tag:blogger.com,1999:blog-5090509576718188162024-03-20T23:26:33.244-07:00Carlos e históriasCarloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.comBlogger147125tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-8973059167111155432014-11-06T15:50:00.000-08:002014-11-06T15:57:11.979-08:00UMA HISTÓRIA PARA MIGUEL MONTEIRO (Passado mais um aniversário da sua morte, uma homenagem sincera a um ilustre fafense)<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUQIy4mU-dY3aYOVDpmPoJBUxWfoT6U5Ptx3qw6EPO5708hKliKopnW0JI2vk96kjU06wiqx_VeUbokZMo9U8mUuwpfvKj4MdZ8k2I4xh0dERL6e1xa0tGkQbkg9743uExj5YknHEJfRSZ/s1600/miguel+monteiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUQIy4mU-dY3aYOVDpmPoJBUxWfoT6U5Ptx3qw6EPO5708hKliKopnW0JI2vk96kjU06wiqx_VeUbokZMo9U8mUuwpfvKj4MdZ8k2I4xh0dERL6e1xa0tGkQbkg9743uExj5YknHEJfRSZ/s1600/miguel+monteiro.jpg" height="400" width="240" /></a></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"> UM ENCONTRO NA BRASILEIRA</span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Para quem consegue ler os pequenos
indícios que os dias oferecem aos incautos humanos, por vezes, colhe surpresas
que nem o destino conseguiria melhor. Não admira, por isso, que uma noite amena
de Novembro consiga ser mais intensa do que as imensidades de Junho, ou uma
mera flor outonal esparja mais aroma do que as rosas de Maio. É por estas e por
outras que certos minutos têm imensuráveis encantos, e o velho Estêvão tenha
razão, quando afirma: “O mais belo numa seara farta não é o trigo que nela se
venha a colher, mas, sim, no cereal que gostaríamos que ela nos desse.”<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Naquela noite, as ruas de Fafe não me
foram indiferentes, bem pelo contrário. O sossego da hora e o recato adormecido
dos poucos transeuntes convidaram-me a calcorrear a grandeza arquitetónica que
define o centro da cidade. Reminiscências, vozes surdas, esculpidas nas
vidraças, e uma humidade agarradiça, própria da época, conduziram-me a vontade.
Como a iluminação pública não me mostrava a verdade toda, a dada altura, dei
por mim a entrar na Brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Este simpático café, localizado bem no
centro da cidade, não tinha mais de uma dúzia de pessoas. Para além do
proprietário, um amigo que muito considero, pude enxergar que as demais iam
dando duas de conversa, interrompida, de vez em quando, pelas chamadas de um
televisor, que se encontrava encostado ao sítio do costume.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Depois de tomar o que a ocasião me pediu,
deixei-me estar por ali. E porque me apeteceu, comecei a reparar no que os meus
olhos me ofereciam. A cavaqueira amena dos companheiros de espaço continuava. A
televisão pouco me dizia. Alguns bolos e outras guloseimas, próprias destes
ambientes, pareciam dormitar nas suas calorias. Só a abrangência do momento e a
minha apatia espontânea me atraíam. Quase sem querer, inquietei-me. De seguida,
pareceu-me ver uma luz diferente, vinda do exterior, que parecia querer
confundir-me o raciocínio. Ainda resisti, mas foi por pouco tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Senti passos (e agora não sei se foi sonho
se realidade). Uma voz algo ausente, mas minha conhecida, abordou-me. O
detentor da mesma pediu licença para se sentar. Numa atitude cordial, como
tento sempre ser nestas ocasiões, disse que sim, ao mesmo tempo que reparava na
sua fisionomia. Que emoção!<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Do que aconteceu logo a seguir, meus
amigos, só vos conto alguns excertos, porque os demais pormenores ainda não os
consegui entender. O que vos asseguro é que, a dada altura, dei por mim a
escrevinhar, num papel que retirei do bolso, uma frase demasiado importante
para o dono da voz que a inspirou «Fafe dos Brasileiros». Também vos assevero
que aquele homem de meã de figura, plenamente convencido do que dizia e dono de
um olhar oceânico, me fartou, naqueles inesquecíveis instantes, de histórias e
nomes de fafenses que escolheram o Brasil para emigrar. Claro que também me
falou dos seus regressos, das riquezas que trouxeram, dos palacetes que
construíram e das suas bem feitorias. Não se esqueceu, igualmente, de me
esclarecer algumas dúvidas e de me acrescentar algumas curiosidades que só um
homem sábio pode clarificar. Depois, retocou de leve os óculos, e enquanto se
despedia, apontou para o que eu escrevera e pareceu estremecer. Depois, sorriu
e recolheu-se à eternidade.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">É evidente que eu entendi a mensagem.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">E porque tinha de ser, acordei para a
realidade, compus os óculos, pois pareceram-me desacertados, e respirei fundo…<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Ora bem, do que temos estado a conversar,
alguma coisa não bate certo ou, se calhar, tem todo o sentido.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Na Brasileira prosseguia a conversa. A
televisão insistia no que estava programado. No meu relógio eram quase as onze.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Levantei-me, peguei no papel com os tais
dizeres e apertei-o com convicção. Despedi-me e saí.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">A noite continuava quase igual…<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Carlos Afonso (2011)<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-13555346140725255572014-09-15T12:31:00.000-07:002014-09-15T12:31:53.394-07:00UM GESTO DO TAMANHO DE MUITOS SENTIMENTOS... (Obrigado!)<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRo98TwLB07kSU-w_bHeR0leGezSLH4nIR8LYiJRLRV6-2qMT94FIB1MrsE2wC3BF5CZ2qFAo7BSkN0UWqTAlKYMNarm85f4wDGmkznxaQOHIlb26I1-UVjFKtdOBk9-BT2uce7uI8k9rj/s1600/dia+do+livro+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRo98TwLB07kSU-w_bHeR0leGezSLH4nIR8LYiJRLRV6-2qMT94FIB1MrsE2wC3BF5CZ2qFAo7BSkN0UWqTAlKYMNarm85f4wDGmkznxaQOHIlb26I1-UVjFKtdOBk9-BT2uce7uI8k9rj/s1600/dia+do+livro+2.jpg" height="400" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 19px; line-height: 21.4666652679443px;">Na semana passada, quando abri a caixa do correia, encontrei no seu interior uma pequena folha com algumas palavras e um flor desenhada. A flor era bonita e a frase dizia assim:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 19px; line-height: 21.4666652679443px;"> "Professor, passamos por sua casa para o cumprimentar, mas como não está, deixamos-lhe este pequeno bilhete. Obrigado por tudo. Nunca o esqueceremos. Foi um prazer ser seu aluno durante 3 anos. Pode contar sempre connosco. Bjs"</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 19px; line-height: 21.4666652679443px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 19px; line-height: 21.4666652679443px;">Claro que o bilhete estava assinado. Claro que telefonei a agradecer tão maravilhoso presente!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 19px; line-height: 21.4666652679443px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: 19px; line-height: 21.4666652679443px;">E porque me emocionei com o que me colocaram na caixa do correio. E porque gosto de ser professor. E porque, para mim, os alunos ficam eternamente agarrados ao meu coração, aqui deixo um simples poema como prova da minha estima, carinho e saudade:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Voltai a esta escola…<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os dias de
cada vida<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Não são
todos iguais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Às vezes,
atiram-me lama ao rosto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E cobrem-me
de imundices vazias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Outras
vezes, obrigam-me a caminhar,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Na direção
que desejo alcançar,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Mas não
quero que acabe assim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu sei que
os destinos têm de andar…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Eu sei que
tenho de soltar do peito<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os
sentimentos dos que vão,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Sem saber se
tornarão,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Sem saber se
me dirão<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
O que ainda
não senti!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Tempo, não
roubes o sonho dos que têm de sair<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Nem me
oprimas com esse fim<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Que ainda
não acabou,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Mas que tem
de subir à morada das estrelas<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E à foz onde
começa o mar<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E cessa o
meu tocar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Ai… como as
estações estão certas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Mesmo que os
ventos destruam a calma dos prados<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E as flores
percam a cor<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E se afastem
das certezas primaveris…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Basta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os meus
choros não podem apagar os risos dos que querem ir adiante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os caminhos
têm de seguir o seu rumo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E as vozes
não podem calar-se antes de Deus as escutar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Ide, amigos
do peito, aves da esperança, corações de mel!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Segui o rumo
das aves, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Bebei a
clareza das nascentes,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Colhei os
frutos das vontades,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E amai o
nascer do luar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Um dia, mais
tarde,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
No momento
em que os vossos olhos <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Já beberem a
seiva de outros peitos,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E os vossos
corpos roçarem outros prazeres, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Iguais à
plenitude dos anjos, <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Voltai a
esta escola<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E perguntai
por mim!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
(Com
carinho, Carlos Afonso)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEbxmdJfNR1OfJFJrrDzNquf373xb9jhns4rUJ_v697-ZVP8aD8ISH8NHY7MIjbg0psHlSpo5e60Zhm8KWInbJJ9JaVIeitgy1nHaXv_cvqR7ZTgvLCoZ1gK2k7kJHtGGGll3xJVHuEKLs/s1600/carlos+afonso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEbxmdJfNR1OfJFJrrDzNquf373xb9jhns4rUJ_v697-ZVP8aD8ISH8NHY7MIjbg0psHlSpo5e60Zhm8KWInbJJ9JaVIeitgy1nHaXv_cvqR7ZTgvLCoZ1gK2k7kJHtGGGll3xJVHuEKLs/s1600/carlos+afonso.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-53553452507603864102014-07-02T16:29:00.000-07:002014-07-02T16:29:24.871-07:00O CORREDOR DO PISO SETE DO IPO DO PORTO É A AVENIDA MAIS LONGA DE TODA A CIDADE…<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRcxdZjrx4xvpyknt8pg4Oc9FI_Bcvr5xg6u8vT4MwwxgHoRnF8k0aqNLgy8Po2X_7zffjbEgy8HDeenfYohbKoL4kPbR-bAlXpCCnuqTDEQkyMcXehezrKeBC3dFynl9Blb0jbzYGrSQ0/s1600/tulipas+amarelas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRcxdZjrx4xvpyknt8pg4Oc9FI_Bcvr5xg6u8vT4MwwxgHoRnF8k0aqNLgy8Po2X_7zffjbEgy8HDeenfYohbKoL4kPbR-bAlXpCCnuqTDEQkyMcXehezrKeBC3dFynl9Blb0jbzYGrSQ0/s1600/tulipas+amarelas.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
<br /><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br /><div class="MsoNormal">
Em todas as
cidades grandes há avenidas feitas de destinos, pessoas, carros, barulho, árvores,
flores na primavera, sol e chuva, dias e noites, sonhos e vontade de seguir e
de chegar…</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Em todas as
cidades grandes há avenidas marcadas por um princípio e por um fim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O corredor do piso sete do IPO do Porto é a avenida mais longa
de toda a cidade…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
O corredor
do piso sete do IPO do Porto começa e acaba nos vidros de duas janelas que
mostram o que apenas deixam ver…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Os olhos que
olham veem:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
pedaços de cidade<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
luz dos outros<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
sons
desiguais <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
alguns
acenos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
passos apressados ou parados<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
metas de olhares que ainda procuram e… quase desistem<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
ramos ao vento<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
e aldeias e
vilas e casas de longe… gravadas no
coração dali…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
e…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
O corredor
do piso sete do IPO do Porto deixa-se percorrer por tubos, sangue, roupa suja, cheiros
sem flores, feridas à mostra, caras por lavar, brancos diversos, remédios que enganam e… homens e mulheres e velhos e jovens e mães e
filhos e irmãos e… <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
estes sofrem
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
aqueles sofrem<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
os outros partilham
dores<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
e os outros trabalham…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
O corredor
do piso sete do IPO do Porto é a avenida mais longa de toda a cidade e…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
neste corredor há uma mulher que gosta de
tulipas amarelas, um rapaz que quer ir a Fátima a pé e um homem que gosta de
fazer pizas…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Carlos
Afonso<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-49345054500441821352014-06-26T15:44:00.001-07:002014-06-26T15:44:42.170-07:00NOTA INTRODUTÓRIA AO LIVRO SOLIDÁRIO «O SÍTIO ONDE MORAM AS CORES DO ARCO-ÍRIS»<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqNY0EdTqnxoEVu2q-BJ2XgSBQOhjGqWfA43kC-JBosXTl6DR8fJj0vgPjaZpsv26RDQHqnLf_OXX-dyvkSwt77zrn8jYh4C-HKA4kx7sFbMobDR-xTd7OpzCduhcPnQTAad1utLolR1hA/s1600/carlos+afonso+-+arco-+iris+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqNY0EdTqnxoEVu2q-BJ2XgSBQOhjGqWfA43kC-JBosXTl6DR8fJj0vgPjaZpsv26RDQHqnLf_OXX-dyvkSwt77zrn8jYh4C-HKA4kx7sFbMobDR-xTd7OpzCduhcPnQTAad1utLolR1hA/s1600/carlos+afonso+-+arco-+iris+2.jpg" height="400" width="351" /></a><b style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> "Não podemos ter medo da solidariedade"</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Papa
Francisco<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma das maiores grandezas da
disciplina de Literaturas de Língua Portuguesa é a possibilidade que oferece aos
alunos de, e para além de poderem usufruir das obras dos vários autores de
Língua Portuguesa, darem azo à sua criatividade, interligando-se sempre com o
meio que os cerca. A palavra, a alma, o sonho, o coração e o engenho surgem,
assim, juntos e em sintonia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ao estudarmos o poeta brasileiro
Carlos Drummond de Andrade, as suas palavras soaram alto no nosso entendimento
e a brisa afagou-nos o olhar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O poeta disse:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> «A cada dia que vivo, mais me
convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças
que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do
sofrimento, perdemos também a felicidade.» <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E nós respondemos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">«As frases estão certas. O poeta tem razão. A felicidade existe. Temos de
SENTIR O CORAÇÃO!»<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O movimento <i>“Sentir o coração”,</i> inspirado na poesia de Carlos Drummond de
Andrade, nasceu na Escola Secundária de Fafe, numa das minhas aulas de
Literaturas de Língua Portuguesa, com o objetivo de ajudar um dos alunos, que
precisava da nossa atenção e carinho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Nuno sorriu! A nascente brotou… e o
espírito solidário, envolto em palavras e orvalho, começou a caminhar para o
mar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
O primeiro passo foi dado com a realização de uma oficina de escrita no
Centro Social e Paroquial de Revelhe, regida pelos alunos do 12ºI, de onde
surgiram os primeiros trabalhos, e o repto para a edição do livro <i>O Sítio Onde Moram as Cores do Arco-Íris</i>
começou a ganhar forma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A onda de solidariedade foi crescendo.
