Desde há uns
anos a esta parte que temos vindo a promover em Fafe passeios literários a
vários lugares, seguindo sempre um escritor português, e tendo como fonte
inspiração um dos seus livros. Este ano, vamos no encalço de Eça de Queirós lá
prós lados de Tormes, Baião, seguindo a pista do romance A Cidade e as
Serras.
Vários foram
os criadores literários que tem servido de suporte a esta nova forma de ler e
sentir um autor. Já estivemos em Mogadouro, com Trindade Coelho, em Sernancelhe,
com Aquilino Ribeiro, em Sabrosa, com Miguel Torga e em Ribeira de Pena, com
Camilo Castelo Branco. O passeio conta sempre com as entidades culturais e
autárquicas das terras por onde andamos, e o sucesso tem sido evidente.
Sem sombra
de dúvida que ao basculharmos a vida de um escritor, para depois pegar num dos
seus livros ao acaso e, de seguida, tentar materializar e vivenciar o mais fiel
possível o seu imaginário, é fascinante. Tentamos ir ao sítio exato onde o
escritor esteve. Procuramos encontrar os objetos que ele tocou. Tentamos falar
com as pessoas que o conheceram ou com os seus familiares. Lemos excertos da obra em causa. Fazemos o possível e
o impossível para sentir as suas fontes de inspiração e, e porque precisamos de
comer para existir, temos o cuidado de saborear as iguarias que o escritor ou
as suas personagens apreciavam. Por vezes, e as recriações históricas dão-nos essa
possibilidade, até encontramos o mundo imaginário do criador literário ao vivo
e tal e qual como se deve fazer. Para tal contamos com a amizade de grupos de
teatro e associações capazes de isso e muito mais.
Ora bem, as
terras e lugares também têm muito para ver e sentir, para além do que diz só
respeito ao próprio escritor. Assim, e já que vamos caminhar por outros sítios
e tocar em realidades diferentes, procuramos ir ao encontro da paisagem, da história,
da tradição, das gentes, isto é, de toda a cultura que por lá se nos oferece.
São sem sombra de dúvida momentos especiais e únicos.
Este ano de
2013, no dia 22 de junho, vamos até Tormes, Baião, ao encontro do Jacinto
(personagem d`A Cidade e as Serras),
e de toda uma circunstância, devidamente organizada. Depois de sairmos de Fafe,
vamos olhar de longe Teixeira de Pascoais em Amarante, para, de imediato
seguirmos para Baião. Por lá, nos esperam pessoas bem preparadas para nos
guiarem por todo um burgo que ama a cultura. Ao almoço, as ementas queirosianas
serão o nossos repasto, onde o arroz de favas se fará anunciar a rigor e por
quem de direito. Consolados e felizes, pegaremos na vontade e outros afins e
vamos até à Casa de Eça de Queirós, onde faremos uma aperfeiçoada visita e onde
escutaremos alguém que sabe muito do escritor realista. Se calhar, e porque vem
mesmo a calhar, a personagem do romance, o Jacinto, é capaz de nos aparecer por
lá e dizer tudo o que sabe acerca do romance onde habita. Claro que muitos
outros pormenores irão ser tidos em conta. Já que o rio Douro, anda por ali, é
preciso repara nele. E porque o realizador Manoel de Oliveira rodou o seu filme
”Francisca” naquelas bandas, e até sabemos de Camilo Castelo Branco e Agustina
Bessa Luís, beberam inspiração naquelas penedias e casario, somos obrigados a
esclarecer tudo isso. O leitor não acha que fazemos bem? Mais não digo, porque
a surpresa o acaso também são imprescindíveis nestas coisas.
E é assim,
no dia 22 de Junho, Eça estará à nossa espera e nós iremos, com muito agrado,
ao seu encontro, pois esta forma de fazer cultura exige esforços de todas as
partes. Quando estivermos de volta, contarei o que por lá se passou. Promessa
feita…
Só mais um
acrescento, que pode ser útil. Se algum dos caminheiros quiser levar o romance
em causa, ou outro qualquer suporte fiável de Eça, para ver se não fugimos
muito ao real imaginário do escritor, pode levá-lo à vontade. Se calhar até
pode dar jeito. Quem sabe?
Carlos Afonso
Sem comentários:
Enviar um comentário