sábado, 1 de junho de 2013

PASSEIOS LITERÁRIOS, uma nova forma de viajar por livros e vidas....




            Desde há uns anos a esta parte que temos vindo a promover em Fafe passeios literários a vários lugares, seguindo sempre um escritor português, e tendo como fonte inspiração um dos seus livros. Este ano, vamos no encalço de Eça de Queirós lá prós lados de Tormes, Baião, seguindo a pista do romance A Cidade e as Serras.

            Vários foram os criadores literários que tem servido de suporte a esta nova forma de ler e sentir um autor. Já estivemos em Mogadouro, com Trindade Coelho, em Sernancelhe, com Aquilino Ribeiro, em Sabrosa, com Miguel Torga e em Ribeira de Pena, com Camilo Castelo Branco. O passeio conta sempre com as entidades culturais e autárquicas das terras por onde andamos, e o sucesso tem sido evidente.

            Sem sombra de dúvida que ao basculharmos a vida de um escritor, para depois pegar num dos seus livros ao acaso e, de seguida, tentar materializar e vivenciar o mais fiel possível o seu imaginário, é fascinante. Tentamos ir ao sítio exato onde o escritor esteve. Procuramos encontrar os objetos que ele tocou. Tentamos falar com as pessoas que o conheceram ou com os seus familiares. Lemos excertos da obra em causa. Fazemos o possível e o impossível para sentir as suas fontes de inspiração e, e porque precisamos de comer para existir, temos o cuidado de saborear as iguarias que o escritor ou as suas personagens apreciavam. Por vezes, e as recriações históricas dão-nos essa possibilidade, até encontramos o mundo imaginário do criador literário ao vivo e tal e qual como se deve fazer. Para tal contamos com a amizade de grupos de teatro e associações capazes de isso e muito mais.

            Ora bem, as terras e lugares também têm muito para ver e sentir, para além do que diz só respeito ao próprio escritor. Assim, e já que vamos caminhar por outros sítios e tocar em realidades diferentes, procuramos ir ao encontro da paisagem, da história, da tradição, das gentes, isto é, de toda a cultura que por lá se nos oferece. São sem sombra de dúvida momentos especiais e únicos.

            Este ano de 2013, no dia 22 de junho, vamos até Tormes, Baião, ao encontro do Jacinto (personagem d`A Cidade e as Serras), e de toda uma circunstância, devidamente organizada. Depois de sairmos de Fafe, vamos olhar de longe Teixeira de Pascoais em Amarante, para, de imediato seguirmos para Baião. Por lá, nos esperam pessoas bem preparadas para nos guiarem por todo um burgo que ama a cultura. Ao almoço, as ementas queirosianas serão o nossos repasto, onde o arroz de favas se fará anunciar a rigor e por quem de direito. Consolados e felizes, pegaremos na vontade e outros afins e vamos até à Casa de Eça de Queirós, onde faremos uma aperfeiçoada visita e onde escutaremos alguém que sabe muito do escritor realista. Se calhar, e porque vem mesmo a calhar, a personagem do romance, o Jacinto, é capaz de nos aparecer por lá e dizer tudo o que sabe acerca do romance onde habita. Claro que muitos outros pormenores irão ser tidos em conta. Já que o rio Douro, anda por ali, é preciso repara nele. E porque o realizador Manoel de Oliveira rodou o seu filme ”Francisca” naquelas bandas, e até sabemos de Camilo Castelo Branco e Agustina Bessa Luís, beberam inspiração naquelas penedias e casario, somos obrigados a esclarecer tudo isso. O leitor não acha que fazemos bem? Mais não digo, porque a surpresa o acaso também são imprescindíveis nestas coisas.

            E é assim, no dia 22 de Junho, Eça estará à nossa espera e nós iremos, com muito agrado, ao seu encontro, pois esta forma de fazer cultura exige esforços de todas as partes. Quando estivermos de volta, contarei o que por lá se passou. Promessa feita…

            Só mais um acrescento, que pode ser útil. Se algum dos caminheiros quiser levar o romance em causa, ou outro qualquer suporte fiável de Eça, para ver se não fugimos muito ao real imaginário do escritor, pode levá-lo à vontade. Se calhar até pode dar jeito. Quem sabe?

Carlos Afonso


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