Aos primeiros textos e desenhos, construídos pelos meninos do Centro Social,
outros se juntaram, com a colaboração de vários autores de todas as idades. Aos
poucos, e acariciado pelas cores do amor, o livro <i>O sítio onde moram as cores do Arco-Íris</i> mostrou-se no horizonte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Que lindo! Que perfume!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> - O livro
está pronto. E agora? Como vamos editá-lo? - alguém suspirou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Uma das
maiores certezas que nos acompanha é que Deus existe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Deus escutou
as nossas preocupações e permitiu que mais pessoas se associassem ao movimento “Sentir
o coração”. A Naturgipe ofereceu-nos a sua força e outros corações ofertaram-nos
gestos, sorrisos e tempo. O pequeno regato ganhou caudal e o mar começou a
ficar mais perto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Da venda do
livro <i>O sítio onde moram as cores do
Arco-Íris </i>nascerão outros livros que irão enriquecer a jovem biblioteca do
Centro Social e Paroquial de Revelhe, também ela germinada no movimento “Sentir
o Coração”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Hoje, as
crianças já podem olhar, com mais clareza, o céu e construírem as suas
histórias com final feliz. Amanhã, o Arco-Íris continuará a mostrar as suas
cores definidas e repletas de esperança. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Obrigado!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Carlos Afonso</span></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-32424466670194171312014-06-09T12:51:00.002-07:002014-06-09T12:51:54.741-07:00O SENTIDO DAS PALAVRAS...<div class="aboveUnitContent" style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15.359999656677246px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px;">
<div class="userContentWrapper">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEosVpO3RNvM89yJrxQQxFs8ju2Y8X5asUgwrSZQfoXJJn2JgK3qDSung_0nrPCxpwXuZw1kDfxZG0fnXNnPbyp4_GYFkgqwgbVAXvIj2T4ojmyla1IWmyDFI25VwEz3dAkNzmMO5PvX1U/s1600/arco+iris+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEosVpO3RNvM89yJrxQQxFs8ju2Y8X5asUgwrSZQfoXJJn2JgK3qDSung_0nrPCxpwXuZw1kDfxZG0fnXNnPbyp4_GYFkgqwgbVAXvIj2T4ojmyla1IWmyDFI25VwEz3dAkNzmMO5PvX1U/s1600/arco+iris+1.jpg" height="290" width="400" /></a></div>
<div class="_wk" style="font-size: 14px; line-height: 20px;">
<span class="userContent"><br /><br />Depois de um dia inteiro de reuniões na Escola Secundária, e depois de um fim de semana no IPO, preocupado com a saúde de um familiar que me é muito querido, abro a página e vejo o que as minha palavras provocaram<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">, e que me estão a provocar sentimentos contraditórios.<br />O que eu mostrei no Club Fafense foi o meu descontentamento perante um silêncio que não entendi, e nem entendo, perante um evento cultural, que a associação Atriumemoria estava a organizar, e que tinha a colaboração de muitas Associações de Fafe e de alguns lugares ligados a Camilo Castelo Branco. De facto, já há meses que muitas pessoas estavam a trabalhar intensamente nessa iniciativa que considerávamos importante para Fafe e para a literatura.<br />Como o silêncio foi a resposta da entidade que sempre apoiou estas iniciativas, ficamos deveras preocupados, e a mim causou-nos imensa tristeza ter de cancelar o que julgávamos importante.<br />Ao dizer, de uma forma sentida que iria mudar de "lugar" para continuar a viver a cultura, como gosto de a viver, estava a salientar que trabalhar com outras terras ligadas a Camilo seria o meu próximo objetivo. Igualmente me iria afastar de tantos silêncios que a mim me causam muito mau estar. Claro que o farei, mas continuarei a viver em Fafe, a trabalhar pela terra que me acolheu, assim como a desenvolver atividades que não me causem tanto cansaço e certas incompreensões.<br />Agradecia que os amigos não fizessem desta situação um fim do mundo. Agradeço as mensagens que tenho recebido, pois nunca imaginei que o meu desabafo (o meu grito de alerta) causasse tanta confusão. Mas penso que já chega, pois as coisas já começaram a mudar e para MELHOR.<br />Neste momento estou ligado a um projeto pedagógico que considero muito interessante, ligado também, à Atriumemoria, e que já foi apresentada a versão mais popular em Estorãos, ligado ao Ciclo do Pão, e na próxima quinta feira será apresentada a versão mais escolar na Escola da Devesinha,a partir de um conto que escrevi e que se chama «O velho e o grão de milho».<br />Peço também a atenção para uma grande iniciativa solidária que estou a coordenar com os meus alunos, e muitos outros amigos, e que tem como base um livro solidário a favor da criação de uma Biblioteca Escolar no Lar da Criança de Revelhe. O livro já está à venda em vários lugares e chama-se «O sítio onde moram as cores do Arco-Íris, e que pedia a todos os amigos, e se assim o entendessem, que o comprassem e que ajudassem as crianças que precisam da nossa ajuda.<br />Como os amigos podem ver, eu continuo a lutar por aquilo em que acredito.<br />Amo Fafe e todos os fafenses, não sou homem de virar costas a quem me quer bem, mas tenho o direito de alertar para situações que não podem voltar a acontecer.<br />E como um amigo sincero me confidenciou numa bela mensagem, acabo este meu texto de uma forma que considero certa, e que dizia mais ou menos assim " se amamos as cores do Arco-Íris e o que elas significam, também temos de compreender as tempestades, pois sem elas não há Arco-Íris."<br />Sempre gostei de "construir pontes" entre as pessoas, e é o que continuarei a fazer.<br />Agradeço a vossa preocupação, mas vamos ficar por aqui.<br /><br />Com amizade<br /><br />Carlos Afonso</span></span></div>
</div>
</div>
<div class="_2a2q" style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12px; height: 504px; line-height: 15.359999656677246px; margin: 0px -9px; overflow: hidden; position: relative; width: 504px;">
<a ajaxify="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=903676749658704&set=pcb.903682849658094&type=1&src=https%3A%2F%2Ffbcdn-sphotos-a-a.akamaihd.net%2Fhphotos-ak-xpa1%2Ft31.0-8%2F10296257_903676749658704_3418765263889731143_o.jpg&smallsrc=https%3A%2F%2Ffbcdn-sphotos-a-a.akamaihd.net%2Fhphotos-ak-xpa1%2Ft1.0-9%2F10378937_903676749658704_3418765263889731143_n.jpg&size=2048%2C1489&source=9&player_origin=timeline" class="_5dec _2a2r" href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=903676749658704&set=pcb.903682849658094&type=1" id="u_jsonp_10_19" rel="theater" style="color: #3b5998; cursor: pointer; display: block; left: 0px; position: absolute; text-decoration: none; top: 0px;"></a></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-37969259641687327162014-05-27T16:29:00.000-07:002014-05-27T16:29:11.042-07:00NO dia 30 de maio, O ARCO-ÍRIS PINTARÁ AS TERRAS DE FAFE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQKQtmy2F-lFPujWE_q9lxCTdPHnL7wTpsIEbrOs5h9yiwbiivyk5mlslOidjGnclP4GNpsp9OXgmQeR2EWL5QhKSn9-mpRvt2963_upWJVxThuzPMS6mjvGsVKsDByHjFqpI1zBJ41Tgv/s1600/cartaz+arco+iris.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQKQtmy2F-lFPujWE_q9lxCTdPHnL7wTpsIEbrOs5h9yiwbiivyk5mlslOidjGnclP4GNpsp9OXgmQeR2EWL5QhKSn9-mpRvt2963_upWJVxThuzPMS6mjvGsVKsDByHjFqpI1zBJ41Tgv/s1600/cartaz+arco+iris.jpg" height="400" width="270" /></a></div>
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">NO dia 30 de maio, O ARCO-ÍRIS PINTARÁ AS TERRAS DE FAFE</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Na noite do dia 30, traga uma cor do arco-íris e entre numa história mágica «UMA AVENTURA NO JARDIM DOS SONHOS»</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Aberto a todos os que têm um coração solidário, o lançamento do livro</span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #37404e; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">solidário será o motivo maior para acontecer um grande evento solidário, no campo de jogos Escola Secundária de Fafe, com a presença de vários grupos musicais e outros momentos recreativos.<br />No dia 30, venha à Escola Secundária, traga uma cor do Arco-Íris (roupa/fita/...) e entre numa aventura mágica «Uma aventura do Jardim dos Sonhos»<br />(Esta iniciativa tem como objetivo ajudar as crianças e jovens do Lar da Criança de Revelhe. A criação de uma biblioteca é uma das principais intenções, para que as crianças tenham as condições necessárias para que o seu futuro seja mais feliz)<br /><br />Por favor, divulgue esta iniciativa e ajude as crianças a sorrir...</span>Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-71440458306911126292014-05-16T10:46:00.001-07:002014-05-16T10:46:52.095-07:00ALMA DOS CANAVIAIS E OUTRAS HISTÓRIAS - um livro de viagens?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqbckHZ7Y3R9nH4lI992KJHDeGy_rG-246WXNYPOOfzTWtGB5qPSRTIf-IPLS5E9Rr00QsFkxrJbiaWYzm9tgHJ6sYehbQqYyWih2l_ABug9ZXAIthf4jhaJUfiLJo506F2APcjOrSolbX/s1600/alma+dos+canaviais+CAPA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqbckHZ7Y3R9nH4lI992KJHDeGy_rG-246WXNYPOOfzTWtGB5qPSRTIf-IPLS5E9Rr00QsFkxrJbiaWYzm9tgHJ6sYehbQqYyWih2l_ABug9ZXAIthf4jhaJUfiLJo506F2APcjOrSolbX/s1600/alma+dos+canaviais+CAPA.jpg" height="400" width="281" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 21.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Nestes
últimos anos, muitas histórias compuseram a minha vida, enrodilhadas num
permanente caminhar por espaços, pessoas, sonhos e vivências. Assim, e porque
os momentos também devem ser partilhados, <b><i>Alma dos Canaviais e outras histórias… </i></b>não
é mais do que um aglomerado de pedaços de mim, num permanente interagir com os
outros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">De Trás-os-Montes ao Minho, de Fafe a Alfândega da Fé,
do norte ao sul de Portugal, de Paris a Moscovo, as palavras soltam-se num irrequieto
viajar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Pedido</span></i></b><b><i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Nunca ansiei o brilho das
estrelas…<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Jamais desejei a precisão
dos espaços…<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Recusei sempre o devaneio
dos ventos….</span></i><i> </i><i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Peço apenas, aos que têm
sonhos por cumprir,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Para que leiam os meus
sinais,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Escutem o murmúrio das
palavras que escolhi,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> Colham alguns pedaços de
mim<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> E amem a frescura amena
dos canaviais… <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">“É que, as páginas deste livro são desenhadas pela
bipolaridade dos géneros que nele convivem; pela diversidade das temáticas que
lhe emprestam o colorido; pelos espaços de memória que permite revisitar; pela
evocação das figuras que se pretende homenagear; pelo “prazer da leitura” que
poderá ser saboreado, em função do sortilégio da dança das palavras, gravadas
ora à maneira de poemas líricos, ora de reflexões e relatos em forma de crónica
quase diarística. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Trata-se de efabulações surgidas às golfadas da
alquimia de uma alma consabidamente poética, mas alternando com narrativas que
a correnteza das rotinas fez brotar de feição continuada. Nestes textos,
ressaltam retalhos de um olhar penetrante e perscrutador do quotidiano, que a
todos nos circunda, embora escape ao nosso olhar normalmente demasiado ocupado,
distante e alheado.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> António
Teixeira (autor do prefácio)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> A obra <b><i>Alma
dos Canaviais e outras histórias </i></b>vai ser apresentada no dia 23 de maio, pelas 21h30, na Sala Manoel de Oliveira, em Fafe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 14.2pt; margin-right: 21.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 21.25pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Carlos Afonso<o:p></o:p></span></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-65118314367041247902014-04-19T11:49:00.000-07:002014-04-19T11:49:16.389-07:00O ÚLTIMO OLHAR DE JESUS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjbwE_orU2qmBrvf2g7GE9JAyz3YTwLiHIQgYBPqoNt6fmbXQ__gUSizYykYkgtv8A8VsDKAoZx6OR7gva9atpXULjtSStFRUjMZUGeIn_uJvLmFRW-ooqFUoj6Z9JKjtzxQqP5j2r-Slm/s1600/olhar+de+jesus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjbwE_orU2qmBrvf2g7GE9JAyz3YTwLiHIQgYBPqoNt6fmbXQ__gUSizYykYkgtv8A8VsDKAoZx6OR7gva9atpXULjtSStFRUjMZUGeIn_uJvLmFRW-ooqFUoj6Z9JKjtzxQqP5j2r-Slm/s1600/olhar+de+jesus.jpg" height="225" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Desde há dois dias para cá que a cidade se cobria com umas enfadonhas e
molhadas tardes, indefinindo rostos, apagando flores primaveris, abafando
almas, escondendo caminhos e alumiando muitas ausências. Maria era uma das muitas
pessoas que habitavam por ali, sem que ninguém lhe tenha dito para se mudar.
Para quê? O destino não o permitiria. A não ser que um olhar maior lho
consentisse<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Maria já não sabia o que fazer. Meia adoentada por uma indisposição
qualquer que não sabia definir, os dias pareciam-lhe demasiado tristes e sem
sentido! O seu corpo de mulher de vinte e três anos continuava em desacordo com
os conceitos gerais de beleza e nenhum olhar de rapaz mais afouto o procurava
para lhe descobrir algum sabor. A mãe de setenta e tantos anos continuava
acamada e repleta de sofrimento, pois não havia dinheiro para um tratamento a
sério. O único irmão, mais velho do que ela fora levado por um tio para as américas.
Quanto ao seu emprego, tudo na mesma. O patrão fechara a fábrica sem dizer
nada, há mais duas semanas, sem o mínimo espírito de arrependimento, não
pagando os ordenados desde janeiro. Pelo que alguém disse, foi-se embora de
Portugal no seu jato particular. Pudera, para quem tem mais de um dúzia de
empresas na América latina, fechar uma simples fábrica no Minho não causa
qualquer tipo de remorsos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Desempregada, penso que o nome correto é mesmo este, apesar de segunda a
sexta, sem que uma semana passe em claro, tanto ela como as suas colegas de
ofício, continuarem a passar algumas horas no seu ainda local de trabalho,
mesmo de portas fechadas e com as máquinas paradas. Algum dinheiro que possa chegar
a mando dos tribunais viria mesmo a calhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e era preciso manter a tradição.
Uma mesa mais enfeitada com todas as iguarias da época seria o ideal. O
problema é que na carteira não havia a quantia necessária para gastos maiores,
quanto mais para comprar um pão-de-ló e, mais a mais, já há muito que a
ridícula reforma da mãe tinha ficado resgatada na farmácia e noutros sítios
onde se pagam dívidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> E porque a mãe tinha o direito a um
dia especial como todos os outros, sentia-se obrigada a fazer alguma coisa.
