Vir a Fafe no
segundo Domingo de Julho e não participar na majestosa procissão de Nossa
Senhora de Antime, é perder um momento único e autêntico, onde a fé envolve uma
multidão imensa, que embebida numa crença fervorosa, roga à virgem que atenda
aos seus anseios e ilumine a sua jornada.
É emocionante
aproximarmo-nos, silenciosamente, da igreja onde habita a Senhora, ouvir a
santa missa e rezar. Depois, sob o olhar devoto de um sol, que nessa manhã
parece sempre mais brilhante, e de olhos postos na imagem, que do alto esparge
calmas e afetos, abrirmos o nosso coração peregrino e bebermos a paz que
discorre dos céus.
Apoiados na
mão da esperança e rodeados pelos cânticos que ecoam pelos ares, é comovente
acompanhar o andor, que num passo lento e pesado, vai deslizando pelas ruas
engalanadas, apoiado em ombros varonis.
Chegados à
ponte onde Antime e Fafe se abraçam, a Senhora de Antime é recebida pela
Senhora da Misericórdia, que, num tom dorido e hospitaleiro, se desloca ao
local para lhe dar as boas vindas. As Senhoras granjeiam-se, o povo canta, os
foguetes atroam os ares, as pombas esvoaçam, os anjos cantam, as lágrimas
refrescam as faces, as águas do Ferro soluçam e a fé acrescenta-se à maré de
emoção que brota das entranhas dos espíritos...
Para quem
ainda não usufruiu desta verdadeira prova de ligação ao altíssimo, é imperioso
que o faça, independentemente das suas crenças, para que perceba que a fé é uma
torrente, que indiferente aos caprichos dos homens, continua a alimentar a alma
de muita e boa gente do Minho.
A Senhora de Antime, Mãe de Deus,
Rogamos muitos favores,
Pois nós somos filhos seus
E entregamos-lhe os nossos temores.
Carlos Afonso
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