sexta-feira, 5 de abril de 2013

AS VERDADEIRAS CORES DAS JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE


 

 

            Desde há uns anos para cá que em Fafe está a ser construído um projeto cultural, sempre em crescendo, com objetivos claros e dignos, cuja seiva que o vai alimentando advém do suor, sonhos, alma, tempo e coração de muitos fafenses.

            Ainda me lembro a hora e o local como tudo começou. Estávamos em outubro de 2009, numa aula de Literatura Portuguesa, altura em que questionei os meus alunos acerca do que iriamos fazer no Projeto Individual de Leitura, componente obrigatória da disciplina. Numa resposta visionária, uma aluna adiantou-me que podíamos estudar os escritores de Fafe e “(…) fazer algo como umas Jornadas Literárias, professor(…)”. Bendita a hora em que a minha aluna disse o que lhe nascera no entendimento, pois, e a partir daí, a nascente do rio começou a jorrar e nunca mais deixou de correr. Assim, e logo em março de 2010, a Escola Secundária de Fafe, o ventre materno das Jornadas, interligou-se com a Câmara Municipal e, em parceria, começaram a erguer tão importante construção: as Jornadas Literárias de Fafe.

            Se no início o rosto do evento, ainda a dar os primeiros passos, era apenas literário e muito ligado aos escritores fafenses, com os anos, outras metas se foram abrindo e outras vertentes culturais vieram à luz do dia. E tudo foi acontecendo e crescendo, porque mais agentes se associaram ao projeto, concretamente, Escolas, Município, Freguesias, Associações e Instituições. Isto é, todo o Concelho de Fafe, imbuído de um só peito e amor a Fafe, ergueram a sua vontade e têm trabalhado em prol das Jornadas Literárias.

            Quando olhamos para a bandeira que define as Jornadas Literárias podemos ler e sentir mensagens lindas, sugerindo toda uma unidade que nasce na diversidade das gentes que habitam as terras de Fafe. As suas reais cores, em forma de telhas, idênticas às que cobrem o casario de traça brasileira que enfeita as nossas ruas, mostram que a verdadeira cultura abarca o fio que ata a existência de todos os fafenses. Não debotem as cores com a perversidade dos pecados dos homens. As Jornadas Literárias abraçam e misturam todas as cores políticas, clubísticas, associativas, administrativas, bairristas, etc… derivando daí uma substância incolor e pura: AMOR A FAFE…

            Como Coordenador das Jornadas Literárias de Fafe, sinto correr nas suas veias um pouco do meu sangue que, conjuntamente com o sangue de toda uma multidão, dá vida a tão promissor e necessária construção cultural. As Jornadas são de todos nós e pronto… Por favor, não utilizem as Jornadas para fins para os quais não foram criadas. Não as utilizem como arma de arremesso, pois ao fazê-lo estão a destruir a sua essência e rosto. Não matem esta flor perfumada, que tanto acreditar e esperança tem oferecido aos fafenses de boa vontade…

            Eu sei, e seria muito ingénuo ou demasiado atrevido e até louco varrido se pensasse o contrário, que a cultura fafense se esgota nas Jornadas Literárias. Nem pensar. As Jornadas são apenas uma visão diferente que bebeu no muito que tem sido feito e continuará a ser feito por estas paragens. As Jornadas são como aquela avezinha que gosta de bebericar aqui e ali e depois construir o seu ninho com o que de bom existe em seu redor. As Jornadas são como uma árvore florida, que só consegue o seu encanto, porque o terreno em que cresceu é bom e nutrido e as estações do ano lhe foram e são favoráveis.  

            As Jornadas não são minhas nem são tuas, elas são de quem as agarrar e amar… As Jornadas são o que nós quisermos que elas sejam…

            As Jornadas não são o princípio de nada, mas são o tudo que nós quisermos ansiar! Elas cheiram a povo, paisagem, tradição, literatura, broa, sonhos, estrelas, caminhos, arte, trabalho, música, memória e muito mais…

            Neste ano de 2013, as 4ªs Jornadas Literárias de Fafe serão do tamanho do universo que desenha o nosso querer. Unamo-nos em seu torno e trabalhemos pela sua causa. Da minha parte, só lamento não ter mais tempo e forças para lhe dedicar…

            Para terminar, e antes que esgote todas as páginas que seria necessário escrever para gravar o que sinto, peço-vos um grito a uma só voz e coração «DE FAFE, COM FAFE, PARA TODOS…»

 

Carlos Afonso

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