Depois de a cuidar com todo o carinho que lhe é reconhecido, deu-lhe um imenso
beijo no rosto, e despediu-se, dizendo que vinha já. Como a mãe já almoçara,
Maria pensou que ela não precisaria de o fazer, pois, dessa forma, o jantar já
estaria feito. Uma simples maçã e um copo de leite resolveriam o seu problema e
nem à mesa se sentou. Deixando a mãe sossegada e com alguma paz, foi para o seu
quarto, mas como constatasse que o frasco de perfume já estava vazio,
arranjou-se como pode e, dali a pouco tempo, saiu. Era Sexta-feira Santa e a
chuva continuava a cair, dando a este dia nomeado as cores exatas com que o mundo
cristão o tinge.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Por volta das três horas da tarde, o exato momento em que Maria passava em
frente à Igreja de São José, bem no centro da cidade de Fafe, um mal-estar sem
precedentes fê-la cair sem estrondo no lajedo do passeio. Angustiada e sem forças
para se erguer, sentiu a quentura do sangue a afagar-lhe o rosto e uma ou outra
voz que a interpelavam. Sem ânimo, fechou os olhos e desistiu. Dentro de si,
brotou a leve lembrança de que Jesus Cristo também morrera numa sexta igual
àquela e, dessa forma, Maria também aceitou a morte. Quem era ela para escolher
outra hora? Não era qualquer um que acabava os seus dias numa data assim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;"> A dada altura, e depois de uma
imensa negritude jamais vivida, a alma trouxe à sua presença o rosto de um
homem rodeado de paz, com um olhar mais brilhante do que o sol, e que, em
breves palavras, lhe apontou o seu verdadeiro caminho:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">- Maria, levanta-te e anda, a tua família e amigos esperam-te…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Sem jeito e surpresa na sua forma de estar, sempre conseguiu dizer:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">- Senhor, que olhar tão belo… Eu conheço-vos… Vós… vós… sois Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">E porque assim estava escrito, Maria voltou à vida e, para sua felicidade,
em redor da cama do hospital, para onde fora levada depois de ter caído na rua,
estavam a sua mãe, seu irmão com uns olhos azuis que encantavam e algumas das
suas companheiras de trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Como tudo aconteceu para
que este quadro, impensável ainda há pouco, pudesse acontecer, também eu,
narrador, não sei responder. Ou sei?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT; mso-hansi-font-family: Calibri;">Lá fora, o sol voltara e um
perfume especial inundava os lugares e momentos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Carlos
Afonso<o:p></o:p></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-15896065027868234022014-04-02T14:01:00.000-07:002014-04-02T14:01:23.894-07:00A NAMORADA DO SOL (2 de abril, dia internacional do livro infantil)<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk86MYbDFbPuzJ6dlK4ewTLCuQxhL77tBxuESvD_m6XeIEBXk_g5ruNp8N8jWX8lQefVtF2a8az_C6gn_N8yBlORExHlhzJ9oaYewIgknMTq4C9iMUNC0P3eWkrx6YhYNqTbGtYLD3W3H4/s1600/imagem+namorada+do+sol.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk86MYbDFbPuzJ6dlK4ewTLCuQxhL77tBxuESvD_m6XeIEBXk_g5ruNp8N8jWX8lQefVtF2a8az_C6gn_N8yBlORExHlhzJ9oaYewIgknMTq4C9iMUNC0P3eWkrx6YhYNqTbGtYLD3W3H4/s1600/imagem+namorada+do+sol.jpg" height="392" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bela era a flor mais bela de todo o
prado!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Bela tinha faces rosadas. A sua postura
era elegante e esverdeada. O seu perfume sabia a mel, pormenor que fazia com
que as abelhas das redondezas a beijassem todas as manhãs e todas as tardes e
até quando começava o anoitecer. Como ela gostava dessas carícias! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O sol, esse então, e enquanto fosse
dia, nunca tirava os olhos da beleza de Bela. Apenas à noite, e só porque era obrigado
pelas leis do tempo, é que lá se escondia por detrás dos outeiros, para que a
noite pudesse chegar. Como ele sofria, nos momentos da separação! Coitado! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 115%;">Todas as manhãs, e bem de </span></span><span style="font-size: 19px; line-height: 21.466665267944336px;">manhãzinha</span><span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 115%;">,
o sol era sempre o primeiro a chegar ao prado. Depois, esperava que Bela
acordasse e logo lhe oferecia um sorriso muito brilhante. A flor corava um
pouquinho e sorria também.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas, naquela manhã, tudo mudou. Sem
se saber como e de onde, chegou ao prado um vento feio e mau… </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> (continua)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Carlos Afonso<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-12236683146701523842014-03-22T09:58:00.000-07:002014-03-22T09:58:45.902-07:00A IMPORTÂNCIA DAS JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrJb5pnp-9fp1fecb22dSmFVQ12FgBgihNVM0CK0mpFDIKpdTrZEJZXRsUQ_NzS2LFPWRqJHvZ1uALIfyTW34pryyaQlRPtWfJ-qlZ7LHu4lGUv5nREfJDjT91-0ZceiQulgfzKkBPUFP_/s1600/mia+couto+arvore+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrJb5pnp-9fp1fecb22dSmFVQ12FgBgihNVM0CK0mpFDIKpdTrZEJZXRsUQ_NzS2LFPWRqJHvZ1uALIfyTW34pryyaQlRPtWfJ-qlZ7LHu4lGUv5nREfJDjT91-0ZceiQulgfzKkBPUFP_/s1600/mia+couto+arvore+1.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Passada mais
uma edição das Jornadas Literárias, a quinta, é com satisfação que digo, na minha modesta opinião, que o espírito inicial das jornadas se fez
mostrar. A escrita, a leitura e a criatividade entrelaçaram centenas de
pessoas, desde alunos, professores e população em geral, e a literatura espalhou-se
por diversos espaços do concelho de Fafe.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nascidas em
2010, numa aula de Literatura Portuguesa, na Escola Secundária, com o objetivo
de promover e incentivar o estudo dos escritores fafenses, rapidamente as Jornadas
Literárias se redimensionaram e, de ano para ano, a sua fasquia foi mudando de
lugar. À literatura associou-se à etnografia e às tradições, e as Jornadas,
ditas literárias, converteram-se em verdadeiras jornadas culturais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Todos sabemos
que a grandeza nem sempre favorece a perfeição, acabando, aqui e ali, por as
mensagens nem sempre se evidenciarem e até se atropelarem. Assim, em 2014, e
para que a qualidade acompanhasse a quantidade, achou-se por bem separar a
vertente literária das restantes tendências, e as 5ª Jornadas Literárias de
Fafe seguiram o seu rumo original.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Se nos espaços
culturais de Fafe, Biblioteca Municipal, Sala Manuel de Oliveira e
Teatro-Cinema, a literatura se associou à música, dança, pintura e outras
artes, para satisfação de quem usufruiu desses momentos, foi nas escolas do
concelho que as Jornadas mais sumo e eficácia exibiram. Concursos de poesia,
maratonas de leitura, contacto com escritores, oficinas de escrita, instantes
criativos, “peddypaper” literário, encontros poéticos, caminhadas de poesia,
poesia de rua e muitas outras realizações se deram a conhecer de uma maneira
bem positiva e frutífera.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No que a mim
diz respeito, assim como aos meus alunos de Literatura Portuguesa e de
Literaturas de Língua Portuguesa da Escola Secundária, posso dizer com toda a
convicção de que vivemos ativamente as 5ª Jornadas Literárias. Na verdade,
penso que a melhor maneira de sentir este tipo de iniciativas é participar e
trabalhar com todo o afinco e forças para o seu sucesso e utilidade. É pela
base que se começa a construção das grandes edificações, seguindo-se, só depois,
para os restantes patamares. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Tanto eu como
os meus alunos, ajudados e complementados por muitas outras pessoas,
envolvemo-nos com alma e coração nas nossas Jornadas e percorremos todos os
caminhos que havia a calcorrear. Semeamos, regamos, cuidamos, sofremos e já
estamos a colher os frutos desejados. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
As Jornadas
Literárias de Fafe não podem, nem devem, ser encaradas como um trampolim para
algo que não lhe está no destino. Se elas forem encaradas de uma forma
desajustada e não percebida, mais cedo ou mais tarde, a seiva que as alimenta
deixará de correr e o ciclo encerra-se na noite do nada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
De todas as
iniciativas promovidas pelos meus alunos, enumero algumas que considero de
interesse considerável, não só para a sua realização como discentes, assim como
fundamentais para a sua formação como mulheres e homens de amanhã. O reinventar
o escritor Mia Couto levou-nos a desenvolver dezenas de atividades em parceria
com crianças e jovens de variadas idades. O organizar o 1º encontro de
escritores de Fafe revelou-se de uma importância enorme, não só pelo aproximar
de partes, como pelo desenvolver e fomentar a leitura e a escrita. O participar
em vários eventos culturais mais exigentes levou os meus alunos a sentirem-se
mais motivados e criativos. O estudar intensamente escritores fafenses e
nacionais enriqueceu e desenvolveu capacidades de análise e compreensão. Caminhar
lado a lado com a poesia pelas ruas de Fafe e outros espaços definidos trouxe incentivo,
alegria e amor pela poesia. O realizar
documentários, filmes e provas de escrita criativa facultou novos conhecimentos
e incrementou novas valências e formas de interpretar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E foi de uma
forma trabalhosa e árdua, mas necessária e fascinante, que vivi, ao lado dos
meus alunos e muitos outros amantes da cultura, instantes enriquecedores e de
uma beleza indescritível. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Viver a
literatura exige vontade, necessidade, trabalho, amor e uma alma grande. Em
2015 cá estaremos para continuar a demanda literária e contribuir para o sucesso
das 6ª Jornadas Literárias de Fafe.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Para terminar,
apenas o seguinte. Tem valido a pena ajudar a construir a grande estrutura cultural
das Jornadas, ao lado de muitos e muitos amigos que acreditam, tal como eu, nos
valores da cultura, sempre imbuídos na crença de que todos juntos iremos mais
longe e seremos mais felizes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Carlos Afonso<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIfrai3yaiZcnclaUtAGO6p-XET-kNBrl3gs9rFlCBZCm0_qYBjZSftmu3_gp8P3G14hS4rmEaN9TgWVKH-a9s5QtYCMnMrWyvgW47JXFBKbmAqSIunnWzQnZXq49t1agT3UMdlRcEDFvd/s1600/mia+couto+arvore+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIfrai3yaiZcnclaUtAGO6p-XET-kNBrl3gs9rFlCBZCm0_qYBjZSftmu3_gp8P3G14hS4rmEaN9TgWVKH-a9s5QtYCMnMrWyvgW47JXFBKbmAqSIunnWzQnZXq49t1agT3UMdlRcEDFvd/s1600/mia+couto+arvore+2.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj6h7mZTxf-Av4kQNCY6-bFy-XVw48DVnXIzrteWatp9DQunigGPZzKpbja_gIy2Z1wXNjte08hmL26PdIy3hzc_IjP5aHxHZlwfKl5a5uLkDar6swM2444S1XrWTYL_T5bg0sX16_4dpa/s1600/encontros+literarios+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj6h7mZTxf-Av4kQNCY6-bFy-XVw48DVnXIzrteWatp9DQunigGPZzKpbja_gIy2Z1wXNjte08hmL26PdIy3hzc_IjP5aHxHZlwfKl5a5uLkDar6swM2444S1XrWTYL_T5bg0sX16_4dpa/s1600/encontros+literarios+1.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfWuqI6EztiJuy-SQXJWk3kkJbrmHlZmM4ON3NcXYfemaWDLbokmGc3BJ7r3xKD_nLnSMW3A2Lb8C7lgEuBzV3NY023T0CVt0mDXaXQQlVyTm2nbMYA9mtcVtZ92SB9FAK0m1sbQa0J77B/s1600/aroes+2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfWuqI6EztiJuy-SQXJWk3kkJbrmHlZmM4ON3NcXYfemaWDLbokmGc3BJ7r3xKD_nLnSMW3A2Lb8C7lgEuBzV3NY023T0CVt0mDXaXQQlVyTm2nbMYA9mtcVtZ92SB9FAK0m1sbQa0J77B/s1600/aroes+2.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-66846010133584449492014-03-09T09:45:00.003-07:002014-03-09T09:45:53.356-07:00FAFE INTEMPORAL<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSLfHldAlJJ11-Kak6UTvAHZyCCrJuKJAZs89sBuNXsdF0UbH3TMZUFhEEBaBBjS185B2bhg8ai9F0ncu8JjPP13Nuzy3I_PAA4MM2Lk_Jw5YwYK1OQNRzQkECJmFBfexvJyMEU4l1Fm9i/s1600/fafe+dos+brasileiros+ballet.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSLfHldAlJJ11-Kak6UTvAHZyCCrJuKJAZs89sBuNXsdF0UbH3TMZUFhEEBaBBjS185B2bhg8ai9F0ncu8JjPP13Nuzy3I_PAA4MM2Lk_Jw5YwYK1OQNRzQkECJmFBfexvJyMEU4l1Fm9i/s1600/fafe+dos+brasileiros+ballet.jpg" height="242" width="400" /></a></div>
<br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 18px;" /> (Fafe dos Brasileiros, 2012)<br />
<br />
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 18px;">Esta imagem é de uma beleza única! A sua real mensagem ainda não se cumpriu...</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 18px;">«Um povo sem memória é um povo sem futuro...»</span><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 18px;" /><br style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 18px;" /><span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 18px;">- SENHOR, falta cumprir-se Portugal.</span>Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-67524274787164613222014-03-03T14:22:00.000-08:002014-03-03T14:22:07.153-08:00EM ALFÂNDEGA DA FÉ, NO REINO ENCANTADO DAS AMENDOEIRAS EM FLOR, AS LENDAS SÃO VERDADEIRAS<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJWPcJ7acmlBOFiOGrXoAcf0ECBJKIbI43s8PLf_xwFGkwk30C_lVml92EL2M-kq-Lgt2UXZhxm71v1MU3c5FN-iNqd-FPc8l8BOr4U3dEX6Qh6FnzVr3vmCEVBMaovBUhk-ww2KigbULk/s1600/amendoeira+bela.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJWPcJ7acmlBOFiOGrXoAcf0ECBJKIbI43s8PLf_xwFGkwk30C_lVml92EL2M-kq-Lgt2UXZhxm71v1MU3c5FN-iNqd-FPc8l8BOr4U3dEX6Qh6FnzVr3vmCEVBMaovBUhk-ww2KigbULk/s1600/amendoeira+bela.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> A lenda das amendoeiras em flor...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Há muitos e muitos séculos, antes de
Portugal existir e quando o Al-Gharb pertencia aos árabes, reinava em Chelb, a
futura cidade de Silves, o famoso e jovem rei Ibn-Almundim que nunca tinha
conhecido uma derrota.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Um dia, entre os prisioneiros de uma
batalha, viu a linda Gilda, uma princesa loira de olhos azuis e porte altivo.
Impressionado, o rei mouro deu-lhe a liberdade, conquistou-lhe progressivamente
a confiança e um dia confessou-lhe o seu amor e pediu-lhe para ser sua mulher.
