terça-feira, 27 de maio de 2014

NO dia 30 de maio, O ARCO-ÍRIS PINTARÁ AS TERRAS DE FAFE

NO dia 30 de maio, O ARCO-ÍRIS PINTARÁ AS TERRAS DE FAFE

Na noite do dia 30, traga uma cor do arco-íris e entre numa história mágica «UMA AVENTURA NO JARDIM DOS SONHOS»

Aberto a todos os que têm um coração solidário, o lançamento do livrosolidário será o motivo maior para acontecer um grande evento solidário, no campo de jogos Escola Secundária de Fafe, com a presença de vários grupos musicais e outros momentos recreativos.
No dia 30, venha à Escola Secundária, traga uma cor do Arco-Íris (roupa/fita/...) e entre numa aventura mágica «Uma aventura do Jardim dos Sonhos»
(Esta iniciativa tem como objetivo ajudar as crianças e jovens do Lar da Criança de Revelhe. A criação de uma biblioteca é uma das principais intenções, para que as crianças tenham as condições necessárias para que o seu futuro seja mais feliz)

Por favor, divulgue esta iniciativa e ajude as crianças a sorrir...

sexta-feira, 16 de maio de 2014

ALMA DOS CANAVIAIS E OUTRAS HISTÓRIAS - um livro de viagens?



            Nestes últimos anos, muitas histórias compuseram a minha vida, enrodilhadas num permanente caminhar por espaços, pessoas, sonhos e vivências. Assim, e porque os momentos também devem ser partilhados, Alma dos Canaviais e outras histórias… não é mais do que um aglomerado de pedaços de mim, num permanente interagir com os outros.
De Trás-os-Montes ao Minho, de Fafe a Alfândega da Fé, do norte ao sul de Portugal, de Paris a Moscovo, as palavras soltam-se num irrequieto viajar.

                                      
                                                           Pedido
                                       Nunca ansiei o brilho das estrelas…
                                       Jamais desejei a precisão dos espaços…
                                       Recusei sempre o devaneio dos ventos….

                                       Peço apenas, aos que têm sonhos por cumprir,
                                       Para que leiam os meus sinais,
                                       Escutem o murmúrio das palavras que escolhi,
                                       Colham alguns pedaços de mim
                                       E amem a frescura amena dos canaviais…

           
“É que, as páginas deste livro são desenhadas pela bipolaridade dos géneros que nele convivem; pela diversidade das temáticas que lhe emprestam o colorido; pelos espaços de memória que permite revisitar; pela evocação das figuras que se pretende homenagear; pelo “prazer da leitura” que poderá ser saboreado, em função do sortilégio da dança das palavras, gravadas ora à maneira de poemas líricos, ora de reflexões e relatos em forma de crónica quase diarística.
Trata-se de efabulações surgidas às golfadas da alquimia de uma alma consabidamente poética, mas alternando com narrativas que a correnteza das rotinas fez brotar de feição continuada. Nestes textos, ressaltam retalhos de um olhar penetrante e perscrutador do quotidiano, que a todos nos circunda, embora escape ao nosso olhar normalmente demasiado ocupado, distante e alheado.”
                                               António Teixeira (autor do prefácio)


 A obra Alma dos Canaviais e outras histórias vai ser apresentada no dia 23 de maio,  pelas 21h30, na Sala Manoel de Oliveira, em Fafe.


