domingo, 10 de outubro de 2010

Em terras de Trás – os – Montes

Em terras de Trás-os-Montes,
Nasceram das raízes das figueiras
Histórias de certos homens
Que nas veias têm fontes,
Nos olhos agrestes montes
E nas mãos, muitas palavras,
Arrancadas das pedreiras
Que na vida se formaram.

Em terras de Trás-os-Montes,
Nasceram da correnteza das ribeiras
Histórias de certos homens
Que nas dores têm sangue,
Nas alegrias, quentes verões
E nos sonhos, rios de mosto
Bebidos em madrugadas
Que na esperança desaguaram.

Em terras de Trás-os-Montes,
Nasceram da força dos ventos
Histórias de Certos homens
Que no corpo têm o verde agarradiço das estevas,
Nos passos, a ânsia dos pardais
E na alma, a limpidez do azeite,
Colhida em Invernos
Que na terra crestada se afogaram.

Em Terras de Trás-os-Montes
Nasceram da rudeza dos carrascos
Histórias de certos homens
Que no peito têm o voo do tempo,
Na boca, os ais dos fraguedos
E no rosto, a fartura das sementes,
Enterradas em tardes de névoa
Que em doces flores se transformaram.

Carlos Afonso

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