Foram felizes durante algum tempo, mas um dia a bela princesa do Norte caiu
doente sem razão aparente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Um velho cativo das terras do Norte
pediu para ser recebido pelo desesperado rei e revelou-lhe que a princesa
sofria de nostalgia da neve do seu país distante. A solução estava ao alcance
do rei mouro, pois bastaria mandar plantar por todo o seu reino muitas
amendoeiras que quando florissem as suas brancas flores dariam à princesa a
ilusão da neve e ela ficaria curada da sua saudade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 115%;">Na Primavera seguinte, o rei levou
Gilda à janela do terraço do castelo e a princesa sentiu que as suas forças
regressavam ao ver aquela visão </span></span><span style="font-size: 19px; line-height: 21.466665267944336px;">indescritível</span><span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 115%;"> das flores brancas que se
estendiam sob o seu olhar. O rei mouro e a princesa viveram longos anos de um
intenso amor esperando ansiosos, ano após ano, a Primavera que trazia o
maravilhoso espetáculo das amendoeiras em flor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nota: A
amendoeira é o símbolo da doçura e da leveza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtvDt50RQqhH-Yq0PspwdBI9UpuHvXAB-LjzcHME1sbkR6WFmxN5GCdu-OtDz73qvhJfvdnzMtFudEeSXlI7L5s3e0l7-FlU6UfskVntxuR7mmv4gHyEsVdAj4WsLH3Hy1WMcQf39-xcxx/s1600/amendoeiras+3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtvDt50RQqhH-Yq0PspwdBI9UpuHvXAB-LjzcHME1sbkR6WFmxN5GCdu-OtDz73qvhJfvdnzMtFudEeSXlI7L5s3e0l7-FlU6UfskVntxuR7mmv4gHyEsVdAj4WsLH3Hy1WMcQf39-xcxx/s1600/amendoeiras+3.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8BhgBHw06tl-vO0_N29yiAoo63HKdLw1W6dPABSGttz88Jnd6dE-dJKIbCalajhJkdDw-aM3t2rdYJPoO6ijgJYn8O9byr1LFdSnOb4M_2xsVsiSNxXihcgYeM5PZN0GSyRKhnK9kmcyp/s1600/amendoeiras+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8BhgBHw06tl-vO0_N29yiAoo63HKdLw1W6dPABSGttz88Jnd6dE-dJKIbCalajhJkdDw-aM3t2rdYJPoO6ijgJYn8O9byr1LFdSnOb4M_2xsVsiSNxXihcgYeM5PZN0GSyRKhnK9kmcyp/s1600/amendoeiras+1.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-67141884861831423742014-02-22T14:44:00.000-08:002014-02-22T14:44:48.179-08:00 CULTURA VIVA - 1º Encontro Temático/Pedagógico - (Memórias e tradições de Fafe)<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNGXaRNgJ8PwCV4u4LrikWZGmNabFYl8ysjHFllQaaxeS_uDb25SPU4o0UChBN_Lg5sOd2OE9DGwYzHFgINQLEyDWSiMfTLERMHMlB3Ek7etAPmfoXSwhAEVffEHZ_woH2WchkjMsdv_OK/s1600/o+velho+e+o+gr%C3%A3o+de+milho+imagem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNGXaRNgJ8PwCV4u4LrikWZGmNabFYl8ysjHFllQaaxeS_uDb25SPU4o0UChBN_Lg5sOd2OE9DGwYzHFgINQLEyDWSiMfTLERMHMlB3Ek7etAPmfoXSwhAEVffEHZ_woH2WchkjMsdv_OK/s1600/o+velho+e+o+gr%C3%A3o+de+milho+imagem.jpg" height="273" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"> <b>«O CICLO DO PÃO»<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Com o objetivo maior
de realçar o papel formador das tradições na vida do homem, em consonância com
a respetiva região em que vive, neste caso o Minho, a Associação cultural de
Fafe Atriumemória leva a cabo o primeiro Encontro Temático/Pedagógico centrado
no «Ciclo do Pão». Este evento cultural, em que o real e o imaginário convivem
afavelmente, mostra como a poesia, as tradições, as memórias, a música e a vida
do nosso povo são o enredo ideal para uma bela história plena de rusticidade
minhota.)<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Programa:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">- «O velho e o grão de
milho» - </span></i></b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Adaptação
para teatro de um</span><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">conto de Carlos Afonso, construído a
partir do trabalho de investigação de Maria Soledade Vaz</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">- «Do corpo à alma» -</span></i></b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Poesia de palavras com sabor a terra e céu</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">- Grupo de Cavaquinhos
da AAPAEIF</span></i></b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> (</span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Associação dos Antigos Professores,
Funcionários e Alunos da Escola Industrial e Comercial de Fafe</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Local: Sede
da Atriumemoria, Fafe, (Edifício Shopping 134, cave)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Data: 1 de
março de 2014, 21h30<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Realização:
Atriumemoria<o:p></o:p></span></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-91461132252405156062014-02-16T14:23:00.001-08:002014-02-16T14:34:44.427-08:00A FLOR DA FELICIDADE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi433Fjm1l8vZkHDoUzQ_3o80ryqRhxuodtUHKgxM-5VCA-xCIrFOfG-Q_TNBOHVWkf5FM9iTjlEnEAH4XTF1BCu2BNIxkERjhQico5SIVTU-S-gFk2zXJy2Cyd1SS1hwDaHl1LJDL2_xGV/s1600/flor+no+sofrimento.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi433Fjm1l8vZkHDoUzQ_3o80ryqRhxuodtUHKgxM-5VCA-xCIrFOfG-Q_TNBOHVWkf5FM9iTjlEnEAH4XTF1BCu2BNIxkERjhQico5SIVTU-S-gFk2zXJy2Cyd1SS1hwDaHl1LJDL2_xGV/s1600/flor+no+sofrimento.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> A maior virtude do homem está na capacidade de encontrar na rigidez
do sofrimento a flor da sua felicidade!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Carlos Afonso</span><o:p></o:p></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-50226084287527823312014-02-13T15:38:00.002-08:002014-02-14T05:22:55.239-08:00UM AMOR, UMA VIDA (dia dos namorados)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq6AdZ6BMHsuNn52BMGUUTUAjubQGSK-RcZVaQg-FGevOffAcLf3guGmUnsB8DGmmf8f2wlRMZCI8DarTIlv7pRlxKNJ43BpbEF5WlNLSQE6EWX7hqfMBTkcpfhXChg7tdSSTSXPR-n6Xu/s1600/cora%25C3%25A7%25C3%25A3o+amor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq6AdZ6BMHsuNn52BMGUUTUAjubQGSK-RcZVaQg-FGevOffAcLf3guGmUnsB8DGmmf8f2wlRMZCI8DarTIlv7pRlxKNJ43BpbEF5WlNLSQE6EWX7hqfMBTkcpfhXChg7tdSSTSXPR-n6Xu/s1600/cora%25C3%25A7%25C3%25A3o+amor.jpg" height="302" width="400" /></a></div>
<i><br /></i>
<i><br /></i>
<i>Sempre que me lançares um sorriso, eu prometo-te a minha alma. Sempre que me ofereceres os teus afectos, eu asseguro-te o</i><br />
<i>meu coração. Sempre que me deres o teu corpo, eu desvendo-te os</i><br />
<i>meus segredos.</i><br />
<i><br /></i>
<br />
O verdadeiro amor não se planeia ou elabora, guiado pelo pendor da consciência, longe da pureza dos momentos. O verdadeiro amor desabrocha de uma forma natural, bem dentro do coração, impelido por um gesto, um olhar, um sorriso sincero ou um simples instante de sorte. Mas, e tal qual as flores dos prados aceitam receber na sua intimidade a incauta abelha, para que esta dê azo ao seu destino, o homem deve deixar-se possuir pela real dimensão do amor e esperar que as nascentes não percam a sua dimensão cristalina e a aragem continue a guiar o rumo das aves.<br />
Alberto nunca pensou que aquela praça granítica, cravada numas das zonas mais emblemáticas de Braga, espaço onde muitas histórias tiveram o seu ocaso, fosse o começar de uma vida plena de confidências, partilhas e futuros sempre a cimentar. De certeza que os caminhos que o trouxeram até ali sabiam o que ia acontecer. Se assim não fosse, a noite não estaria tão amena e as estrelas só viriam mais tarde.<br />
Provavelmente, aquele olhar trémulo que Maria deixou escapar, naquele mês de Maio que o tempo gravou na correnteza dos tempos, não era destinado a Alberto. Mas isso não teve qualquer importância, pois os anjos desceram à terra e desviaram a sua trajectória.<br />
Tiveste sorte, meu rapaz!<br />
O poeta diz, e com razão, que o coração nem sempre obedece aos desígnios da razão. Ainda bem que assim é, pois, caso contrário, as flores só mostrariam o seu encanto na Primavera e os dias cairiam num enfado sem novidade.<br />
Para quem pensava regressar às terras donde nasceu, lá para os lados do Marão, no reino encantado de Trás-os-Montes, depois de concluir o seu curso na Faculdade de Filosofia, aquele encontro ocasional de Alberto e Maria inverteu o curso de um sonho de anos. A ideia de voltar como professor aos espaços da sua infância criava em Alberto uma alegria compreensível, aguçada aqui e ali pelo capricho de poder passar por esses espaços numa outra condição, arrancada a ferros de uma existência de vários anos, na companhia de muitos livros e noites mal dormidas. Mas, e tal qual a ave da ribeira descasca as bagas do zimbro, ajudada pela ingenuidade de um movimento, o olhar não intencional daquela esbelta rapariga apagou uma vontade que parecia inquebrável, e acendeu uma estrela que, e depois de muitos anos, ainda dura e, de certeza, continuará a brilhar, até que os deuses a cubram com o seu manto.<br />
Para bem dos caminhos encurvados que levam os que procuram, e aprazimento daqueles instantes que decoram os anseios dos homens, é bom saber que ainda há corações crentes em olhares sem mágoa e pudores inocentes pregados a rostos com nome, impelidos por lágrimas que nem sempre se mostram. É em torno destas circunstâncias estendidas sobre paisagens de muitas formas, e de janelas expostas à luz, que o amor aparece e, num tom de excelência, deixa bem claro que não deseja esfumar-se em restos de nada.<br />
Só é de lamentar, e se calhar a culpa é do vento, constantemente embrulhado na indefinição da direcção da sua força, que muitos compromissos se quebrem, justificados por vozes e atitudes que, geralmente, deixam muito a desejar.<br />
Não, não me acusem de ser um desenraizado dos tempos, e muito menos de um prosador sem plano, ou até de um ser qualquer que se emociona quando saboreia os sonetos de Camões.<br />
Não, não me mandem escrever rimas soltas na poeira do chão, sempre que está para chover.<br />
As minhas certezas e o meu acérrimo acreditar na força viva do amor têm todos os ingredientes necessários para contaram com a bênção do perfume das rosas amarelas, ainda antes de serem cortadas por mãos sem jeito. E sabem porquê?<br />
Porque conheço, e muito bem, as linhas com que se entrelaça o amor do Alberto e da Maria, em véspera do dia dos namorados, não questionem o atrevimento de vos deixar nas linhas desta história alguns versos que roubei a um breve momento de inspiração:<br />
<br />
<br />
<u>Sonhos de água…</u><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<u>Sonhos de água…<o:p></o:p></u></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Se me pedires a clareza de um olhar,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O meu peito abrir-se-á de par em par <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E nos rostos que nos definem<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Nascerão mil vontades de ousadias cobertas de cor e fantasias!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Depois, de certezas férteis semeadas nas almas,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Erguer-se-á, leve, a ternura das fontes e o céu esperará por nós!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Água salubre, escorrida de nuvens feitas de carícias,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Gotejará do roçar consentido dos nossos corpos,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Unidos por linhas que o tempo tecerá,<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Antes das madrugadas começarem a acordar!<o:p></o:p></div>
<br />
Carlos AfonsoCarloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-80940821092066476342014-02-09T10:01:00.000-08:002014-02-09T10:24:31.044-08:00Um pardal na neve (histórias da minha infância)*<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMtlkKXIaByvixfmtYX5b3yyGa_FBG7aukIKjztpwkTJlJFxyofgWLgP-M3epryNcEsKnxU3EDDlE9DbCeXY0FRLxVgpi1b98_dXaekgqNIVAw4vVierHEyNBoV1kYLRFLg9jzCI0uEQGi/s1600/pardal+na+neve.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMtlkKXIaByvixfmtYX5b3yyGa_FBG7aukIKjztpwkTJlJFxyofgWLgP-M3epryNcEsKnxU3EDDlE9DbCeXY0FRLxVgpi1b98_dXaekgqNIVAw4vVierHEyNBoV1kYLRFLg9jzCI0uEQGi/s1600/pardal+na+neve.jpg" height="265" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 35.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Lembro-me
como se fosse hoje…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Era
sábado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Os sábados
em Trás-os-Montes, no Inverno, às vezes, têm neve. Naquele sábado, tudo era
neve. Neve a sério. Neve e neve e neve…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Se não
estou enganado, naquela altura, eu não tinha mais de dez anos e estava de
férias na minha aldeia de Parada, concelho de Alfândega da Fé. Digo de férias,
porque, e como é habitual ainda hoje, as crianças estão de férias nas vésperas
de Natal. Eu estudava no seminário de Vinhais…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">-Filho,
hoje não saias de casa, ouviste?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Claro que
eu ouvi, mas não obedeci. Quem me avisava de uma forma tão assertiva e
preocupada era a minha madrinha Antoninha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Sem que
ninguém me visse, saí porta fora, caminhei a custo por ruas cheias de neve,
encostado a todo um casario coberto de neve. E, quando dei por ela, já estava
fora da aldeia com os meus passos enterrados na neve, e quase até aos
joelhos, neve essa que se espalhava com força por todo o caminho dos «Espoios».<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Meio
ofuscado pela clareza branca do horizonte que me cercava, enrodilhado em
milhares de farrapinhos frios que esvoaçavam por todo o lado, reparei num remexer
aflito por entre a neve, em tons de morte, encostado a uma parede já velha. E
porque queria perceber o que se estava a passar, aproximei-me.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Coitado! É
um pobre pardal!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Com algum
engenho e cuidado, retirei o pardal do sítio que o escondia por entre a neve, e
que o iria matar, e acolhi-o dentro da minha casaca castanha. Voltei para casa,
outro vez envolto por uma neve que continuava a cair sem descanso. Já no quarto,
vislumbrei uma caixa vazia de sapatos, debaixo da cama, puxei-a a custo, abri-a,
fiz-lhe uns buracos pequenos e coloquei lá o pardal. Depois, desci à adega,
retirei uns grãos de trigo de um saco e ofereci-os ao pequeno pássaro que, sem
se fazer rogado, os debicou e ficou saciado. Na manhã seguinte, o céu já estava
azul, mas cá em baixo, na terra dos homens, tudo continuava pintado de um
branco cor de neve. Coloquei a caixa na varanda, retirei-lhe a tampa e o pardal
voltou a ser um pardal a sério, enquanto o meu coração me dava os parabéns pela
minha atitude de bom menino, apesar de não obedecido às ordens de minha
madrinha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Eu sei que
os pássaros não pensam. Mas aquele pardal pensava ou, então, tinha um dom
especial que me levava a julgá-lo dessa maneira. Na verdade, o bendito pardal, e
depois do ocorrido, todos os dias, e enquanto as férias duraram, ele vinha
visitar-me. Pousava na varanda, chilreava com alguma sonoridade, como que a
chamar-me, depois saltava para dentro da caixa, que eu lá havia deixado ficar,
assim como um punhado de grãos de trigo, que ele comia com agrado. Passado pouco
tempo, talvez dois minutos, abria as asas, chilreava mais um bocadinho e
voltava para donde viera. Os espaços eram o seu reino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">As aulas recomeçaram
e eu voltei para o Seminário de Vinhais. Não tive tempo de me despedir do
pardal e ninguém me soube dar notícias do mesmo, durante as largas semanas de
estudo que se seguiram.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">O Carnaval
chegou e as férias, ainda que pequenas, também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Mal
cheguei à minha aldeia, cumprimentei os que amavam, corri para a varanda e vi o
que nunca imaginara encontrar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">A caixa de
sapatos, ainda aberta, lá estava e, dentro dela, o que restava da pobre
avezinha!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Depois desse
dia, e ainda hoje, e durante todos estes anos, tenho por hábito, sempre que vou
à minha querida Parada, lá no reino encantado de Trás-os-Montes, o reino onde
os pardais gostam de morar, subir à dita varanda, agora com novo rosto e forma,
olhar o céu e procurar, para além do mundo dos homens, o pardal que encontrara
na neve. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Pode não acreditar,
amigo leitor, mas não só o reencontro como costumo partilhar com ele o seu magnífico
voar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
*(Esta história é dedicada ao meu filho mais
novo, Carlos Manuel, e aos seus colegas de turma, Carolina, Alexandre e José
Nuno, que me inspiraram a escrevê-la, no preciso instante em que me pediram
ajuda quando estudavam as «Memórias», conteúdo obrigatório da disciplina de
Português.)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Carlos
Afonso<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-32079952520442559512014-02-07T12:38:00.001-08:002014-02-08T08:41:56.297-08:00O gato da mulher que conheceu o seu “home” no comboio de Fafe<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ1GqY7JOrAewtzjEt6huqoD66FIvQatEusuujgoLs2Ww5H4CS-4i-4TRKBHJEU_aJXp8Lm4Hz0Rvnf42JU7jXKlptMX_JZ8yjbHVyFoQIyBqafPz9aelPoIpsofhuPyPsV2DPKea6QXd6/s1600/fafe+comboio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ1GqY7JOrAewtzjEt6huqoD66FIvQatEusuujgoLs2Ww5H4CS-4i-4TRKBHJEU_aJXp8Lm4Hz0Rvnf42JU7jXKlptMX_JZ8yjbHVyFoQIyBqafPz9aelPoIpsofhuPyPsV2DPKea6QXd6/s1600/fafe+comboio.jpg" height="235" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> </span></b><span style="font-size: 19px; line-height: 21.466665267944336px;"><b><o:p></o:p>O gato da mulher que conheceu o seu “home” no comboio de Fafe</b></span><br />
<span style="font-size: 19px; line-height: 21.466665267944336px;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Ainda não
eram quatro horas da tarde e já o dia dava indícios de se querer acabar,
circunstância que era fortalecida pelo cinzento carregado que varria o
horizonte em redor. De vez em quando, muitos pingos de chuva faziam-se mostrar,
mas só às vezes, independentemente de serem desejados ou não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> No momento exato em que tudo aconteceu, e na totalidade
da hora que se lhe seguiu, do céu apenas escorregaram uma luz baça e húmida e
um ou outro pássaro meio incomodado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> E eu que até pensava que andava sozinho nesse
meu passeio pela cidade de Fafe!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Muitos são os pormenores, bons ou
maus, que me fazem parar quando ando nestas minhas demandas pela cidade. Na
verdade, gosto de sentir o que me
rodeia, nem que para isso tenha de demorar horas a percorrer centenas de metros
ou ainda menos. São opções, nada mais. Mas que me tornam mais completo e
interventivo. Lá virá o dia em que a idade
ou outro pormenor qualquer me impedirá de ver, ouvir, cheirar, provar e tocar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nessa tarde de janeiro, foi a antiga
estação de comboio ou, melhor dizendo, o que resta dela, que me fez parar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Meu Deus, a que estado ela chegou!
