O Club
Fafense já nos habituou a momentos especiais, facto que nos leva a concluir que
este espaço acolhedor, e de referência para Fafe, já ganhou o estatuto de um centro
de cultura viva. Não admira por isso que a passada sexta-feira, dia 13, tivesse
sido mais um desses momentos de sorte para todos os que se deslocaram ao Club.
Na verdade, as circunstâncias colocaram-se em uníssono e os presentes tiveram a
possibilidade de escutar uma bela história entrelaçada com música, poesia,
palavras de circunstância, belas canções e uma simples rosa.
Este evento cultural
contou com a participação do Coro de Pais e Amigos da Academia de Música José
Atalaya, magistralmente orientado pelo professor Tiago Ferreira, com o jovem pianista
Simão Neto e a jovem Ana Catarina Sampaio na flauta transversal. Tanto o Coro
como os jovens músicos portaram-se à altura e foram maravilhosos nas suas
participações. De facto a cultura é bela e completa quando é feita com alma e
amor!
Foram várias as canções que se
ouviram: Gentil Lavadeira; Não tragais borzeguis pretos; Ay! Linda amiga;
Guantanamera e Siyahamba. Estes temas reportam-se a épocas e espaços
diferentes, que vão desde a música mais tradicional portuguesa, passando pelas
cantigas renascentistas, a canção tipicamente cubana e uma outra oriunda da
África do Sul. Para além do canto, foram declamadas as respectivas letras e o
professor Tiago explicou de uma forna elucidativa as respetivas abrangências
destas composições.
E porque este momento
poético/cultural estava intimamente associado a uma história da minha autoria,
pois o enquadramento tinha um fio condutor próprio e mágico, aqui fica o
respectivo texto.
«Era uma vez uma simples rosa que morava num pequeno canteiro sem graça.
Ela nascera naquele lugar enfadonho, porque uma ave qualquer ali deixara cair
uma semente por acaso. Depois de se tornar numa rosa sem graça, aroma e
perfume, ali permanecia dias inteiros, sempre triste, só e longe do olhar
alegre dos homens. Um dia, e já cansada de tanta indiferença, pediu à brisa
suave da manhã que a ajudasse a ser uma rosa como as outras: uma rosa bela,
perfumada e cheia de encanto.
Habituada a emprestar os seus sábios conselhos, a brisa da manhã sempre
disse à sua interlocutora que para ela se transformar numa bela e perfumada
rosa tinha de ser sujeita a uma dura e penosa prova. Ela tinha de ser colhida
ao fim da tarde, pelas mãos de uma bela donzela, e ser levada para um grande
salão onde pudesse escutar belas melodias e canções que falassem de amor,
encontros e saudade. Só depois de percorrer toda este preceito é que as musas
da poesia e da música a abençoariam e a tornariam bela, colorida e perfumada.
Conformada com as
palavras da brisa da manhã, e sem pensar duas vezes, a rosa deixou-se colher ao
fim da tarde por uma bela donzela que por ali passara e que a trouxe com as
suas próprias mãos para o maravilhoso Salão Nobre do Club Fafense, para que a
música e as canções a enchessem de graça. E porque o seu destino estava
traçado, a rosa escutou com todo o carinho a música e as canções que lhe eram
dirigidas, facto que a levou a transformar-se, logo de seguida, numa bela rosa
repleta de cor, perfume e encanto.»
A história já acabou, mas o que tenho
para vos dizer é que a dita rosa esteve na sexta-feira, dia 23 de Julho, no
evento cultural de que vos falei. E porque gosto de finais repletos de
fantasia, eu tive o privilégio de testemunhar a transformação da rosa da nossa
história. E tudo aconteceu porque o Coro de Pais e Amigos da Academia de Música
José Atalaia e os jovens músicos Simão Neto e Ana Catarina foram excelentes na
sua atuação. Parabéns para eles, pois a sua excelência salvou a simples rosa,
que nascera, sem que a culpa fosse sua, sem cor, perfume e beleza.
Carlos
Afonso
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