Conta-se que há algum tempo atrás,
nas terras de Montelongo, vivia um homem que tinha por costume, durante o seu
sonhar, seguir o rumo das estrelas e o seu eterno brilhar. Numa noite, naquelas
noites em que os céus do Minho se enchem de milhares de pontos a cintilar, esse
homem conseguiu ir longe nos seus intentos e, depois de muito o tentar,
conseguiu roubar algumas estrelas do seu límpido morar. Assim, e sem que
ninguém o notasse, escondeu-as numa velha sacola e, com algum engenho,
arrumou-as num determinado sítio até encontrar o momento adequado para um
destino lhe dar.
Na sua vontade de homem que não via
limites no seu desejar, achou por bem escolher o local acertado para, com jeito
e todo o cuidar, as suas estrelas, finalmente, semear. Correu montes e vales, aldeias
e vilas, sempre sempre a procurar. E, na sua demanda de pasmar, sempre lá achou
o chão propício para o seu desejo materializar.
E porque um homem só não vai a
qualquer lugar, chamou logo uns amigos para com ele trabalhar, que numa atitude
responsável, mostraram muito gosto em ajudar. Se no início eram poucos, depois
foi sempre a acrescentar, até que a dada altura já era um concelho inteiro
nesta grande empreitada a trabalhar
A terra eleita, para este necessário
semear, foi limpa de alguns pormenores para se poder lavrar. Do céu veio o sol
e a chuva e encanto do luar, para logo de seguida as tais estrelas roubadas do
sonho serem ali lançadas, para mais tarde poderem de novo acordar. O tempo lá
foi seguindo no seu normal caminhar, até que num mês de março, que não se sabe
precisar, umas ervinhas bem fresquinhas começaram a despontar.
Se no mundo há maravilhas com todo o
seu encantar, naquelas terras do Minho aconteceram coisas que deram muito que palestrar.
Assim, o que eram estrelas de um outro estrelar, agora daqueles campos brotam
tradições e memórias que a alma de todo um povo deverá sempre preservar. E
porque o futuro ainda tem muito para dar, é importante que o trabalho continue
pois é de cultura e vidas que estamos a falar.
«Um povo sem memória é um povo sem história, e um povo sem
história é um povo sem futuro.»
Carlos Afonso
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