Bem, o edifício principal ainda continua digno, embora noutras funções, mas os
outros acrescentos, que noutros tempos tinham tanta serventia e vida, hoje não
passam de um aglomerado de restos e coisas mortas, em final de linha! E foi
nesse meu visualizar de desgraças, angústias e acentuadas nostalgias, apesar de
não ter o privilégio de ter conhecido esse outrora com comboios cheios de vida,
e agora findo, que um gato me saltou para o entendimento e bem para a frente
dos meus olhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Era um gato acinzentado e com uma
fina coleira de onde se dependurava um refinado guiso. Que gato lindo! E que rapidez!
Num ápice, e tal e qual como quem o costuma fazer muitas vezes, o esbelto animal
passou por mim a correr, saltou quase em claro o gradeado, em forma de portão,
que separa o fora do dentro do que resta da antiga estação. Curioso! Não é que o
bendito bicho, trepou ao que sobrava de um carro abandonado, no meio de outros,
e saltou para o chão. Sem querer parar, contornou, sem ignorar, uns amontoados
de pedra de calçada, misturada com terra e areia, e, na sua correria, foi posicionar-se
bem na minha frente como que a desafiar-me não sei bem para quê. Ou sei?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">- Raio do gato, lá anda ele outra vez
com as suas maluqueiras! Qualquer dia…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quem assim dizia era uma velha
senhora, meia despenteada, cosida a um casaco bem castanho e com um guarda-chuva
preto na mão. Era a dona do gato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> - Sabe,
senhor, o meu gato é meio esquisito, de vez em quando, prega-me estas partidas.
Foge de casa e vem para aqui. Não quer o amigo saber que sempre que chego onde
agora estou, ele lá está, precisamente naquela postura. Está ver? Qualquer dia…
- adiantou-me, sem papas na língua, a velha senhora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Mas o que o
é que ela quereria dizer com tão estranha expressão e sempre incompleta? «Qualquer
dia…»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> -Sabe – e sem
que eu lhe perguntasse nada – eu ainda me lembro de como tudo isto era…Gente a
partir, gente a chegar… Este comboio era uma riqueza, uma festa. Agora só há
para aqui restos. Qualquer dia…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> - A senhora
mora aqui perto! – Perguntei-lhe eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> - Moro ali
mais abaixo, mas venho muitas vezes aqui, pois o raio do gato… Sabe, foi neste
comboio de Fafe que conheci o meu “home”. Eu vinha de Guimarães, eu tinha lá
uma irmã… ela já morreu, mas ainda lá tenho dois familiares e… eu acho que era
uma sexta e calhou sentar-me no banco do lado esquerdo… não. Era do direito.
Não interessa. O que eu sei é que ao meu lado estava um rapaz um pouco mais
velho do que eu e… Não desfazendo, era um belo rapaz! A vida tem destas coisas.
Só sei que cinco meses depois eu já era a mulher dele. Coitado, já morreu há dois anos. Morreu ele,
morreu o comboio e qualquer dia morro eu. Não quer você saber que o primeiro
presente que ele me deu foi um gato igualzinho a este. Este malandrete, que
anda sempre “prá`qui” a fugir é descendente desse gato que o meu “home” me deu.
Eu às vezes até tenho medo que…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> E mais uma
vez a velha senhora não acabou o que ia a dizer. Pois, e mal o gato correu na
nossa direção e, com certeza voltava para donde viera, ela apressou-se a
segui-lo. Ao longe, ainda consegui escutar de uma forma bem clara, o que já
havia dito e redito:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> - Qualquer
dia…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Ora bem! Se
o gato foi para casa e a velha senhora também, na altura, pensei para com os
meus botões que estava na hora de regressar. É que da estação até ao sítio onde
moro ainda era um bom pedaço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> E porque a
história não podia acabar assim, apenas acrescento que seria de bom agrado que se
olhasse para o que resta da antiga estação e se desse por acabado todo aquele
retrato incompreensível. Está na hora de dar melhores vistas a um espaço que já
foi uma porta de excelência de Fafe. Uma porta que trazia o mundo a Fafe e que levava
Fafe para o mundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Por que não implantar naquele lugar tão
emblemático para Fafe uma locomotiva pedagógica ou um museu temático ou algo de
parecido… Vá lá, nem que seja em homenagem ao “home” da velha senhora e ao amor
que um dia o comboio de Fafe ajudou a nascer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Senão… qualquer dia…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Para finalizar, e juro que não digo
mais nada, amigo leitor, peço uma atenção para um excerto que, num belo dia de
1911, o “Almanaque Ilustrado de Fafe” publicou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">«Como
é bom recordar! Parece que foi hontem e já lá vão três annos! Transcrevemos
para aqui parte do que sobre tão grato motivo dissemos no nº 749 do Desforço de
1907 (…)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
CHEGADA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Aos
primeiros silvos das locomotivas, tudo rejubila. São duas, conjugadas, que se
denominam «Porto» nº 5 e «Negrellos» nº 2, a rebocarem 17 vehiculos. Ao
apparecimento, na ultima curva, quando os silvos redobram e o penacho de fumo
se torna mais intenso, a alegria é então dilerante, chega ao seu auge o
contentamento!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E’
uma hora e 20 minutos quando o comboio entra nas agulhas da estação por entre
filas de povo. O enthusiasmo, a esta hora feliz para Fafe, é indescritível!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Aquelle
acenar de lenços, aquella animação, aquella vivacidade, aquellas acclamações,
tudo aquillo que se não pôde anotar, oh! Era sublime!!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sublime,
sim!!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Nós,
que fomos uns pugnadores do caminho de ferro para Fafe, que temos anciado para
o nosso torrão natal esse melhoramento indispensável, ao ver chegar o comboio
inaugural, fomos apossados de tanta alegria, que quasi se nos estonteia o
espírito! Ah! É que víamos triumphar uma das nossa maiores aspirações!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E
as bandas fazendo ouvir os seus sons musicais, vibrantes, pareciam exprimir o
que nos ia n’alma; o dynamite, estralejando nos ares, annunciou ao longe o
nosso enorme contentamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No
comboio inaugural vinha um grande numero de convidados, de que os jornaes
diários teem dado nota e que por isso achamos supérfluo aqui reproduzir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">As
locomotivas chegaram adornadas com bandeiras e tropheus, a gosto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A
da vanguarda, a nº 5, trazia a dirigi-la o engenheiro sr. Francisco Ferreira de
Lima, que trajava de machinista, e o chefe de tracção e officinas sr. Joaquim
Lopes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Acompanhava
o comboio uma banda de musica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Na
cauda vinha uma carruagem-salão, em que tomaram logar, alem do pessoal superior
da Companhia e outros cavalheiros, a commissão das festas, que daqui foi a Paçô
fazer a espera.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ao
apeiaren-se, o sr. Conselheiro Florencio Monteiro foi o que iniciou os vivas,
que proseguiram, correspondidos sempre com ardor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Em
seguida, no estrado, onde permanecia a câmara, depois de trocados muitos
cumprimentos, discursa o director da Companhia sr. Reis Porto, que, fazendo o
elogio da nossa terra declara aberta á exploração a linha férrea.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Termina
por levantar vivas a Fafe e ao seu povo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Seguiu-se-lhe
o presidente da câmara sr. Dr. João Leite de Castro, que discursa sobre os
benefícios da linha trazidos a Fafe, melhoramento que há muito todos nós
aspiramos, e attribue esse melhoramento á boa vontade do sr. Conde de Paçô
Vieira e do extinto Soares Velloso, e simultaneamente, á intelligencia e
actividade do sr. Reis Porto. Concluindo, saúda o povo de Fafe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E’
depois lido o auto inaugural pelo guarda-livros da Companhia sr. Francisco
Garrido Monteiro, que, cavalheiros de Fafe, Guimarães, Porto we Graga,
assignam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Depois
disto, partiu a comissão das festas, pessoal da Companhia e convidados,
seguidos por duas bandas de musica, para a villa. Os vivas, que tinham sido
levantados no estrado, proseguem – ao sr. Reis Porto, á Companhia do Caminho de
Ferro, engenheiro Lima, aos hospedes de Fafe, e outras individualidades, - que
são correspondidos com indiscrptivel enthusiasmo. Immediatamente marcha a
corporação dos bombeiros com a sua banda, que tinha feito a guarda d’honra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Muito
povo acompanha»<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Às vezes, não entendo progresso! São coisas...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Carlos Afonso<o:p></o:p></span></b></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-31942704392380813882014-02-03T13:59:00.000-08:002014-02-03T14:03:15.432-08:00«Palavras, Frases e Expressões do Minho Profundo», uma obra de todos os tempos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNeWPYcDEaUvBIl36MKyZH_FfSIibq8X1038266_g7BOro_bwDGsMcin0Z4CGYndgBYmUpZ142v-TZaZBV5622ndoDZJYwYxAnWLIbqFQxAc7CqmGvcECrUKYImDdtSWAmW4WwoEEtfJeq/s1600/imagem+Z%C3%A9+Augusto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNeWPYcDEaUvBIl36MKyZH_FfSIibq8X1038266_g7BOro_bwDGsMcin0Z4CGYndgBYmUpZ142v-TZaZBV5622ndoDZJYwYxAnWLIbqFQxAc7CqmGvcECrUKYImDdtSWAmW4WwoEEtfJeq/s1600/imagem+Z%C3%A9+Augusto.jpg" height="245" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> No passado
dia 31 de janeiro, tive a honra de apresentar mais uma obra do meu grande amigo,
professor José Augusto Gonçalves, e desta vez, em colaboração do meu colega, o
professor Amâncio Novais. Ambos nos debruçamos no assunto/tema, dimensão linguística
e visão pedagógica do livro</span> <i><u><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Palavras, Frases e Expressões do
Minho Profundo. </span></u></i><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sem
sombra de dúvida que esta tarefa foi deveras fascinante, tendo em conta a
grandeza e a vernaculidade do trabalho em causa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É importante evidenciar o fervilhar
cultural que em Fafe se vive, nestes últimos meses, concretamente no que toca ao
assomar, à luz do dia, de certas obras centradas no património regional. Na
verdade, e numa altura em que Portugal “Anda c`o a mosca”* e “Andémos p`rá `qui
desmangados”,* eis que surgem nos nossos horizontes certas publicações, tal
qual pedras vivas e bem rijas da nossa existência, pertença do nosso povo,
pregadas às folhas inocentes de vários livros, nestas nossas formosas terras de
Fafe. E, como exemplo, podemos salientar as seguintes: <u>«Santa Maria de
Aboim, o olhar sincero do Minho»,</u> coordenado por mim em coautoria com
historiadores e prosadores de Fafe; <u>«Fafe, meu amor» </u>de Artur Coimbra; <u>«Fafe,
História, Memória e Património» </u>de Daniel Bastos, Paulo Teixeira e José
Pedro, assim como o trabalho do professor João Ferreira, centrado nos dialetos
de Fafe, entre outros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> «Quando o passado não ilumina o futuro, o
presente vive nas trevas» </span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- (Alexis de Tocqueville).</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">- Por que raz</span></b><b><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">ão, o autor escreveu este livro?</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">*“Vivências do
passado: que nostalgia!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Costumes do passado: que ousadia!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Linguagem do
passado: que categoria!”<u><o:p></o:p></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> A obra</span> <span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Palavras, “<i>Frases e Expressões do Minho Profundo”</i>, que temos nas mãos, é muito
mais do que um aglomerado de páginas pintadas, ele é um dicionário de vidas,
contadas oralmente. Um livro escrito com alma, saudades, experiências,
histórias, louvor, respeito, amor e CARINHO por todo um povo que habita um
pedaço deste Minho profundo e que representa o que de mais puro e belo se
encontra no homem, especialmente na sua faceta que o faz chorar, rir, dormir,
falar e sentir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Sem sombra de dúvida que toda a essência
que deriva deste livro escorre direitinha para a certeza de que estamos perante
um verdadeiro tesouro do nosso Património Cultural, e que temos a obrigação de
preservar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> E como refere o professor Abílio
Peixoto, no seu artigo do Diário do Minho, <u>«José Augusto, apresenta-nos um
autêntico “tratado” de fonética (…) de incalculável valor etnográfico e linguístico”.</u><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Este Manual
de Vida mostra claramente o linguajar de um povo retirado do dia-a-dia dos
falantes que habitam no meio dos montes, o Minho recôndito e profundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Na literatura de todos os tempos, a simbologia
dos Montes pode remeter-nos para esconderijo, lugar mais inacessível e elevado.
