Desde há uns
anos para cá que em Fafe está a ser construído um projeto cultural, sempre em
crescendo, com objetivos claros e dignos, cuja seiva que o vai alimentando
advém do suor, sonhos, alma, tempo e coração de muitos fafenses.
Ainda me
lembro a hora e o local como tudo começou. Estávamos em outubro de 2009, numa
aula de Literatura Portuguesa, altura em que questionei os meus alunos acerca
do que iriamos fazer no Projeto Individual de Leitura, componente obrigatória
da disciplina. Numa resposta visionária, uma aluna adiantou-me que podíamos
estudar os escritores de Fafe e “(…) fazer algo como umas Jornadas Literárias,
professor(…)”. Bendita a hora em que a minha aluna disse o que lhe nascera no
entendimento, pois, e a partir daí, a nascente do rio começou a jorrar e nunca
mais deixou de correr. Assim, e logo em março de 2010, a Escola Secundária de
Fafe, o ventre materno das Jornadas, interligou-se com a Câmara Municipal e, em
parceria, começaram a erguer tão importante construção: as Jornadas Literárias de Fafe.
Se no início o rosto do evento, ainda
a dar os primeiros passos, era apenas literário e muito ligado aos escritores
fafenses, com os anos, outras metas se foram abrindo e outras vertentes
culturais vieram à luz do dia. E tudo foi acontecendo e crescendo, porque mais
agentes se associaram ao projeto, concretamente, Escolas, Município, Freguesias,
Associações e Instituições. Isto é, todo o Concelho de Fafe, imbuído de um só
peito e amor a Fafe, ergueram a sua vontade e têm trabalhado em prol das
Jornadas Literárias.
Quando olhamos
para a bandeira que define as Jornadas Literárias podemos ler e sentir
mensagens lindas, sugerindo toda uma unidade que nasce na diversidade das
gentes que habitam as terras de Fafe. As suas reais cores, em forma de telhas,
idênticas às que cobrem o casario de traça brasileira que enfeita as nossas
ruas, mostram que a verdadeira cultura abarca o fio que ata a existência de
todos os fafenses. Não debotem as cores com a perversidade dos pecados dos
homens. As Jornadas Literárias abraçam e misturam todas as cores políticas,
clubísticas, associativas, administrativas, bairristas, etc… derivando daí uma
substância incolor e pura: AMOR A FAFE…
Como Coordenador
das Jornadas Literárias de Fafe, sinto correr nas suas veias um pouco do meu
sangue que, conjuntamente com o sangue de toda uma multidão, dá vida a tão
promissor e necessária construção cultural. As Jornadas são de todos nós e
pronto… Por favor, não utilizem as Jornadas para fins para os quais não foram
criadas. Não as utilizem como arma de arremesso, pois ao fazê-lo estão a
destruir a sua essência e rosto. Não matem esta flor perfumada, que tanto
acreditar e esperança tem oferecido aos fafenses de boa vontade…
Eu sei, e
seria muito ingénuo ou demasiado atrevido e até louco varrido se pensasse o
contrário, que a cultura fafense se esgota nas Jornadas Literárias. Nem pensar.
As Jornadas são apenas uma visão diferente que bebeu no muito que tem sido
feito e continuará a ser feito por estas paragens. As Jornadas são como aquela
avezinha que gosta de bebericar aqui e ali e depois construir o seu ninho com o
que de bom existe em seu redor. As Jornadas são como uma árvore florida, que só
consegue o seu encanto, porque o terreno em que cresceu é bom e nutrido e as
estações do ano lhe foram e são favoráveis.
As Jornadas
não são minhas nem são tuas, elas são de quem as agarrar e amar… As Jornadas
são o que nós quisermos que elas sejam…
As Jornadas
não são o princípio de nada, mas são o tudo que nós quisermos ansiar! Elas
cheiram a povo, paisagem, tradição, literatura, broa, sonhos, estrelas, caminhos,
arte, trabalho, música, memória e muito mais…
Neste ano de
2013, as 4ªs Jornadas Literárias de Fafe serão do tamanho do universo
que desenha o nosso querer. Unamo-nos em seu torno e trabalhemos pela sua
causa. Da minha parte, só lamento não ter mais tempo e forças para lhe dedicar…
Para
terminar, e antes que esgote todas as páginas que seria necessário escrever
para gravar o que sinto, peço-vos um grito a uma só voz e coração «DE FAFE, COM
FAFE, PARA TODOS…»
Carlos Afonso
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