frutífera parceria entre a Escola Secundária e a Câmara Municipal. O sucesso das mesmas, que tomaram como estandarte a frase «A força das palavras», não se fez esperar e, de imediato, um desejo natural começou logo a impulsionar o que viria a acontecer em março de 2011.
Nas 2.ªs Jornadas Literárias de Fafe, coligadas ao lema «Palavras com liberdade», a abrangência e a luz tornaram-se mais evidentes e todas as escolas do concelho se interligaram à iniciativa, e onde já foi possível visualizar a verdadeira força de algumas freguesias e associações culturais e recreativas. Mais uma vez foi bem visível a real beleza de uma força impulsionada pela união de muita e boa gente de todas as áreas da sociedade. Tudo se moveu em torno da cultura de um povo, nas suas múltiplas facetas, que habitava as terras de Fafe. O êxito foi evidente, e o querer ir mais além não se fez esperar. Havia que começar a pensar nas próximas jornadas.
O tempo foi passando, a terra foi sendo trabalhada e o horizonte ficou cada vez mais perto. Só que agora o patamar tornou-se mais ambicioso e os desafios mais aliciantes. Nada que fizesse encolher a vontade dos marinheiros que se atiraram de alma e coração para este imenso mar carregado de memórias, livros, sonhos, estrelas, montes, brasileiros, viagens, reis, morgados, comendadores e muito… muito mais…
Toda a confiança neste grande momento cultural tem um motivo contundente e muito válido. Desta vez, estão todas as escolas no projeto, mais de trinta freguesias, assim como muitas associações e outros tantos organismos. Se Deus quiser e os fafenses assim o entenderem tudo terá outro encanto
As 3.ªs Jornadas Literárias, coladas ao emblema «As palavras e o tempo», estão quase a começar. Dia 22 de Fevereiro, pelas 15h, decorrerá a apresentação de todo o evento à imprensa e à comunidade, no Salão Nobre do Teatro-Cinema, depois basta apenas seguir o programa que estará espalhado por todo o concelho ou através do página (http://www.jornadasliterariasdefafe.com/).
É por estas e por outras que podemos dizer com toda a razão que Fafe é uma terra de cultura.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O homem mais rico das terras de Fafe







Muitas vezes, os dias oferecem-nos instantes tão preciosos que até parece que encontramos o maior tesouro do mundo. Claro que o conceito de riqueza não é unânime para todos os homens. E só assim se entende que os sorrisos mais belos não discorrem do cintilar do ouro, mas sim de uma cor, de um gesto, de um olhar ou de uma palavra. Jamais um punhado de diamantes conseguirá abafar a fortuna incontável do Senhor que conheci em Fafe, um homem para quem o tempo não tinha horas precisas e o céu era do tamanho da sua vontade.
Aquele dia de Janeiro de 2011 acordara frio, apesar da meia dúzia de raios que sulcavam o horizonte. Um pouco enfriado, subi à cidade e atirei-me pelas ruas adentro. O que ia encontrando ao longo do meu percurso não me ia causando demasiada admiração, apesar de nunca olhar da mesma maneira para a mesma coisa ou a para mesma gente. Mas, a dada altura a emoção cresceu e fui obrigado a tirar as mãos dos bolsos. Do longe foram-me arremessadas algumas palavras. Curioso em saber quem me chamava, esforcei o passo no sentido preciso e, depois, estaquei.
Numa das esquinas do Clube Fafense, do lado do Café Arcada, um homem bem mais velho do que eu, de casaco apertado e com a cabeça protegida com um chapéu igualzinho ao do meu pai, repreendeu-me:
- Estava a ver que não me ouvia…
- Desculpe, … mas eu conheço-o? – Acrescentei meio admirado.
- Se calhar não, mas eu sei quem o senhor é. Reparei em si, aqui há uns dias, quando foi com uns amigos seus à minha aldeia, para falar com o Sr. Presidente da Junta.
Perante esta certeza toda, sempre lhe quis escutar mais alguns esclarecimentos:
- Mas quando foi isso?
- Foi na terça feira passada, lá por volta das nove horas da noite… eu acho que…
A partir daqui tudo se esclareceu. Na verdade, eu estivera na sua aldeia, pois eu tinha uma reunião com as Associações e o Presidente da Junta. Aliás, eu não ia sozinho. Os meus colegas Fátima Caldeira, Etelvina Castro e Paulo Teixeira partilhavam comigo essa incumbência. O que nós fomos fazer à terra deste nosso amigo está relacionado com o grande evento cultural Fafe dos Brasileiros que irá decorrer em Fafe, nos dias 16,17 e 18 de Março.
Antes de avançar esta pequena história repleta de riquezas e palavras plenas de saber, preciso de acrescentar uma certeza que me fascina. Tem sido maravilhoso trabalhar com aqueles três amigos, para quem o tempo não conta, apenas porque a cultura tem os minutos todos. Digo-vos, caros leitores, que não é qualquer um que, depois de um dia trabalho, pega na pasta e, sem que ninguém lhe pague para isso, vai de aldeia em aldeia, de casa em casa, de associação em associação a espalhar a ideia de que Fafe é grande e tem raízes culturais puras e arreigadas. Claro que o povo é sábio e tem reconhecido a nossa intenção. De certeza que março não vai trazer só sol, primavera e esperança…
Voltemos à história.
Como havia dito, depois de alguns esclarecimentos, o tal senhor convidou-me para tomar um café no Arcada, pois tinha algo muito importante para me dizer. Como ele já sabia o conteúdo da minha conversa com as tais pessoas da sua terra, e como alguém lhe dissera que eu tinha o hábito de calcorrear as ruas da cidade àquela hora, já há uns dias que me procurava. Depois de mais alguns acrescentos, anunciou-me que também queria participar nas recriações culturais que estávamos a prepara para o evento Fafe dos Brasileiros. Disse-me que ia vestir a roupagem dele mesmo: um homem do campo que gosta da natureza e de comer nozes no fim da tarde. Acrescentou, ainda, que traria a sua cadela Malhada e a sua flauta, para que Fafe soubesse que a música mais bela nasce de uma fonte qualquer.
Meus amigos, o senhor que eu encontrei junto ao Clube Fafense encheu-me de histórias, novidades e de um prazer que me satisfez. Falou da sua meninice, da sua reforma de duzentos e poucos euros, da sua horta no tempo do feijão verde, da altura em que conhecera a sua falecida esposa, da forma especial como assa as sardinhas, da tarde em que arremessara uma paulada a um desgraçado que lhe quisera roubar a carteira e muito mais. No fim da conversa, e só porque o meu telemóvel tocou, concluiu assim:
- Está ver… Eu posso dizer que sou o homem mais rico das terras de Fafe.
É evidente que eu concordei.
Carlos Afonso