Os montes podem oprimir, pela sua faceta de impedir de caminhar. O
desenvolvimento pode chegar mais tarde ou não conseguir transpor as ladeiras
acentuadas. A ruralidade pode apertar mais os rostos. Mas, e é isso que nos
interessa agora, <u>os Montes do nosso Minho escondido salvaguardaram toda uma
linguagem oral que já se falava no início da nossa nacionalidade, e que
continua com os mesmíssimos sons e sentidos.</u> A vernaculidade do linguajar
do nosso povo é deveras fascinante. Até parece que os séculos não passaram. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Igualmente a Lei do menor esforço
continua a existir como acontecia há centenas de anos, permitindo que o falar
se torne mais rápido e fluído. Esta técnica assentava no suprimir letras/sílabas,
ou no interligar de palavras. O nosso povo continua a seguir estes ensinamentos
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Podemos dizer que os séculos
passaram, mas o linguajar das gentes do Minho profundo continua na sua pureza
inicial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Meus amigos, estamos perante um
fenómeno vivo que o tempo não foi capaz de alterar. Os MONTES protegeram as
nossas origens, e o professor José Augusto mostrou, com veemência, esta certeza,
ao gravar na sua obra todo o linguajar do povo do Minho profundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Uma das maiores grandezas deste
Dicionário de vidas feito, escrito com sons e coração, é ter a capacidade e
ousadia de nos contar histórias que nos fazem rir e chorar, pensar e bailar,
sentir saudades e olhar o céu, para além dos montes, tal como acontecia na
poesia medieval.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Também podemos encontrar em <u>Palavras,
<i>Frases e Expressões do Minho Profundo</i></u>
narrativas, plenamente reescritas com as categorias de qualquer diegese,
vividas quase em primeira pessoa, o que prova que não estamos perante um
narrador heterodiegético, mas sim um narrador, autodiegético e omnisciente. Acrescentamos,
então, que temos à nossa frente um verdadeiro contador de histórias, que pega
numa simples palavra e, com o engenho e sabedoria de um alquimista, a transforma
em ouro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Para concluir, quero apenas adicionar, ao que
tenho estado a dizer, que mais do que um produto final, de uma colheita
qualquer, <i><u>Palavras, Frases e
Expressões do Minho profundo</u></i> do professor José Augusto é a semente de
futuros esforços a serem promovidos por todos os promotores culturais da Nossa
Terra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É URGENTE continuar a recolher,
organizar, vivenciar e divulgar todo o tipo de tradições orais da nossa terra.
Contos e poemas populares, lendas, adivinhas, lengalengas, anedotas,
provérbios, orações, e canções tradicionais… Todo um património que vai
morrendo a cada dia, à medida que morrem os únicos detentores desse
conhecimento: os nossos pais, os nossos avós e os nossos bisavós. <u>Todo este
trabalho deve ser feito com rigor e coração e sempre com o respeito e o cuidado
de preservar aquilo que é a identidade cultural dum povo.</u><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><u><br /></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><u><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">«UM POVO SEM MEMÓRIA É UM POVO SEM FUTURO»<o:p></o:p></span></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><u><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></u></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">- Parabéns, meu amigo José Augusto, e
obrigado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">*</span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">expressões
retiradas do livro <i><u>Palavras, Frases e
Expressões do Minho Profundo </u></i>de José Augusto Gonçalves</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Carlos Afonso</span></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-61951530738320001832014-01-26T13:18:00.001-08:002014-01-26T14:30:24.449-08:00 UMA TARDE DE DOMINGO EM MIRANDELA<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWlTzy7_mTkw-wUaXvCPcsSpPyANqkQA76Hn7bNo5wtkjaAeyluk9omP42HNH5_bdkU0FoPC3AnriJb1d3BUCcRgOwA9ZyxNYbuBHS2v_7lQVOpRS8i0UDJR43_LNQLO7_ny58Z_rilfrM/s1600/mirandela+foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWlTzy7_mTkw-wUaXvCPcsSpPyANqkQA76Hn7bNo5wtkjaAeyluk9omP42HNH5_bdkU0FoPC3AnriJb1d3BUCcRgOwA9ZyxNYbuBHS2v_7lQVOpRS8i0UDJR43_LNQLO7_ny58Z_rilfrM/s1600/mirandela+foto.jpg" height="281" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i> (Das minhas lágrimas ao sorriso de um homem velho…)</i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os
domingos, às vezes, mostram-nos que as lágrimas e os sorrisos são irmãos gémeos,
apesar das circunstâncias que os motivam serem diversas e nem sempre justas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Neste
domingo de janeiro, dia 26, desloquei-me com a família a Mirandela com o
objetivo de visitar uma doente muito querida, que se encontra internada no
hospital desta cidade transmontana. A doente de que falo, caro leitor, é a minha
madrinha, a Dona Antoninha, uma das mulheres que mais amo neste mundo e a maior
doceira de Trás-os-Montes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Vítima de um
derrame cerebral, esta idosa senhora de 89 anos, a minha querida madrinha,
recebeu-me numa indiferença não costumeira, apenas porque a maldita doença que
a colheu assim lho permitiu. Beijei-a na testa, acariciei a sua mão esquerda
com a minha mão direita, e apenas recebi, em troca, um abrir de olhos distante.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Os meus olhos
choraram! O meu coração tremeu! Mas a razão, na lucidez que a define, puxou-me
o entendimento e pediu-me contenção e uma postura de homem. Querendo fazer figura
de forte, tentei obedecer, mas o meu sofrimento queria chorar mais!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Durante o tempo que estive naquele quarto
abafado de hospital, e sempre que olhava a quietude parada e pálida da minha
amada madrinha, a minha memória de adulto descontrolava-se de vez em quando e
saltava para um passado de muitos anos, e algumas recordações de renome vieram
à tona da minha existência. De todas as recordações que se abeiraram de mim, a
que me deu mais saudades, no meio da minha angústia, foi aquela em que a minha
madrinha, no tempo em que tinha apenas nove anos, me fizera um pedido bem
singular.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- Meu filho,
queria tanto que fosses padre! Depois eu ia contigo… Sabes, meu filho, amanhã
vais comigo arranjar o altar da igreja e…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não aguentei
mais! O tempo voltou aos minutos do domingo de 2013 e as lágrimas voltaram em
força. Para que ninguém notasse, fixei a janela e deixei-me levar pelo voo de
um pássaro, que não consegui determinar a espécie… Seria um estorninho?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Antes de sair
do quarto onde minha madrinha jaz quase sem vida, pois a hora da visita tinha
terminado, ainda tive tempo de lhe dar um outro beijo na testa. Nesta despedida
já não chorei, mas disse-lhe baixinho:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- Madrinha,
tens a pele tão macia… Amanhã eu volto… Sabes, Madrinha, não foi o Duarte que
comeu a marmelada, fui eu… Desculpa só dizer-te a verdade, hoje, passados
tantos anos, mas… <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Como os meus
filhos quisessem merendar, mal saímos do hospital, dirigimo-nos para o centro
da cidade, calcorreando a ponte velha. O rio Tua dormia no seu leito,
indiferente a tudo. No céu, o sol mostrava-se envergonhado. Num passeio, encostada
à grade da ponte, uma rapariga olhava para um livro bem aberto. Umas tantas
pessoas erravam pelo tabuleiro já gasto. E, sem aviso prévio, do outro lado da
velha ponte começou a sentir-se um alarido musical crescente. Eu já sabia a
causa daquele barulho todo. Na televisão que estava colada à parede da portaria
do hospital, reparei que mostrava um programa televisivo que estava a acontecer
em direto do centro de Mirandela. Era o «Portugal em festa» da SIC.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Os meus filhos
e a minha mulher entraram numa pastelaria. Eu disse que não tinha fome e que ia
dar uma volta. Caminhei na direção do local onde estava a acontecer o programa
de televisão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No jardim, as
oliveiras já não tinham o seu fruto de eleição, as lojas tradicionais
enchiam-se de «Alheiras de Mirandela», «Azeite de Mirandela», «Pão de Mirandela»,
«Folar de Mirandela». Não sei porquê, lembrei-me de um pormenor bem evidente em
Fafe. Eu nunca vi nas ementas expostas nos restaurantes de Fafe a frase que aí
devia estar - «Vitela assada à moda de Fafe». Desculpe, amigo leitor, este leve
desabafo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Bem na
confusão do «Portugal em festa», reparei em muita coisa. As crianças dançavam! As
mulheres estavam felizes! O apresentador da SIC José Figueiras vestia calças
vermelhas. O cantor Toy limpava o rosto com um lenço e…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A dada altura,
e quando já decidira regressar e ver se os meus filhos e mulher já tinham
lanchado, e podermos, assim, voltar para Fafe, um homem velho, abeirou-se de
mim, cumprimentou-me e, com um sorriso do tamanho do mundo, disse-me:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- Sorria,
amigo. Olhe que festa bonita! As tristezas não pagam dívidas. Anime-se, homem.
Quer ir beber um copo comigo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não fui beber
um copo com o velho homem, mas, muito a custo, sempre consegui recompor a alma,
apagar a leve angústia que insistia em molhar-me o rosto e SORRIR.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Carlos Afonso<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-21556454379226910462014-01-23T15:42:00.002-08:002014-01-23T15:42:40.311-08:00E O VENTO VOLTOU E O SONHO MUDOU...<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRweqYfpFfp3UW2m3vGnBav54KRK_oUahI8fJZ_ixW77cLe22D-cBYVxuxz4GjXVN21jqG19E6MSHNks_jl5qC3w5KPS8hKm9TntWMQoqgwE2KGWhyphenhyphenZFmO47cnUXLg91_N4g6mLnE6Ram0/s1600/vento.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRweqYfpFfp3UW2m3vGnBav54KRK_oUahI8fJZ_ixW77cLe22D-cBYVxuxz4GjXVN21jqG19E6MSHNks_jl5qC3w5KPS8hKm9TntWMQoqgwE2KGWhyphenhyphenZFmO47cnUXLg91_N4g6mLnE6Ram0/s1600/vento.jpg" height="232" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Na vida de muitas histórias,
encontramos certas palavras que, e dadas certas circunstâncias, são obrigadas a
mudar de lugar na frase, para que o enredo das mesmas possa evoluir e chegar a
um epílogo qualquer, ainda que nem sempre o mais acertado, subjetivamente
falando, claro está. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Ora bem! Este meu parágrafo inicial tem as letras necessárias para um qualquer introito,
de uma qualquer história, inspirada num qualquer contexto, ocorrido num dia
qualquer, no preciso instante em que o vento nos bate de frente
e nos obriga a redefinir o caminho a seguir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">C.A</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<o:p></o:p>Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-42778394598949913592014-01-17T07:12:00.003-08:002014-01-17T10:41:08.769-08:00O SORRISO DO REI…<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeyq5Y1sQfAvSqJDtPSE0no8m1Sry8rdpVjKxX40al6h-2mKs_1wFjzO3WqZls-5tDBKxcAo72h9ybxfMTZNMEOwHma90aLKV6osEkeBwx3u1hySJuBsDbBU-MvUehLn5IAus5dUVUOcbj/s1600/fafe+antigo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeyq5Y1sQfAvSqJDtPSE0no8m1Sry8rdpVjKxX40al6h-2mKs_1wFjzO3WqZls-5tDBKxcAo72h9ybxfMTZNMEOwHma90aLKV6osEkeBwx3u1hySJuBsDbBU-MvUehLn5IAus5dUVUOcbj/s1600/fafe+antigo.jpg" height="252" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i>“(…)as soluções, às vezes, estão bem perto
de nós. Basta, apenas, entender a verdade que nos cerca: as raízes de um povo;
a naturalidade das paisagens (…)”<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Neste mundo de
Deus, e de todos os que o habitam, há muitos enredos de histórias que nos dão
interessantes certezas. E esta asserção é tão exata que não é preciso pedir às
pedras que falem, aos rios que voem ou às flores que ignorem a primavera. O
elementar é saber descortinar as soluções acertadas, a partir de indícios ou
sementes que nos lançam para as mãos. Não admira, por isso, que eu queira
partilhar convosco o que se me desapegou da inspiração:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
«Era uma vez
um rei que morava numa terra já quase sem nome, onde os seus súbditos já quase
não sonhavam e onde as estações do ano já não sabiam o momento exato para se
darem ao desfrute. Não era de estranhar que o monarca, que já governara esta
terra no tempo das vacas gordas, agora, nestes acinzentados momentos, não
tivesse paciência para escutar os conselhos inconsequentes dos seus
conselheiros ou esperar, em vão, que as suas vinhas voltassem a dar suculentos cachos
e os seus trigais, muito cereal. Às vezes, quase que lhe apetecia despojar-se
da sua realeza e afogar-se na desistência, mas, quando voltava a si, apertava a
mão direita de encontro à espada, que já tinha sido do seu avô, e só pensava em
queimar a praga peganhenta, que o apertava, e voltar a erguer o seu país.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Um dia, e
depois de muito penar no meio de tanta apatia existencial, decidiu por pernas
ao caminho e descobrir, por sua própria conta, um final feliz para os seus
desígnios. Andou, andou, mas o naco de pão, que levava na algibeira, já não
tinha sabor. Andou, andou, mas o cavalo, que o transportava rapidamente, já não
tinha mais força. Andou, andou, mas a lua, que lhe emprestava a luz, cegara de
vez. Andou, andou, mas o sentido dos caminhos, que lhe apontava a meta,
esquecera o rumo. Pobre rei!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Já gasto pela
desesperança, ordenou aos seus propósitos que, se não encontrasse um fim
desejável para tão insustentável situação, deixaria, e agora sim, de ser o que
era e não mais se importaria com o destino dos seus súbditos ou as insígnias do
seu brasão. E ponto final.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Passada a
noite, e depois a manhã, e no preciso instante em que passava entre um outeiro
e um vale, o rei reparou num pequeno espaço, torneado por um insignificante
muro de pedra, e que tinha, em todo o seu interior, um verdadeiro paraíso. Com
os olhos, que a terra lhe há de comer, enxergou, encostado a uma cerejeira
florida, um velho homem a dormir, com um corroído livro no regaço. Em redor do
ancião, mas dentro do dito quintal, viu ainda outras árvores repletas de cor e
vida, pedaços de terreno com fartos legumes de época, um pequeno poço de água
cintilante, algumas alfaias agrícolas, um gato estendido ao sol e muita
passarada pousada nos ramos a chilrear. Era, de facto, um ambiente repousante e
acolhedor, que contrastava, claramente, com a sua inquietude de monarca aflito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Num ápice, sua
senhoria bateu as palmas para ver se chamava a atenção do velho, mas nada. Repetiu,
tornou a repetir o jeito e só lá para quinta vez é que obteve resposta.
Perseverante nas suas palavras quis logo ali saber a razão de tamanha acalmia,
pureza e fartura. Calmoso, em toda a sua compostura, o velho homem, dirigiu-lhe
a atenção, sorriu, abriu o livro, leu qualquer coisa, fechou-o e, sem se
levantar, sempre adiantou:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- Desculpe-me
a cortesia, mas estava a dormir e os meus ouvidos escutavam outras certezas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ainda
pertinente, o rei logo contrapôs:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- Mas tu não
sabes que os habitantes deste grande reino, de que eu sou o suserano, andam
tristes e sem sonhos? E só tu, com essa atitude, pareces viver num mudo à
parte? Qual é a razão do seu sorriso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- Desculpe-me,
real senhor, se vos ofendi. Eu moro aqui perto, este é o meu quintal, e o meu
sorriso é verdadeiro. Ele vem da felicidade que me mora na alma, dos
sentimentos que retiro dos livros que leio, da grandeza a que se apegam as
minhas memórias, do perfume que se solta das flores, do canto que oiço das
aves, da clareza que me oferece o sol, e de eu continuar a poder dormir as
minhas sestas – esclareceu o velho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O rei, agora
com uma voz mais humilde, quase lhe implorou:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- Como já
reparaste, eu ando preocupado com o mal que me cerca, e não encontro soluções
para o meu reino. Gostaria que me explicasses melhor o que acabaste de dizer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Perante a
insistência do rei, o velho ergueu-se com agilidade, convidou-o a entrar no quintal
e pediu-lhe que o acompanhasse até ao poço. Depois, pediu à passarada que
chilreasse mais baixo, encheu uma pequena vasilha de água fresca e
ofereceu-lha. De seguida, acrescentou:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
- Sua
majestade, farei o que me pedis, mas antes quero que proveis desta água e depois
gostaria que sentísseis a realidade que vos cerca.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Durante algum
tempo, o velho e o rei foram conversando, ao mesmo tempo que a tarde ia
avançando. Já bem perto da noite, um silêncio especial começou a aproximar-se
dos dois, facto que facilitou escutar e ver o que há muito tempo não se sentia: O SORRISO DO REI.»<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Caros
leitores, pelos vistos o nosso rei sempre encontrou a cura para os seus males.
