sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A CULTURA FAFENSE (da metáfora à realidade ou da realidade à metáfora)



            No caminhar dos dias de qualquer mortal há sempre uma tarde de outono chuvosa, e se for uma sexta ainda melhor, mais propícia para que nos sentemos no sofá da sala a ler o role de páginas, com mais ou menos atenção, que um jornal nos empresta. Como não podia ser de outra maneira, há sempre aquelas notícias que nos despertam uma atenção redobrada, principalmente se a matéria apresentada apela à nossa preocupação. E assim sendo, não admira que uma matéria desenvolvida no Notícias de Fafe, do dia 18 de outubro, me tenha obrigado a escrever estas linhas. O que por lá se dizia está relacionada com a cultura fafense e da desconfiança que um projeto em concreto, desenvolvido por uma força cultural da cidade, está a causar nos demais agentes culturais do concelho.
            Bem! E porque há sempre um ponto de partida, imediatamente se me desenharam no entendimento duas ou três questões e umas outras tantas respostas, “de mim para mim mesmo”, a condizer com a ocasião:
            - Já que gostas tanto de metáforas, emprega uma que, no teu entendimento, possa definir a face acertada da cultura a implementar em Fafe?
            - Um arranjo floral de beleza única, dentro da sua diversidade e cores.
            -Como?
            - Eu explico, já de seguida, em discurso indireto livre…
            Ora bem! Para quem anda nos meandros da cultura que se estende a nossos olhos por estas terras do Minho, imediatamente se apercebe que no concelho de Fafe há todo um conjunto de pessoas, instituições, organismos e associações com uma forte sensibilidade e engenho cultural. Uma sensibilidade e engenho que se denotam nas múltiplas e diversas atividades sonhadas e concretizadas em prol da preservação e divulgação da cultura fafense. Assim sendo, e independentemente de se morar na aldeia ou na cidade, no outeiro ou no vale, no bairro ou na praça mais arranjada, é clara uma vivência cultural forte e tingida de um amor bem fafense. Independentemente da forma mais ingénua ou profissional, do gosto mais erudito ou popular, do coração ou da razão, é visível um apego aos valores deste afincado pedaço de Portugal de verde granítico vestido. O problema, é que, às vezes, se vislumbram algumas atrapalhações e indefinições que impedem que toda esta grandeza cultural se mostre de igual forma e jeito, unida pelo mesmo sol e calor. Até parece que há uma certa ilegitimidade de nascença, intencional ou não, que não deixa mostrar tudo o que há para ver.
            Sempre que temos o prazer de olhar para a beleza de um arranjo floral, engalanado num misto de flores silvestres e de flores com nome, encostadas a verdes colhidos na hora ou secos de véspera, fascinamo-nos pela sua completude e diferença. A beleza que à nossa frente se mostra assenta na totalidade dos elementos que compõem o arranjo, sem que a intelectualidade da orquídea se sobreponha à leveza da papoila, ou o perfume da rosa ofusque a cor da bonina.
            Falando da cultura, convém que se diga que todas as vontades de desenvolver a cultura em Fafe são necessárias e recomendadas para o bom nome da nossa terra. Criem-se ou acrescentem-se termos em forma adjetival ou nominal, Fafe está sempre primeiro. Chame-se «Fafe, Cidade das Artes» ou «Fafe dos Brasileiros», Fafe será sempre o motor essencial que rege toda uma alma e um coração que palpitam e querem viver. Todos somos bem-vindos para uma tarefa maior: FAFE.
            É preciso unir as diversas flores do arranjo floral que é Fafe, dando visibilidade igual a todos os canteiros donde a cultura fafense se eleva. Haja a capacidade e a vontade de o conseguir, para o bem de uma terra que todos amamos, independentemente do lugar onde se nasce, pois o amor não se herda, conquista-se, e precisa, constantemente, de ser alimentado.
            Todos juntos chegaremos muito longe, neste jardim em pleno Minho plantado, que espera, ansioso, por uma primavera plena e amena, e uma ação concertada dos seus jardineiros.
Parafraseando o meu amigo J.J.Silva, e em forma de conclusão: «A melhor forma de existir é fazer», para que o manhã seja, em todas as horas, o fim da noite e o início de uma confiança a realizar.

Carlos Afonso



           

            

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