quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O SEMEADOR DE ESTRELAS


 

Conta-se que há algum tempo atrás, nas terras de Montelongo, vivia um homem que tinha por costume, durante o seu sonhar, seguir o rumo das estrelas e o seu eterno brilhar. Numa noite, naquelas noites em que os céus do Minho se enchem de milhares de pontos a cintilar, esse homem conseguiu ir longe nos seus intentos e, depois de muito o tentar, conseguiu roubar algumas estrelas do seu límpido morar. Assim, e sem que ninguém o notasse, escondeu-as numa velha sacola e, com algum engenho, arrumou-as num determinado sítio até encontrar o momento adequado para um destino lhe dar.

Na sua vontade de homem que não via limites no seu desejar, achou por bem escolher o local acertado para, com jeito e todo o cuidar, as suas estrelas, finalmente, semear. Correu montes e vales, aldeias e vilas, sempre sempre a procurar. E, na sua demanda de pasmar, sempre lá achou o chão propício para o seu desejo materializar.

E porque um homem só não vai a qualquer lugar, chamou logo uns amigos para com ele trabalhar, que numa atitude responsável, mostraram muito gosto em ajudar. Se no início eram poucos, depois foi sempre a acrescentar, até que a dada altura já era um concelho inteiro nesta grande empreitada a trabalhar

A terra eleita, para este necessário semear, foi limpa de alguns pormenores para se poder lavrar. Do céu veio o sol e a chuva e encanto do luar, para logo de seguida as tais estrelas roubadas do sonho serem ali lançadas, para mais tarde poderem de novo acordar. O tempo lá foi seguindo no seu normal caminhar, até que num mês de março, que não se sabe precisar, umas ervinhas bem fresquinhas começaram a despontar.

Se no mundo há maravilhas com todo o seu encantar, naquelas terras do Minho aconteceram coisas que deram muito que palestrar. Assim, o que eram estrelas de um outro estrelar, agora daqueles campos brotam tradições e memórias que a alma de todo um povo deverá sempre preservar. E porque o futuro ainda tem muito para dar, é importante que o trabalho continue pois é de cultura e vidas que estamos a falar.

 

«Um povo sem memória é um povo sem história, e um povo sem história é um povo sem futuro.»

Carlos Afonso

Sem comentários:

Enviar um comentário