Afinal, e como foi bem percetível na pequena história, as soluções, às vezes,
estão bem perto de nós. Basta, apenas, entender a verdade que nos cerca: as
raízes de um povo; a naturalidade das paisagens; os ensinamentos de um livro; a
espontaneidade das aves; a frescura das nascentes; a história das fachadas; o
silêncio de um pôr-do-sol; a fragrância das tílias ou o saber de um velho. É
aí, aí que a felicidade existe e o amor sorri…<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Carlos Afonso<o:p></o:p></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-3133612825452306602014-01-10T11:46:00.000-08:002014-01-10T11:49:30.354-08:00No dia em que os cegos começaram a ver…<div style="margin-bottom: 13.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 13.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgqcScQ52mYjkVLUv1ofmswl5G3g5Y7qKtlMZZyMJAKpKQMxfVEtftClLOLSWyYW5x2_kAaDX831gY-ThJxovSbXFE8JkPSU9lO8RQTo0slVHU3yzBTjuQjVAGLODIZSTwJ0qI4q_SUFqu/s1600/olhos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgqcScQ52mYjkVLUv1ofmswl5G3g5Y7qKtlMZZyMJAKpKQMxfVEtftClLOLSWyYW5x2_kAaDX831gY-ThJxovSbXFE8JkPSU9lO8RQTo0slVHU3yzBTjuQjVAGLODIZSTwJ0qI4q_SUFqu/s1600/olhos.jpg" height="211" width="400" /></a></b></div>
<br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Neste mundo de Deus, há vários tipos de
cegos: os que não veem, porque os seus olhos se cerraram para a luz; os que não
enxergam, porque o seu entendimento não os autoriza; os que não contemplam,
porque não lhes interessa ver; os que não descortinam, porque lhes esconderam o
sol; os que não avistam, porque lhes arrancaram os destinos e por aí fora. O
que vale é que o mundo também se contempla com a alma, os gestos e o coração.
Os olhos são apenas uma simples circunstância, no meio da farta paisagem que é
o mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Francisco, já farto de tanta
insensibilidade, e até algum desprezo insano, por parte dos colegas de
administração, deu um murro na mesa, fechou o livro e disse:<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">- Até amanhã.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Saiu apressado da sala de reunião. Ignorou
o elevador. Desceu as escadas. Atravessou o átrio. Não cumprimentou o porteiro.
Virou à direita. Contornou o gradeamento da empresa. Entrou no café. Sentou-se
na mesa mais afastada do balcão. Pediu um café. Esperou um pouco. Tomou o café
de um só sorvo. Esperou mais um pouco. Cerrou os olhos. Ignorou o espaço que o
sustinha. Olhou no escuro e, após breves instantes, sorriu.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O que será que ele via? Como se pode
justificar tão estranha atitude? Será que uma demência qualquer se apoderou do
seu comportamento?<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Deixemo-nos de deduções e mergulhemos no
seu sorriso.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Bem no fundo da sua fúria, causada pela
insensibilidade dos seus colegas que não perceberam as suas reais intenções, um
sol esverdeado ergueu-se no horizonte e a empresa onde trabalhava o Francisco
deu sinal de si. A quase certa falência da mesma levara a que algumas
hipotéticas e necessárias soluções fossem apresentadas na reunião da administração.
Claro que Francisco trouxe a sua.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Ora se os brinquedos que a sua empresa
produzia não estavam a ter a aceitação desejável no mercado, havia que
redefinir as estratégias e promover a criatividade. Talvez assim as coisas
mudassem de sentido. Foi a pensar nesta possibilidade que o nosso trabalhador
da Brincogal orientou as suas disposições.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">E por que não associar aos brinquedos
excertos de textos de vertente literária? Por exemplo, inserir, numa face dos
pequenos, comboios um excerto do poema de Fernando Pessoa que fala do comboio
“E assim nas calhas de roda/Gira, a entreter a razão/Esse comboio de corda/Que
se chama coração”. Ou gravar um excerto do poema “ Trova do vento que passa” de
Manuel Alegre num brinquedo que sugerisse vento. Ou nos brinquedos de praia,
excertos, que falassem de ambientes marítimos, de textos de Sophia de Mello
Breyner, e por adiante. Assim sendo, poder-se-ia dizer que se estaria perante
textos-objecto, com carácter lúdico, pedagógico, literário, carregados de
pedaços de vidas. Um dia, quando o brinquedo perdesse a sua utilidade de
brinquedo, poderia transformar-se em recordação de estante ou na alma de um
poeta. Um dia, quando a criança já não visse no brinquedo a serventia de
brinquedo, olharia para ele como a página de um livro ou um suspiro de coração.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Era este sonho todo que morava nos
propósitos de Francisco, e que nesse seu cerrar de olhos conseguiu ver, numa
outra realidade. Não é preciso acrescentar que nesse dia, e depois de tomar
aquele café, e depois da incompreensão dos seus colegas, que o imaginativo
trabalhador salvou a sua empresa. Sem sombra de dúvida que o que ele viu e
constatou, bem dentro de si, cheirava a um futuro de verde pintado. E porque
podia vir a ser útil, e porque eu, narrador de serviço, lho facultei, o nosso
amigo roubou do seu produtivo devaneio uma pequena recordação. Era apenas um
velho brinquedo, um pequeno carrinho de mão, já rachado, mas que trazia gravado
bem no seu interior uma quadra de António Aleixo: “Porque a vida me
empurrou/caí na lama, e então/tomei-lhe a cor, mas não sou/a lama que muitos
são.” Era, sem sombra de dúvida, um excelente antigo brinquedo, carregadinho de
moralidade e estilo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Quando Francisco reabriu os olhos, a
existência, a que nós lhe chamamos realidade, mostrou-se-lhe benignamente
airosa. Mais convicto do que nunca, voltou para a empresa. Cumprimentou o
porteiro. Subiu as escadas e foi ao encontro dos colegas de administração, que
ainda se encontravam, à procura não sei do quê, no mesmo sítio onde os havia
deixado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Admirados, estranharam este voltar de
hoje, e não amanhã, sorridente e, estranhamente, persuasor. Sem mais, Francisco
colocou o tal carrinho de mão em cima da mesa, sentou-se e entregou-se ao
silêncio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Cada vez mais atarantados, e sem palavras
para dizerem, os companheiros de sala entreolharam-se e repararam que as
cadeiras se começaram a tornar incómodas. A dada altura, o colega que estava
sentado à sua direita, aquele que mais o gozara na primeira reunião, prestou
atenção ao objeto que Francisco trouxera, e sempre disse:<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">- Que interessante! Onde arranjaste isto?<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Certo do que ia dizer, o nosso amigo pegou
no que restava do brinquedo, e que agora acolhia a quadra de António Aleixo, e
declarou para todos os cantos da sala, assim como para os presentes:<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">- Como não entendestes a minha proposta
para salvar a empresa, e porque o vosso discernimento não vos deixou ver a real
natureza do meu projecto, fui buscar a maquete a casa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Nesse mesmíssimo momento, e tal qual o
campo ressequido bebe as prenhes gotas de água, e mata a sede, os companheiros
de administração do Francisco abriram os olhos e deixaram de ser cegos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Carlos Afonso <o:p></o:p></span></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-26058581532774845852014-01-04T10:26:00.000-08:002014-01-04T12:33:18.826-08:00«Da ideia JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE ao projeto JORNADAS CULTURAIS DE FAFE<div align="center" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeYytFlu71JBtZFUtTcQ_gSLXybZAfPpDJ8ajGopytFqu9lFo0tzR-vmz8KN_g680Quq9s3gjyB8rMLiZoCU0jmbb8-In0BihI61y_T-951B1m9l1sayMSikMlFoqxuJi0bCnVTgBOjXxI/s1600/imagem+fafe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeYytFlu71JBtZFUtTcQ_gSLXybZAfPpDJ8ajGopytFqu9lFo0tzR-vmz8KN_g680Quq9s3gjyB8rMLiZoCU0jmbb8-In0BihI61y_T-951B1m9l1sayMSikMlFoqxuJi0bCnVTgBOjXxI/s400/imagem+fafe.jpg" width="400" /></a></div>
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<u><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">(Este
texto surge da necessidade de dar algumas respostas e esclarecimentos às muitas
perguntas que me têm sido dirigidas, nestes últimos tempos, por parte de professores,
Presidentes de Junta, responsáveis de várias associações culturais e outras
pessoas em particular, relativamente às próximas Jornadas Literárias de Fafe, a
realizar em 2014.)<o:p></o:p></span></u></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">Um
grande poeta português escreveu um dia que os MITOS não se inventam, eles nascem
e crescem de acordo com a vontade e a necessidade de um povo. E se assim é, não
admira, no meu modesto entendimento, que Fafe também tenha vivenciado esse
destino ao longo da sua história. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt;"> Desde
há uns anos para cá que em Fafe está a ser construído um projeto cultural,
sempre em crescendo, com objetivos claros e dignos, cuja seiva que o vai
alimentando advém do suor, sonhos, alma, tempo e coração de muitos fafenses.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14pt;"> Ainda me lembro a hora e o local
como tudo começou. Estávamos em outubro de 2009, numa aula de Literatura
Portuguesa, altura em que questionei os meus alunos acerca do que iriamos fazer
no Projeto Individual de Leitura, componente obrigatória da disciplina. Numa
resposta visionária, uma aluna adiantou-me que podíamos estudar os escritores
de Fafe e “(…) fazer algo como umas Jornadas Literárias, professor(…)”. Bendita
a hora em que a minha aluna disse o que lhe nascera no entendimento, pois, e a
partir daí, a nascente do rio começou a jorrar e nunca mais deixou de correr.
Assim, e logo em março de 2010, a Escola Secundária de Fafe, o ventre materno
das Jornadas, interligou-se com a Câmara Municipal e, em parceria, começaram a
erguer tão importante construção: <b><i>as Jornadas Literárias de Fafe.</i></b></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><i><span style="font-size: 14pt;"> </span></i></b><span style="font-size: 14pt;">Se no início o rosto do evento, ainda a
dar os primeiros passos, era apenas literário e muito ligado aos escritores
fafenses, com os anos, outras metas se foram abrindo e outras vertentes
culturais vieram à luz do dia. E tudo foi acontecendo e crescendo, porque mais
agentes se associaram ao projeto, concretamente, Escolas, Município,
Freguesias, Associações e Instituições. Isto é, todo o Concelho de Fafe,
imbuído de um só peito e amor a Fafe, ergueram a sua vontade e têm trabalhado
em prol das «Jornadas Literárias de Fafe».</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14pt;">Quando olhamos para a bandeira que define
as Jornadas Literárias podemos ler e sentir mensagens lindas, sugerindo toda
uma unidade que nasce na diversidade das gentes que habitam as terras de Fafe.
As suas reais cores, em forma de telhas, idênticas às que cobrem o casario de
traça brasileira que enfeita as nossas ruas, mostram que a verdadeira cultura
abarca o fio que ata a existência de todos os fafenses. As Jornadas Literárias
abraçam e misturam todas as cores políticas, clubísticas, associativas,
administrativas, bairristas, etc… derivando daí uma substância incolor e pura:
AMOR A FAFE…</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Se a ideia das Jornadas me foi
oferecida numa sala de aula, na Escola Secundária, a ideia de fomentar a
iniciativa «Fafe dos Brasileiros» veio à luz do dia, quando numa bela tarde,
descendo a escadaria da Casa da Cultura, com o livro de Miguel Monteiro, com um
título bem do tamanho de dois continentes e um oceano, debaixo do braço, me foi
segredado à inspiração para continuar o que tinha sido começado. Dali, fui
tomar um café à Brasileira, onde, com ajuda de um papel em branco e uma caneta
quase gasta, escrevinhei a intenção de colocar no programa das Jornadas
Literárias uma nova visão. E foi desta forma que o passado começou a
movimentar-se num presente com futuro. Uma minha participação na «Rota da
Desfolhada», em Várzea Cova, ajudou a definir o que faltava.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Nos finais do Séc. XIX e princípios do
Séc. XX, muitos fafenses fomentaram a demanda entre dois povos, Portugal e o
Brasil, numa torna viagem com muitos sucessos. No Séc. XX, 1991, Miguel
Monteiro, um homem visionário e com muito querer, colocou em livro histórias e
rumos, dando-lhe o único título possível: «Fafe dos Brasileiros». Já no Séc.
XXI, e porque tinha de ser assim, tive a sorte de poder dar início a uma outra
perspetiva que poderá ir muito longe e imortalizar quem de direito e por
necessidade. Comecei, assim, a partir de alicerces bem assentes em factos da
história e na lucidez e mestria de Miguel Monteiro, a definir uma outra
vertente de «Fafe dos Brasileiros».</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> <span class="apple-converted-space"> </span>Com a ajuda das escolas, freguesias e
associações de todo o Concelho e Município, mais um grupo de amigos, tão enlevados
pela cultura como eu, a onda branca assomou na praia e foi de ilha em
continente e poderá, se os fafenses assim o quiserem, ir até ao fim do mundo.
Foi o acreditar numa visão necessária por parte de todo um conjunto de pessoas
com alma e crença que conduziu a que novas peças se interligassem ao projeto
cultural que se está a fomentar em Fafe.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">E foi
assim que «Fafe dos Brasileiros» se apegou às «Jornadas Literárias de Fafe».</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> <span class="apple-converted-space"> </span>No ano de 2013, as Jornadas Literárias
brilharam no campo cultural de Fafe, atingindo um patamar muito alto. E bem
dentro de toda a sua abrangência e transversalidade, «Fafe dos Brasileiros»
mostrou os seus princípios, e que foram muito bem entendidos e ovacionados, na
sua capacidade de entrelaçar a cultura, o turismo e a riqueza económica. Mas, e
porque a vida é assim, está na hora de melhorar e afinar o novo horizonte que
se avizinha. A forma como «Fafe dos Brasileiros» se assumiu leva a que outros
caminhos se percorram, situação que tem de conduzir a um desenhar de forma mais
global a cultura que se esboça em Fafe.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> Na verdade, foram as «Jornadas
Literárias de Fafe» que “pariram” «Fafe dos Brasileiros», mas, agora, está na
hora do “filho” voar noutro sentido para poder crescer. Ao criar-se uma nova
denominação, como já há muito tem vindo a ser defendida, leva a que não haja
confusões e a que a vertente mais etnográfica não choque com a visão mais
literária. Assim, as futuras «JORNADAS CULTURAIS DE FAFE» surgirão do conjunto
das novas «Jornadas Literárias de Fafe» e de «Fafe dos Brasileiros», a realizar
em alturas diferentes e adequadas às circunstâncias e realidades.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> <u>Ora bem, mas para quando esta
nova visão e esta diferente perspetiva?<o:p></o:p></u></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> Quanto às novas “Jornadas Literárias
de Fafe”, assentes numa vivência mais voltada para a literatura, onde a
escrita, a leitura e a criatividade assumem linhas de destaque, elas
realizar-se-ão nos dias 19,20 e 21 de março, englobando o «Dia Mundial da
Poesia». A ligação às escolas e a organismos literários será realçada e
fomentada. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> Relativamente a «Fafe dos
Brasileiros», centrada numa dinâmica cultural, turística e económica, a sua
concretização terá que ser desenvolvida numa altura mais propícia, permitindo
uma maior utilização de espaços ao ar livre e contando com a presença dos
nossos emigrantes.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> Igualmente,
terão de desenvolver-se condições, para que as freguesias, associações e as
pessoas responsáveis pela sua realização possam deitar mãos ao trabalho e
fazerem de «Fafe dos Brasileiros» uma fonte de riqueza para as terras de Fafe.
