Depois de mais uma edição das
Jornadas Literárias de Fafe, que resultaram num estrondoso sucesso, muitas são
as palavras que se podem dizer e muitos são os argumentos que se podem
acrescentar. No entanto, e apesar de tudo o que aconteceu, é preciso refletir
no que não correu bem, tomar atenção a pormenores importantes e vislumbrar o
muito que é preciso concretizar para que, aos poucos, se edifique em Fafe uma
fundamentada e lúcida construção cultural.
Quando estamos num projeto sensato e
compreendido por um concelho inteiro, e que mexe com a alma e a existência de
milhares de pessoas, não é fácil olhar todos os lados que o definem. Milhares e
milhares de pessoas a lutar e a acreditar por uma iniciativa que lhes diz muito
é, sem sombra de dúvida, uma mais-valia, mas também pode ser um problema sério.
No meu caso concreto, e com certeza acontece o mesmo com muitos outros amigos
que trabalharam comigo para o sucesso destas 4ªs Jornadas literárias, as
canseiras foram muitas e as lágrimas também não se fizeram rogadas! Os meses de
preparação, as milhares de horas e noites em claro para projetar, percorrer
espaços, falar com pessoas, ouvir, resolver mal entendidos, convencer
descrentes e explicar e voltar a explicar não são possíveis de contabilizar. O
que valeu é que muito amadorismo, vontade e amor a Fafe fizeram com que gente
de bem não olhasse a meios para conseguir concretizar as Jornadas. Como
Coordenador ficarei eternamente grato a todos os que abraçaram tão importante
projeto: Município, Freguesias, Instituições, Escolas, Associações e pessoas em
particular.
O projeto das Jornadas Literárias, e
para aqueles que não imaginam a sua grandeza, reescreve-se em centenas de
iniciativas variadas e assentes em diversas formas culturais, e que nunca
pararão de crescer, porque as gentes de Fafe assim o determinam. Desta forma, e
tendo em conta a dimensão a que se chegou, as Jornadas não podem ser
coordenadas e trabalhadas em horas fora de expediente. Se das 7 às 20 horas se
é professor, das 21 horas às 3 horas da madrugada não há tempo suficiente para
se ir mais longe. E, mais a mais, há outros afazeres que também moram na nossa
existência e que não se podem omitir dos nossos dias. Assim sendo, outros
horizontes têm de ser escritos.
Eu sei que quando se corre por gosto
também cansa, mas algo tem de ser feito para que o rio continue a crescer e se
transforme num oceano de cultura. Nunca podemos esquecer as palavras que uma
linda mulher dos seus 70 anos me disse, domingo à tarde, e que agora partilho
com os leitores:
- «Sr. Professor, pró ano é que vai
ser. A minha prima já cá tem umas ideias que nem lhe conto…»
Como eu fiquei contente quando ouvi
aquelas palavras carregadas de certezas!
Como eu fiquei triste por não saber
se poderei ajudar a concretizar as ideias da prima daquela linda mulher dos seus
70 anos!…
Os meus sonhos são muitos. O meu querer é
imenso. A minha vontade de continuar a trabalhar por Fafe não tem limites. Mas…
o meu tempo é pouco, os meus afazeres são incontáveis, as minhas noites de insónia
não podem continuar a ser o que têm sido e as minhas forças estão no seu limite.
Como bom crente que sou, acredito nos
bons desígnios de Deus e na boa vontade daqueles homens que têm poderes para
mudar as coisas.
Quanto ao resto, os fios que são
necessários para continuar a tecer a toalha de linho cultural com que as terras
de Fafe se podem cobrir, recolham-nos na franqueza do povo, na esperança das
nossas crianças, na garra das nossas associações e no querer que brota das
nossas nascentes.
(Um sincero
obrigado a todos os que me ajudaram a construir as 4ªs Jornadas Literárias de
Fafe. O meu peito jamais vos esquecerá…)
Carlos Afonso
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