Carlos Afonso

sábado, 19 de abril de 2014

O ÚLTIMO OLHAR DE JESUS



Desde há dois dias para cá que a cidade se cobria com umas enfadonhas e molhadas tardes, indefinindo rostos, apagando flores primaveris, abafando almas, escondendo caminhos e alumiando muitas ausências. Maria era uma das muitas pessoas que habitavam por ali, sem que ninguém lhe tenha dito para se mudar. Para quê? O destino não o permitiria. A não ser que um olhar maior lho consentisse
Maria já não sabia o que fazer. Meia adoentada por uma indisposição qualquer que não sabia definir, os dias pareciam-lhe demasiado tristes e sem sentido! O seu corpo de mulher de vinte e três anos continuava em desacordo com os conceitos gerais de beleza e nenhum olhar de rapaz mais afouto o procurava para lhe descobrir algum sabor. A mãe de setenta e tantos anos continuava acamada e repleta de sofrimento, pois não havia dinheiro para um tratamento a sério. O único irmão, mais velho do que ela fora levado por um tio para as américas. Quanto ao seu emprego, tudo na mesma. O patrão fechara a fábrica sem dizer nada, há mais duas semanas, sem o mínimo espírito de arrependimento, não pagando os ordenados desde janeiro. Pelo que alguém disse, foi-se embora de Portugal no seu jato particular. Pudera, para quem tem mais de um dúzia de empresas na América latina, fechar uma simples fábrica no Minho não causa qualquer tipo de remorsos.
Desempregada, penso que o nome correto é mesmo este, apesar de segunda a sexta, sem que uma semana passe em claro, tanto ela como as suas colegas de ofício, continuarem a passar algumas horas no seu ainda local de trabalho, mesmo de portas fechadas e com as máquinas paradas. Algum dinheiro que possa chegar a mando dos tribunais viria mesmo a calhar.
Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e era preciso manter a tradição. Uma mesa mais enfeitada com todas as iguarias da época seria o ideal. O problema é que na carteira não havia a quantia necessária para gastos maiores, quanto mais para comprar um pão-de-ló e, mais a mais, já há muito que a ridícula reforma da mãe tinha ficado resgatada na farmácia e noutros sítios onde se pagam dívidas.

 E porque a mãe tinha o direito a um dia especial como todos os outros, sentia-se obrigada a fazer alguma coisa. Depois de a cuidar com todo o carinho que lhe é reconhecido, deu-lhe um imenso beijo no rosto, e despediu-se, dizendo que vinha já. Como a mãe já almoçara, Maria pensou que ela não precisaria de o fazer, pois, dessa forma, o jantar já estaria feito. Uma simples maçã e um copo de leite resolveriam o seu problema e nem à mesa se sentou. Deixando a mãe sossegada e com alguma paz, foi para o seu quarto, mas como constatasse que o frasco de perfume já estava vazio, arranjou-se como pode e, dali a pouco tempo, saiu. Era Sexta-feira Santa e a chuva continuava a cair, dando a este dia nomeado as cores exatas com que o mundo cristão o tinge.
Por volta das três horas da tarde, o exato momento em que Maria passava em frente à Igreja de São José, bem no centro da cidade de Fafe, um mal-estar sem precedentes fê-la cair sem estrondo no lajedo do passeio. Angustiada e sem forças para se erguer, sentiu a quentura do sangue a afagar-lhe o rosto e uma ou outra voz que a interpelavam. Sem ânimo, fechou os olhos e desistiu. Dentro de si, brotou a leve lembrança de que Jesus Cristo também morrera numa sexta igual àquela e, dessa forma, Maria também aceitou a morte. Quem era ela para escolher outra hora? Não era qualquer um que acabava os seus dias numa data assim.
 A dada altura, e depois de uma imensa negritude jamais vivida, a alma trouxe à sua presença o rosto de um homem rodeado de paz, com um olhar mais brilhante do que o sol, e que, em breves palavras, lhe apontou o seu verdadeiro caminho:
- Maria, levanta-te e anda, a tua família e amigos esperam-te…
Sem jeito e surpresa na sua forma de estar, sempre conseguiu dizer:
- Senhor, que olhar tão belo… Eu conheço-vos… Vós… vós… sois Jesus.
E porque assim estava escrito, Maria voltou à vida e, para sua felicidade, em redor da cama do hospital, para onde fora levada depois de ter caído na rua, estavam a sua mãe, seu irmão com uns olhos azuis que encantavam e algumas das suas companheiras de trabalho.
Como tudo aconteceu para que este quadro, impensável ainda há pouco, pudesse acontecer, também eu, narrador, não sei responder. Ou sei?
Lá fora, o sol voltara e um perfume especial inundava os lugares e momentos.

