Passada mais
uma edição das Jornadas Literárias, a quinta, é com satisfação que digo, na minha modesta opinião, que o espírito inicial das jornadas se fez
mostrar. A escrita, a leitura e a criatividade entrelaçaram centenas de
pessoas, desde alunos, professores e população em geral, e a literatura espalhou-se
por diversos espaços do concelho de Fafe.
Nascidas em
2010, numa aula de Literatura Portuguesa, na Escola Secundária, com o objetivo
de promover e incentivar o estudo dos escritores fafenses, rapidamente as Jornadas
Literárias se redimensionaram e, de ano para ano, a sua fasquia foi mudando de
lugar. À literatura associou-se à etnografia e às tradições, e as Jornadas,
ditas literárias, converteram-se em verdadeiras jornadas culturais.
Todos sabemos
que a grandeza nem sempre favorece a perfeição, acabando, aqui e ali, por as
mensagens nem sempre se evidenciarem e até se atropelarem. Assim, em 2014, e
para que a qualidade acompanhasse a quantidade, achou-se por bem separar a
vertente literária das restantes tendências, e as 5ª Jornadas Literárias de
Fafe seguiram o seu rumo original.
Se nos espaços
culturais de Fafe, Biblioteca Municipal, Sala Manuel de Oliveira e
Teatro-Cinema, a literatura se associou à música, dança, pintura e outras
artes, para satisfação de quem usufruiu desses momentos, foi nas escolas do
concelho que as Jornadas mais sumo e eficácia exibiram. Concursos de poesia,
maratonas de leitura, contacto com escritores, oficinas de escrita, instantes
criativos, “peddypaper” literário, encontros poéticos, caminhadas de poesia,
poesia de rua e muitas outras realizações se deram a conhecer de uma maneira
bem positiva e frutífera.
No que a mim
diz respeito, assim como aos meus alunos de Literatura Portuguesa e de
Literaturas de Língua Portuguesa da Escola Secundária, posso dizer com toda a
convicção de que vivemos ativamente as 5ª Jornadas Literárias. Na verdade,
penso que a melhor maneira de sentir este tipo de iniciativas é participar e
trabalhar com todo o afinco e forças para o seu sucesso e utilidade. É pela
base que se começa a construção das grandes edificações, seguindo-se, só depois,
para os restantes patamares.
Tanto eu como
os meus alunos, ajudados e complementados por muitas outras pessoas,
envolvemo-nos com alma e coração nas nossas Jornadas e percorremos todos os
caminhos que havia a calcorrear. Semeamos, regamos, cuidamos, sofremos e já
estamos a colher os frutos desejados.
As Jornadas
Literárias de Fafe não podem, nem devem, ser encaradas como um trampolim para
algo que não lhe está no destino. Se elas forem encaradas de uma forma
desajustada e não percebida, mais cedo ou mais tarde, a seiva que as alimenta
deixará de correr e o ciclo encerra-se na noite do nada.
De todas as
iniciativas promovidas pelos meus alunos, enumero algumas que considero de
interesse considerável, não só para a sua realização como discentes, assim como
fundamentais para a sua formação como mulheres e homens de amanhã. O reinventar
o escritor Mia Couto levou-nos a desenvolver dezenas de atividades em parceria
com crianças e jovens de variadas idades. O organizar o 1º encontro de
escritores de Fafe revelou-se de uma importância enorme, não só pelo aproximar
de partes, como pelo desenvolver e fomentar a leitura e a escrita. O participar
em vários eventos culturais mais exigentes levou os meus alunos a sentirem-se
mais motivados e criativos. O estudar intensamente escritores fafenses e
nacionais enriqueceu e desenvolveu capacidades de análise e compreensão. Caminhar
lado a lado com a poesia pelas ruas de Fafe e outros espaços definidos trouxe incentivo,
alegria e amor pela poesia. O realizar
documentários, filmes e provas de escrita criativa facultou novos conhecimentos
e incrementou novas valências e formas de interpretar.
E foi de uma
forma trabalhosa e árdua, mas necessária e fascinante, que vivi, ao lado dos
meus alunos e muitos outros amantes da cultura, instantes enriquecedores e de
uma beleza indescritível.
Viver a
literatura exige vontade, necessidade, trabalho, amor e uma alma grande. Em
2015 cá estaremos para continuar a demanda literária e contribuir para o sucesso
das 6ª Jornadas Literárias de Fafe.
Para terminar,
apenas o seguinte. Tem valido a pena ajudar a construir a grande estrutura cultural
das Jornadas, ao lado de muitos e muitos amigos que acreditam, tal como eu, nos
valores da cultura, sempre imbuídos na crença de que todos juntos iremos mais
longe e seremos mais felizes.
Carlos Afonso
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