Não convém esquecer o que acontece em Santa Maria da Feira ou em Óbidos. <u>Nesta
nova caminhada, pouco ou nada pode fazer um grupo de amigos, onde eu me incluo,
com muita vontade e ideias, mas sem as condições necessárias para arrancar e
seguir.</u><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> Se as entidades económicas e
políticas que regem o Concelho de Fafe tiverem mais ousadia e vontade, libertas
de alguns preconceitos e medos, poderão ajudar a construir uma iniciativa muita
frutífera para Fafe. Não esquecer que o Município, Freguesias, Associações e
muitas pessoas em particular já mostraram do que são capazes. Com mais ajudas e
incentivos poder-se-á fazer muito mais e melhor. <o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">Tenho a
certeza que «Fafe dos Brasileiros», e se as pessoas que o podem ajudar a fazer
quiserem, poderá ser um excelente meio de promover as tradições, a gastronomia,
a música, a arquitetura e as memórias de todo um povo, associando a cultura e o
turismo com o desenvolvimento económico.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">NUNCA
PODEMOS ESQUECER QUE O PASSADO, OLHADO COM CRIATIVIDADE E AMOR, PODE CONDUZIR A
UM FUTURO MAIS BRILHANTE E FELIZ.</span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">
<span class="apple-converted-space"> </span></span><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"> <span class="apple-converted-space"> </span> Carlos
Afonso</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-SoolQcUszAem-dokDonbe7cYganH2X8uKQTZf9M-aoD0EkiL5IKa3ZuXyKzRHQLwhyphenhyphenqXqtFkIql31y85-ng9xKCvnZHmPEzr-bjiy2r8hI2eiiA2u_EZYhiDE5ecj_L0-HmA-PfZFKAG/s1600/jornadas+liter%C3%A1rias+de+Fafe+bandeira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-SoolQcUszAem-dokDonbe7cYganH2X8uKQTZf9M-aoD0EkiL5IKa3ZuXyKzRHQLwhyphenhyphenqXqtFkIql31y85-ng9xKCvnZHmPEzr-bjiy2r8hI2eiiA2u_EZYhiDE5ecj_L0-HmA-PfZFKAG/s320/jornadas+liter%C3%A1rias+de+Fafe+bandeira.jpg" width="320" /></a></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhAwwrQGako2Ne0wCnVhPpCAbVV28HJ2FCC6AcEIQ_qA1NZ-2gyuiPpJLqgZOadz1xCMrngYCgAR8oZm0d_yVenazgxpIXktDrMNWrsSvi3JKPTR74UTBE-e-IcJ31OXB7vpcSHmcjtpVJ/s1600/fafe+brasileiros.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhAwwrQGako2Ne0wCnVhPpCAbVV28HJ2FCC6AcEIQ_qA1NZ-2gyuiPpJLqgZOadz1xCMrngYCgAR8oZm0d_yVenazgxpIXktDrMNWrsSvi3JKPTR74UTBE-e-IcJ31OXB7vpcSHmcjtpVJ/s320/fafe+brasileiros.png" width="320" /></a></span></div>
<span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-71123003124327317082013-12-30T09:26:00.000-08:002013-12-30T09:26:30.634-08:00“O Sítio Onde Moram as Cores do Arco-íris”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRwGQDqZ9giK2QCUj3C69p5qBcfZ5_nowWLH9ehaW8C2dac-JQJtxqADGvFAi_KyRwJ95nDG34WYJi7LZsxn93dyqWb2FrVZHiuT2VPEYAtXRJ6rE2DTo_DWFodaA431Wrox6NufObBb-M/s1600/arco+iris+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRwGQDqZ9giK2QCUj3C69p5qBcfZ5_nowWLH9ehaW8C2dac-JQJtxqADGvFAi_KyRwJ95nDG34WYJi7LZsxn93dyqWb2FrVZHiuT2VPEYAtXRJ6rE2DTo_DWFodaA431Wrox6NufObBb-M/s400/arco+iris+1.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Naquela
tarde de fim de primavera, a sala de aula mostrou-se diferente a Maria. As palavras
que a professora pronunciara tinham entrado de rompante no seu entendimento, e
tudo por causa da estranha pergunta que a professora havia lançado aos alunos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">- Meninos,
algum de vocês conhece o sítio onde moram as cores do arco-íris?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">A
pergunta tão especial, e inesperada, ninguém respondeu. O silêncio tomou conta
da sala e todos os lábios se aquietaram receosos. Apenas o olhar azul de Maria se
remexeu na sua curiosidade. Na verdade, só a bela menina de oito anos, quase
sempre irrequieta na sua forma de ser, mostrou o interesse necessário de
descobrir tão mágico lugar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Terminada
a escola, Maria regressou a casa, entrou no quarto, arrumou a pasta vermelha ao
seu canto costumeiro e fitou a luz cintilante que entrava pela janela. O seu
olhar continuava inquieto e à procura de uma só resposta. A pergunta que a
professora havia feito continuava a percorrer-lhe o pensamento: «Meninos, algum
de vocês conhece o sítio onde moram as cores do arco-íris?»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";"> Sem mais, a pequena Maria espreitou a ver se
não havia ninguém e saiu de casa. No céu, duas pequenas aves voavam apressadas
e o sol continuava bem amarelo. Ainda não eram seis horas da tarde.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";"> Ora correndo, ora caminhando apressada, Maria
nem sequer olhava para trás. Para a frente era o seu destino. Os campos
pintados de verde estendiam-se em seu redor, confortados pela brisa amena que
se soltava de leste. A dada altura, e porque o cansaço também faz parte de qualquer
demanda, ela sentou-se numa pedra que para ali estava, encostou o rosto ao
silêncio do momento e quando já adormecia, uma voz calma e doce trouxe-a de
volta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">- O que
estás aqui a fazer? – perguntou um velho que, sem se saber como e de onde, ali
apareceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Um
pouco assustada, Maria ergueu-se, fitou o homem e teve medo! Como o rosto do
seu interlocutor lhe manifestasse alguma confiança, aquietou o coração e sempre
conseguiu dizer:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">- Eu…eu
ando à procura do sítio onde moram as cores do arco-íris.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Como
que já estivesse à espera de tal resposta, o velho colocou um sorriso nos
lábios e, com um gesto simpático, apontou-lhe a direção do norte. Entretanto,
com uma disposição de perfeita simpatia, tirou de um bolso, do seu gasto casaco,
um pequeno mapa, que colocou nas mãos de Maria, e onde se desenhava uma meta
assinalada. Depois, sem mais, desapareceu no alaranjado do crepúsculo
vespertino que naquela altura se iniciava. Maria levantou-se, agradeceu e
seguiu os desígnios que o velho lhe apontara.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Se por
entre vales e outeiros, Maria tentava encontrar o sítio onde moram as cores do
arco-íris, em casa, seus pais viviam momentos aflitivos. Sem saberem notícias
de sua filha, procuravam-na pelos lugares mais óbvios, mas nada. E foi no meio
deste alvoroço todo, que um grupo de colegas de Maria decidiu também
procurá-la. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Dispostos
a encontrar a Maria, o grupo de amigos meteu os pés ao caminho e seguiram a
direção do norte. Num dos prados por onde passaram, a cor violeta de umas
flores silvestres, acomodadas em redor de um penedo antigo, ainda despertaram a
sua curiosidade, mas o seu objetivo era outro e continuaram em frente. Com a
noite a romper no horizonte, muitas preocupações começaram a surgir, o que levava
a que nenhuma das crianças reparasse que as estrelas já começavam a despertar
no céu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Onde
estaria Maria? Por onde andaria a sua colega de escola?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Com a
escuridão a cobrir o horizonte e o caminho a seguir, uma gruta na encosta
serviu para eles se abrigarem e passarem a noite. Como as circunstâncias não
permitiram que o sono habitual chegasse a horas decentes, o contar de algumas
histórias e o recordar dos passos que a sua amiga tinha dado nos dois últimos
dias, antes do seu desaparecimento, ajudaram a passar o tempo. Só pela
madrugada, os olhos se cerraram até ao momento exato em que um estrondo forte
os acordou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Uma invulgar
trovoada de maio espraiava-se pela manhã, sem ter de esperar pela tarde, como é
habitual acontecer. Se raios e trovões afligiam os espaços, uma chuva
persistente obrigou os seis amigos a continuarem no seu local de abrigo. Só por
volta da dez da manhã, é que tudo acalmou, e permitiu que se preparassem para
continuar a procurar Maria. Mas não foi necessário fazê-lo, porque o destino se
encarregou de tudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Quando
abandonavam a gruta, e para surpresa das partes, deram de caras com Maria que,
tal como eles, se abrigara ali perto, numa outra gruta, escavada mais abaixo.
Afinal, eles passaram a noite quase juntos, apenas separados por poucos metros,
naquele lugar, situado a norte da vila onde residiam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">E
porque tinha de ser assim, muitas perguntas surgiram, para uma só resposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">-
Maria, por que fizeste isto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">- Por
que não nos dissestes nada? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">- Já
imaginaste a confusão que arranjaste?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">- Não
tiveste medo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Num tom
de quem ainda não encontrara o que procurava, Maria fixou-os com o olhar e, sem
mais, adiantou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">-
Calma. Eu estou bem. Eu apenas vim à procura do sítio onde moram as cores do
arco-íris. Qual é o problema?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">- Qual
é o problema? O problema é que andámos para aqui à tua procura, e agora os
nossos pais também devem estar aflitos, - acrescentou um dos colegas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Como
quisessem continuar a discussão, um grito agudo, fez com que todos olhassem o
céu já liberto da chuva matinal e agora pintado de beleza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">-
Olhem. Lá no alto. Que bonito! É o arco-íris. Tão grande!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";"> Satisfeita, Maria pregou os olhos no céu, e por lá os
deixou ficar por muito tempo. Depois, com um sorriso enorme, disse bem alto:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";"> - Encontrei-o. Este é o sítio onde moram as cores do
arco-íris…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<b><i><span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">“Nunca encontrarás o arco-íris
se estiveres sempre a olhar para baixo.”<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";">Carlos
Afonso<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Candara","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Adobe Fan Heiti Std B";"> <o:p></o:p></span></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-509050957671818816.post-37960028303626006142013-12-23T15:10:00.000-08:002013-12-23T15:10:01.987-08:00Um conto de Natal ... « UMA VELA PARA JESUS»<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGCQgLFkoNIWHFA2UW23WviIqsZ2hGNO8AGD15U-5NditwCch3GfFo2LrAvGTv6p2Jd5P-Uy1m4Q-ZHOqlh9aM6muKSkjSDMnrQrLBhj6oHF-cKR4gb2ywJmm5Nd8rBd68lx4TLuwS0VHz/s1600/vela+luz.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGCQgLFkoNIWHFA2UW23WviIqsZ2hGNO8AGD15U-5NditwCch3GfFo2LrAvGTv6p2Jd5P-Uy1m4Q-ZHOqlh9aM6muKSkjSDMnrQrLBhj6oHF-cKR4gb2ywJmm5Nd8rBd68lx4TLuwS0VHz/s400/vela+luz.gif" width="294" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Na aldeia
onde morava, Alcina era a menina mais sorridente e a mais atenciosa para com
todas as pessoas. Com apenas sete anos, esta simpática criança de cabelos pretos,
e de olhos quase da mesma cor, tinha por costume oferecer gestos meigos e de
ajudar a velha Luísa do Largo a dar de comer às suas pombas, que habitavam às
dezenas no pombal do Cabeço. As pernas da senhora de setenta anos já não eram o
que em tempos foram e a ajuda de Alcina vinha mesmo a calhar. Claro que a velha
Luísa não gostava de ficar a dever favores a ninguém, e muito menos à pequena
Alcina que, infelizmente, tinha o seu pai desempregado e o dinheiro lá em casa
não abundava. Retribuía-lhe a ajuda com bolachas, roupa, alguns trocos que sobravam
da reforma, para além de outras pertenças sempre de grande utilidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Com a mãe a
trabalhar na vila e o pai à procura de emprego longe da aldeia, quando acabava
a escola, Alcina corria para casa, lanchava, dizia olá à vizinha que morava na casa
ao lado da sua e depois corria para ajudar a velha Luísa. Os deveres que trazia
da escola ficavam para a noite, à espera da ajuda preciosa do pai. E eram assim
quase todos os seus dias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Com a chegada
das férias de Natal, o tempo de Alcina ficou mais sobrado e as suas brincadeiras
de criança espalhavam-se por toda a aldeia. Era um regalo ver a felicidade
estampado no rosto que Deus lhe deu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Chegada a noite de vinte e três de
dezembro, um pedido de ajuda da catequista Rosa fez com que Alcina ficasse mais
feliz. Na verdade, a catequista pediu à criança que, nessa noite, a fosse
ajudar a fazer o presépio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Claro que ela foi, e com muito gosto!
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ainda o relógio da torre não tinha
dados as dez horas e todo o presépio já estava prontinho. Diga-se de passagem
que nunca o presépio da aldeia tinha ficado tão original e bonito. De certeza
que todo aquele bom gosto tinha partido de Alcina. Para além de todas as
imagens que enfeitavam a gruta do menino Jesus e encostas em redor,
destacava-se, bem lá no alto, um castiçal dourado com uma vela já meia usada.
Como não havia estrela, foi o que se conseguiu arranjar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Será que daria um belo efeito? Só experimentando.
E foi o que a despachada Alcina fez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Com a catequista e as outras
ajudantas sentadas no banco em frente ao presépio, coube à pequena o gesto
inaugural. Mas, e porque uma vontade, vinda lá do fundo do coração, se espalhou
bem à sua frente, a simpática criança, antes de acender a vela, virou-se para a
catequista e perguntou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">- Antes de acender a vela, será que
posso pedir um desejo ao menino Jesus?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">- Claro que podes, Alcina:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E ela… ajoelhou-se, benzeu-se e pediu:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">- Menino Jesus, por favor, pede ao
teu pai que arranje um emprego ao meu. De certeza que ele, como está no céu,
conhece muitos patrões. Obrigado e desculpa!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Depois de se voltar a benzer,
levantou-se, acendeu a vela e sentou-se no banco, ao lado das outras, para ver
o efeito da vela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Que maravilha! Como a luz da vela
brilhou! Nunca o rosto de Jesus, Maria e José ficaram tão iluminados…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Na manhã seguinte, o telefone tocou,
o pai atendeu e... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">- Alcina, Alcina, acorda. Tenho de
sair já. Por favor, ajuda-me. Tenho de estar daqui a uma hora no emprego, pois
amanhã é Natal e eles, hoje, fecham à uma da tarde. Uma empresa de construção
civil aceitou-me como carpinteiro. Ai! Quando a mãe souber…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Alcina, levantou-se, abriu a janela e
olhou o céu. Depois, baixinho disse:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">- Obrigado, Jesus. Agora tenho de ir…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Carlos Afonso<o:p></o:p></span></div>
Carloshttp://www.blogger.com/profile/12134468967462021607noreply@blogger.com0