                                                                                                                                             Carlos Afonso

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A NAMORADA DO SOL (2 de abril, dia internacional do livro infantil)





Bela era a flor mais bela de todo o prado!
Bela tinha faces rosadas. A sua postura era elegante e esverdeada. O seu perfume sabia a mel, pormenor que fazia com que as abelhas das redondezas a beijassem todas as manhãs e todas as tardes e até quando começava o anoitecer. Como ela gostava dessas carícias!
O sol, esse então, e enquanto fosse dia, nunca tirava os olhos da beleza de Bela. Apenas à noite, e só porque era obrigado pelas leis do tempo, é que lá se escondia por detrás dos outeiros, para que a noite pudesse chegar. Como ele sofria, nos momentos da separação! Coitado!
Todas as manhãs, e bem de manhãzinha, o sol era sempre o primeiro a chegar ao prado. Depois, esperava que Bela acordasse e logo lhe oferecia um sorriso muito brilhante. A flor corava um pouquinho e sorria também.
Mas, naquela manhã, tudo mudou. Sem se saber como e de onde, chegou ao prado um vento feio e mau… 

 (continua)

Carlos Afonso


sábado, 22 de março de 2014

A IMPORTÂNCIA DAS JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE





Passada mais uma edição das Jornadas Literárias, a quinta, é com satisfação que digo, na minha modesta opinião, que o espírito inicial das jornadas se fez mostrar. A escrita, a leitura e a criatividade entrelaçaram centenas de pessoas, desde alunos, professores e população em geral, e a literatura espalhou-se por diversos espaços do concelho de Fafe.
Nascidas em 2010, numa aula de Literatura Portuguesa, na Escola Secundária, com o objetivo de promover e incentivar o estudo dos escritores fafenses, rapidamente as Jornadas Literárias se redimensionaram e, de ano para ano, a sua fasquia foi mudando de lugar. À literatura associou-se à etnografia e às tradições, e as Jornadas, ditas literárias, converteram-se em verdadeiras jornadas culturais.
Todos sabemos que a grandeza nem sempre favorece a perfeição, acabando, aqui e ali, por as mensagens nem sempre se evidenciarem e até se atropelarem. Assim, em 2014, e para que a qualidade acompanhasse a quantidade, achou-se por bem separar a vertente literária das restantes tendências, e as 5ª Jornadas Literárias de Fafe seguiram o seu rumo original.
Se nos espaços culturais de Fafe, Biblioteca Municipal, Sala Manuel de Oliveira e Teatro-Cinema, a literatura se associou à música, dança, pintura e outras artes, para satisfação de quem usufruiu desses momentos, foi nas escolas do concelho que as Jornadas mais sumo e eficácia exibiram. Concursos de poesia, maratonas de leitura, contacto com escritores, oficinas de escrita, instantes criativos, “peddypaper” literário, encontros poéticos, caminhadas de poesia, poesia de rua e muitas outras realizações se deram a conhecer de uma maneira bem positiva e frutífera.
No que a mim diz respeito, assim como aos meus alunos de Literatura Portuguesa e de Literaturas de Língua Portuguesa da Escola Secundária, posso dizer com toda a convicção de que vivemos ativamente as 5ª Jornadas Literárias. Na verdade, penso que a melhor maneira de sentir este tipo de iniciativas é participar e trabalhar com todo o afinco e forças para o seu sucesso e utilidade. É pela base que se começa a construção das grandes edificações, seguindo-se, só depois, para os restantes patamares.
Tanto eu como os meus alunos, ajudados e complementados por muitas outras pessoas, envolvemo-nos com alma e coração nas nossas Jornadas e percorremos todos os caminhos que havia a calcorrear. Semeamos, regamos, cuidamos, sofremos e já estamos a colher os frutos desejados.
As Jornadas Literárias de Fafe não podem, nem devem, ser encaradas como um trampolim para algo que não lhe está no destino. Se elas forem encaradas de uma forma desajustada e não percebida, mais cedo ou mais tarde, a seiva que as alimenta deixará de correr e o ciclo encerra-se na noite do nada.
De todas as iniciativas promovidas pelos meus alunos, enumero algumas que considero de interesse considerável, não só para a sua realização como discentes, assim como fundamentais para a sua formação como mulheres e homens de amanhã. O reinventar o escritor Mia Couto levou-nos a desenvolver dezenas de atividades em parceria com crianças e jovens de variadas idades. O organizar o 1º encontro de escritores de Fafe revelou-se de uma importância enorme, não só pelo aproximar de partes, como pelo desenvolver e fomentar a leitura e a escrita. O participar em vários eventos culturais mais exigentes levou os meus alunos a sentirem-se mais motivados e criativos. O estudar intensamente escritores fafenses e nacionais enriqueceu e desenvolveu capacidades de análise e compreensão. Caminhar lado a lado com a poesia pelas ruas de Fafe e outros espaços definidos trouxe incentivo, alegria e amor pela poesia.  O realizar documentários, filmes e provas de escrita criativa facultou novos conhecimentos e incrementou novas valências e formas de interpretar.
E foi de uma forma trabalhosa e árdua, mas necessária e fascinante, que vivi, ao lado dos meus alunos e muitos outros amantes da cultura, instantes enriquecedores e de uma beleza indescritível.
Viver a literatura exige vontade, necessidade, trabalho, amor e uma alma grande. Em 2015 cá estaremos para continuar a demanda literária e contribuir para o sucesso das 6ª Jornadas Literárias de Fafe.
Para terminar, apenas o seguinte. Tem valido a pena ajudar a construir a grande estrutura cultural das Jornadas, ao lado de muitos e muitos amigos que acreditam, tal como eu, nos valores da cultura, sempre imbuídos na crença de que todos juntos iremos mais longe e seremos mais felizes.

