Este evento cultural
contou com a participação do Coro de Pais e Amigos da Academia de Música José
Atalaya, magistralmente orientado pelo professor Tiago Ferreira, com o jovem
pianista Simão Neto e a jovem Ana Catarina Sampaio, na flauta transversal. Tanto
o Coro como os jovens músicos portaram-se à altura e foram maravilhosos nas
suas participações. De facto a cultura é bela e completa quando é feita com
alma e amor!
Foram várias as canções que se
ouviram: Gentil Lavadeira; Não tragais borzeguis pretos; Ay! Linda amiga; Guantanamera
e Siyahamba. Estes temas reportam-se a épocas e espaços diferentes, que vão desde
a música mais tradicional portuguesa, passando pelas cantigas renascentistas, a
canção tipicamente cubana e uma outra oriunda da África do Sul. Para além do
canto, foram declamadas as respectivas letras e o professor Tiago explicou de
uma forna elucidativa as respetivas abrangências destas composições.
«Era uma vez uma simples rosa que morava num pequeno canteiro sem graça. Ela
nascera naquele lugar enfadonho, porque uma ave qualquer ali deixara cair uma
semente por acaso. Depois de se tornar numa rosa sem graça, aroma e perfume, ali
permanecia dias inteiros, sempre triste, só e longe do olhar alegre dos homens.
Um dia, e já cansada de tanta indiferença, pediu à brisa suave da manhã que a
ajudasse a ser uma rosa como as outras: uma rosa bela, perfumada e cheia de
encanto.
Habituada a emprestar os seus sábios conselhos, a brisa da manhã sempre
disse à sua interlocutora que para ela se transformar numa bela e perfumada
rosa tinha de ser sujeita a uma dura e penosa prova. Ela tinha de ser colhida
ao fim da tarde, pelas mãos de uma bela donzela, e ser levada para um grande
salão onde pudesse escutar belas melodias e canções que falassem de amor,
encontros e saudade. Só depois de percorrer toda este preceito é que as musas
da poesia e da música a abençoariam e a tornariam bela, colorida e perfumada.
Conformada com as
palavras da brisa da manhã, e sem pensar duas vezes, a rosa deixou-se colher ao
fim da tarde por uma bela donzela que por ali passara e que a trouxe com as
suas próprias mãos para o maravilhoso Salão Nobre do Club Fafense, para que a
música e as canções a enchessem de graça. E porque o seu destino estava traçado,
a rosa escutou com todo o carinho a música e as canções que lhe eram dirigidas,
facto que a levou a transformar-se, logo de seguida, numa bela rosa repleta de
cor, perfume e encanto.»
A história já acabou, mas o que tenho
para vos dizer é que a dita rosa esteve na sexta-feira, dia 23 de Julho, no
evento cultural de que vos falei. E porque gosto de finais repletos de
fantasia, eu tive o privilégio de testemunhar a transformação da rosa da nossa
história. E tudo aconteceu porque o Coro de Pais e Amigos da Academia de Música
José Atalaia e os jovens músicos Simão Neto e Ana Catarina foram excelentes na
sua atuação. Parabéns para eles, pois a sua excelência salvou a simples rosa,
que nascera, sem que a culpa fosse sua, sem cor, perfume e beleza.
Carlos
Afonso
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