Carlos Afonso






domingo, 9 de março de 2014

FAFE INTEMPORAL


                                                                                         (Fafe dos Brasileiros, 2012)

Esta imagem é de uma beleza única! A sua real mensagem ainda não se cumpriu...

«Um povo sem memória é um povo sem futuro...»

- SENHOR, falta cumprir-se Portugal.

segunda-feira, 3 de março de 2014

EM ALFÂNDEGA DA FÉ, NO REINO ENCANTADO DAS AMENDOEIRAS EM FLOR, AS LENDAS SÃO VERDADEIRAS






                             A lenda das amendoeiras em flor...

Há muitos e muitos séculos, antes de Portugal existir e quando o Al-Gharb pertencia aos árabes, reinava em Chelb, a futura cidade de Silves, o famoso e jovem rei Ibn-Almundim que nunca tinha conhecido uma derrota.
Um dia, entre os prisioneiros de uma batalha, viu a linda Gilda, uma princesa loira de olhos azuis e porte altivo. Impressionado, o rei mouro deu-lhe a liberdade, conquistou-lhe progressivamente a confiança e um dia confessou-lhe o seu amor e pediu-lhe para ser sua mulher. Foram felizes durante algum tempo, mas um dia a bela princesa do Norte caiu doente sem razão aparente.
Um velho cativo das terras do Norte pediu para ser recebido pelo desesperado rei e revelou-lhe que a princesa sofria de nostalgia da neve do seu país distante. A solução estava ao alcance do rei mouro, pois bastaria mandar plantar por todo o seu reino muitas amendoeiras que quando florissem as suas brancas flores dariam à princesa a ilusão da neve e ela ficaria curada da sua saudade.
Na Primavera seguinte, o rei levou Gilda à janela do terraço do castelo e a princesa sentiu que as suas forças regressavam ao ver aquela visão indescritível das flores brancas que se estendiam sob o seu olhar. O rei mouro e a princesa viveram longos anos de um intenso amor esperando ansiosos, ano após ano, a Primavera que trazia o maravilhoso espetáculo das amendoeiras em flor.

Nota: A amendoeira é o símbolo da doçura e da leveza.